NO CORAÇÃO DA FLORESTA AMAZÔNICA, ONDE O SOL BRINCA DE SE ESCONDER ENTRE AS FOLHAS ALTAS E OS RIOS CANTAM SUA MELODIA, VIVIA UMA TRIBO INDÍGENA CHAMADA YAWAR. ESSA TRIBO ERA CONHECIDA POR SUAS DANÇAS, CANTOS E PELA PROFUNDA LIGAÇÃO COM A NATUREZA. ENTRE ELES, HAVIA UM JOVEM GUERREIRO CHAMADO **RUDÁ**.

 

RUDÁ RECEBEU ESSE NOME EM HOMENAGEM AO ESPÍRITO DO AMOR E DOS SONHOS, QUE SEGUNDO AS TRADIÇÕES DA TRIBO, PROTEGIA OS CORAÇÕES DE TODOS OS QUE VIVIAM EM HARMONIA COM A NATUREZA. PORÉM, RUDÁ NÃO ERA APENAS UM JOVEM COMUM; ELE ERA UM GUERREIRO DESTEMIDO, ÁGIL COMO A ONÇA-PINTADA E TÃO FORTE QUANTO O RIO TAPAJÓS EM ÉPOCA DE CHEIA. DESDE PEQUENO, RUDÁ TINHA UMA MISSÃO: PROTEGER SUA ALDEIA E OS ESPÍRITOS DA FLORESTA DOS PERIGOS QUE SURGIAM.

 

A MISSÃO DE RUDÁ

 

UMA NOITE, ENQUANTO TODOS ESTAVAM REUNIDOS AO REDOR DA FOGUEIRA, OUVINDO AS HISTÓRIAS DOS ANCIÃOS, UM VELHO XAMÃ CHAMADO **KARAJÁ** SE SE LEVANTOU, SEUS OLHOS BRILHAVAM COMO DUAS ESTRELAS.

 

— IRMÃOS, EU TIVE UMA VISÃO — ANUNCIOU KARAJÁ, EM TOM SOLENE. — UM SER SOMBRIO, O **ANHANGÁ**, ESPÍRITO PROTETOR DOS ANIMAIS FERIDOS, ESTÁ FURIOSO. ELE FOI ENFEITIÇADO POR UM FEITICEIRO QUE DESEJA CONTROLAR A FLORESTA. SE NÃO FIZERMOS ALGO, TODA A VIDA DA MATA DESAPARECERÁ.

 

TODOS FICARAM EM SILÊNCIO, PREOCUPADOS. ENTÃO, RUDÁ SE SE LEVANTOU.

 

— EU IREI ATÉ ANHANGÁ E QUEBRAREI O FEITIÇO — DISSE O JOVEM GUERREIRO COM CONFIANÇA.

 

— PARA ISSO, PRECISARÁ DO **COLAR DE TUPÃ** — DISSE KARAJÁ. — ESTE COLAR POSSUI UM PEDAÇO DO ESPÍRITO DE TUPÃ, O DEUS DOS TROVÕES. COM ELE, VOCÊ TERÁ A FORÇA DE UM RAIO E A VELOCIDADE DO VENTO.

 

E ASSIM, COM O COLAR EM SEU PESCOÇO E A CORAGEM EM SEU CORAÇÃO, RUDÁ PARTIU EM SUA JORNADA, ADENTRANDO O PROFUNDO DA FLORESTA.

 

OS DESAFIOS DA FLORESTA

 

ENQUANTO CAMINHAVA, RUDÁ ENCONTROU UM **GUARIBA**, UM MACACO QUE PARECIA QUERER LHE DIZER ALGO. O ANIMAL O GUIOU ATÉ UM RIO ONDE AS ÁGUAS ESTAVAM TURVAS E FERVIAM COMO SE ESTIVESSEM ENVENENADAS. AO OBSERVAR, RUDÁ VIU UM GRUPO DE **CARANGUEJEIRAS GIGANTES** CAMINHANDO EM FILA. ELAS ERAM CONHECIDAS COMO MENSAGEIRAS DE ANHANGÁ, E ESTAVAM LEVANDO A MENSAGEM DE QUE O ESPÍRITO ESTAVA CORROMPIDO E PRECISAVA DE AJUDA.

 

RUDÁ SEGUIU O RASTRO DAS CARANGUEJEIRAS ATÉ UMA CAVERNA DE PEDRA QUE BRILHAVA COM LUZES MÍSTICAS. LÁ, ENCONTROU O FEITICEIRO MALVADO, JURUPARI, UM VELHO DE APARÊNCIA SOMBRIA, COM OLHOS VERMELHOS COMO BRASAS.

 

— O QUE FAZ AQUI, JOVEM? — ROSNOU JURUPARI. — A FLORESTA AGORA PERTENCE A MIM. COM O PODER DE ANHANGÁ, CONTROLAREI TODOS OS SERES DA MATA!

 

— NÃO DEIXAREI QUE ISSO ACONTEÇA — RESPONDEU RUDÁ, ERGUENDO O COLAR DE TUPÃ. — EU LIBERTO ANHANGÁ DO SEU FEITIÇO!

 

JURUPARI LANÇOU UM FEITIÇO CONTRA RUDÁ, FAZENDO COM QUE RAÍZES SAÍSSEM DO CHÃO PARA PRENDÊ-LO. MAS O JOVEM GUERREIRO, COM A FORÇA DO COLAR DE TUPÃ, QUEBROU AS RAÍZES E LANÇOU UMA FLECHA CERTEIRA CONTRA O FEITICEIRO. A FLECHA ERA FEITA DE PAU-BRASIL, UMA MADEIRA SAGRADA, ABENÇOADA PELOS ESPÍRITOS ANCESTRAIS.

 

QUANDO A FLECHA ATINGIU O FEITICEIRO, UMA EXPLOSÃO DE LUZ SE ESPALHOU PELA CAVERNA. O FEITIÇO FOI QUEBRADO, E ANHANGÁ APARECEU EM SUA FORMA VERDADEIRA: UM CERVO BRANCO COM OLHOS DE FOGO.

 

— VOCÊ ME LIBERTOU, JOVEM GUERREIRO — DISSE ANHANGÁ, COM UMA VOZ SUAVE E AGRADECIDA. — COMO POSSO RECOMPENSÁ-LO?

 

— APENAS QUERO A PAZ DE VOLTA PARA A MINHA TRIBO E A FLORESTA — RESPONDEU RUDÁ HUMILDEMENTE.

 

A VOLTA TRIUNFANTE

 

ANHANGÁ, TOCADO PELA BRAVURA E BONDADE DE RUDÁ, LHE DEU UM PRESENTE ESPECIAL: UMA PENA DE ARARA AZUL, SÍMBOLO DE PROTEÇÃO E FORÇA. COM ELA, RUDÁ PODERIA INVOCAR O ESPÍRITO DA AVE SEMPRE QUE PRECISASSE.

 

AO RETORNAR À ALDEIA, RUDÁ FOI RECEBIDO COM ALEGRIA E ADMIRAÇÃO. TODOS COMEMORARAM SUA VITÓRIA COM UMA GRANDE FESTA. AS CRIANÇAS CORRIAM AO SEU REDOR, QUERENDO OUVIR COMO ELE DERROTOU O FEITICEIRO, ENQUANTO OS ANCIÃOS CANTAVAM CANÇÕES DE AGRADECIMENTO AOS ESPÍRITOS DA FLORESTA.

 

KARAJÁ, O XAMÃ, SE APROXIMOU DE RUDÁ E COLOCOU A MÃO EM SEU OMBRO.

 

— VOCÊ, RUDÁ, É MAIS DO QUE UM GUERREIRO. VOCÊ É UM PROTETOR DA FLORESTA, UM HERÓI DE TODOS NÓS. QUE TUPÃ SEMPRE TE GUIE E QUE OS ESPÍRITOS DA MATA ESTEJAM AO SEU LADO.

 

O LEGADO DE RUDÁ

 

DESDE ENTÃO, RUDÁ CONTINUOU A PROTEGER SUA TRIBO E A FLORESTA. SEU NOME SE TORNOU UMA LENDA ENTRE OS POVOS INDÍGENAS, E SUA HISTÓRIA ERA CONTADA AO REDOR DAS FOGUEIRAS NAS NOITES ESTRELADAS.

 

E ASSIM, SEMPRE QUE O VENTO SUSSURRAVA ENTRE AS ÁRVORES, OS PÁSSAROS CANTAVAM OU O RIO CORRIA ALEGREMENTE, O POVO SABIA: ERA O ESPÍRITO DE RUDÁ, O GUERREIRO INVENCÍVEL, VIGIANDO E CUIDANDO DE SEU LAR SAGRADO.

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 11/11/2024
Código do texto: T8194574
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