A Sociedade: Poderes, segredos e escuridão - Capítulo piloto

O mundo já não era mais o mesmo, as guerras destruíram todas as belezas da Terra, o ser humano destruiu tudo que havia criado, sua sede por poder havia resultado nisso. E sobrou para nós, A Sociedade, cuidar de tudo que acontecia dali para frente. Era uma responsabilidade que nenhum de nós pediu para ter, algo que caiu como uma luva, que, mesmo sendo nós, os únicos capazes de lidar, ainda tínhamos o desgosto e desaprovação do restante, dos seres humanos.

Nossa luta, no princípio, era contra líderes que buscavam a destruição completa do mundo mas, depois de um tempo, descobrimos que nosso papel iria muito além disso. Todas aquelas crenças, religiões que antes eram desacreditadas, passaram a ser verdadeiras. O inimigo agora era outro, e ele tinha nome… Lúcifer.

Sabemos que nem sempre as coisas são como imaginamos, muitas vezes o desfecho é outro, segredos são bem escondidos e, por mais poder que você tenha, é muito difícil enxergar a verdadeira escuridão.

Bem vindos a A Sociedade: Poderes, segredos e escuridão.

Naquela noite fomos bombardeados, não sabíamos por quem e muito menos o porquê. Acordei em meio a escombros, não sabia direito onde estava, não conseguia nem sequer reconhecer que aquele era o meu quarto.

Vi minha irmã, já sem vida, esmagada pela parede que ficava ao lado de sua cama. Naquele momento não sabia o que sentir, um vazio que nunca havia sentido me tomou, não conseguia entender o que estava acontecendo. Em um misto de desespero e raiva, consegui levantar as pedras gigantescas que repousavam sobre ela. Não sei como fui capaz, não tenho ideia até hoje.

Segurei seu corpo já desfalecido e tentei acordá-la, mesmo sabendo que ela já não poderia mais voltar para mim. Por que, eu me pergunto?! POR QUÊ?!?! POR QUE LOGO EU?! POR QUÊ CARALHOS EU?! Naquele momento eu apaguei, tudo que eu enxergava se tornou escuridão, a última coisa que lembro vagamente são vozes dizendo para eu deixar o controle e nada mais que isso.

Como se meses tivessem passado, acordei em um local desconhecido, não tinha ideia do que estava acontecendo, minhas roupas todas sujas de sangue, na minha boca um sabor estranho e o que eu julguei ser um pedaço de pele humana. Eu simplesmente não sabia o que caralhos estava acontecendo.

*Em outro local*

- SARA!

Escuto Abraham me avisando de longe, mas logo sinto que é tarde demais, assim tomando uma pancada na cabeça. Tudo fica escuro, sinto meu sangue escorrendo de trás da minha cabeça. Finalmente chegou o momento? Eu só queria…

- שרה, תני לי את ידך. – Uma voz fala comigo, conheço essa voz. Uriel.

- Sara, me dê sua mão. – Meu corpo não tem mais forças para levantar o braço, mas sinto minha alma efetuando o mesmo ato. Uma luz me domina.

*Abraham*

Uma explosão de luz surge, é tão forte que se não fecho meus olhos temo que posso perder a visão. Consigo ouvir Nathanael chegando para o apoio, não sei se ele conseguiria derrotar esses demônios, mesmo com sua imortalidade. É a primeira vez que enfrentamos criaturas tão fortes e sombrias como essas.

- Corre pra pegar a Sara! – mesmo em meio a tantos sons, sei que ele pode me ouvir. E ele me ouve.

Estou longe de tudo, afinal, não tenho poderes, apenas uma pistola que sei muito bem que não adianta contra esses demônios desgraçados. Penso em me arriscar e tentar ajudar de perto, mas logo que tomo a iniciativa, vejo Sara levantando do chão. Ela levita emanando luz, seus olhos mais ardentes que o próprio Sol, é como se ela… É como se ela tivesse… Como se ela tivesse sido possuída por um anjo. Uriel, seu desgraçado.

A névoa dominante agora começa a se dissipar, a única coisa visível é Sara no ar, soltando magias pela mão na direção dos demônios. É amedrontador ver esse estado de poder dela, mas também muito animador. Talvez consigamos ganhar, Irmão.

Aproveito para checar os arredores já sabendo que ela tem tudo sob controle, talvez eu ache mais alguns mestiços para levar até a sede, nesse momento quanto mais membros tivermos melhor preparados estaremos para o que pode vir daqui pra frente. Eu jamais conseguiria imaginar como as coisas seriam logo depois de conhecer a Sara, mas com toda a certeza, tudo isso que está acontecendo nunca passaria pela minha mente.

*Theodore*

- Consegue sentir isso? – uma voz dentro de mim me pergunta.

- Sim, consigo – respondo para o nada, mas sabendo que ele me ouviu.

Não muito longe daqui (por algum motivo consigo determinar a distância) consigo sentir três criaturas estranhas, dois mestiços e mais alguém que não fica muito claro para mim o que seria. Estranho.

Ir até lá não vale a pena, sei que só vou me incomodar e as respostas que preciso encontrar não é lá que vou achar. Eu preciso saber o que aconteceu e o que está acontecendo.

*No submundo*

- Meu Senhor, trago notícias.

- Fale.

- O plano foi iniciado e o protótipo já demonstra melhora desde o último mesmo em pouco tempo.

- Não chame ele assim.

- Perdão, meu Senhor.

- E o último não temos nada a ver com ele, foi ele lá em cima que aprisionou alguns de nós dentro daquele pobre coitado.

- Perdão novamente, Senhor.

- Bom, talvez agora ele possa ser de uso para nós. Faça com que os dois se encontrem.

- Para já, Senhor.

- Ainda iremos nos encontrar, meu filho.