ERA UMA VEZ, EM UMA FLORESTA EXUBERANTE DA AUSTRÁLIA, UM COALA CHAMADO KAI. DIFERENTE DOS OUTROS COALAS, QUE GOSTAVAM DE TOMAR LONGOS BANHOS EM RIACHOS DE ÁGUA CRISTALINA, KAI ODIAVA TUDO QUE ENVOLVIA ÁGUA E SABÃO. SÓ DE PENSAR EM MOLHAR OS PELOS, ELE JÁ SE ARREPIAVA E TORCIA O FOCINHO.

 

"TOMAR BANHO É DESNECESSÁRIO!" — ELE SEMPRE DIZIA, CONVENCIDO DE QUE ESTAVA CERTO. "AFINAL, POR QUE DEVERIA EU ME LAVAR, SE SOU UM COALA E VIVO NO MEIO DA NATUREZA? NÃO VEJO NINGUÉM LAVANDO AS ÁRVORES OU AS PEDRAS."

 

SUA TEIMOSIA COMEÇOU A SE TORNAR UM PROBLEMA. KAI NUNCA QUERIA SE LAVAR E, COM O TEMPO, ACUMULOU TANTA SUJEIRA QUE SUA PELAGEM CINZA E FOFINHA FICOU AMARRONZADA E GRUDENTA. ELE PARECIA MAIS UM PEDAÇO DE LAMA AMBULANTE DO QUE UM COALA. ALÉM DISSO, O CHEIRO QUE EMANAVA DELE ERA MUITO DESAGRADÁVEL, A PONTO DE TODOS OS OUTROS ANIMAIS DA FLORESTA SE AFASTAREM.

 

NA ESCOLA, NINGUÉM QUERIA SENTAR-SE PERTO DE KAI. OS OUTROS COALAS, CANGURUS E WOMBATS, TORCIAM O NARIZ QUANDO ELE SE APROXIMAVA. "LÁ VEM O COALA SUJO!", ELES COCHICHAVAM. KAI, PORÉM, NÃO SE IMPORTAVA MUITO, E CONTINUAVA REPETINDO SUA FRASE FAVORITA: "TOMAR BANHO É UMA PERDA DE TEMPO!"

 

EM CASA, A SITUAÇÃO NÃO ERA DIFERENTE. SEUS PAIS, A CADA DIA, TENTAVAM CONVENCÊ-LO. "KAI, VOCÊ PRECISA TOMAR UM BANHO! OLHE PARA VOCÊ, SEU PELO ESTÁ DURO COMO PEDRA, E O CHEIRO... OH, O CHEIRO!"

 

MAS KAI SEMPRE RESPONDIA: "ESTOU PERFEITAMENTE BEM. NÃO PRECISO DE BANHO!"

 

ATÉ QUE UM DIA, ALGO INESPERADO ACONTECEU. DURANTE A AULA DE ARTE NA ESCOLA, KAI ESTAVA TÃO SUJO QUE, AO TENTAR PINTAR UM QUADRO, SUA PRÓPRIA SUJEIRA GRUDOU NO PINCEL, MISTURANDO-SE ÀS TINTAS. O DESENHO QUE ELE TANTO QUERIA FAZER FICOU TODO BORRADO, E O PROFESSOR, QUE ERA UM VELHO E SÁBIO CANGURU CHAMADO SR. SALTADOR, OLHOU PARA ELE COM TRISTEZA.

 

"KAI, MEU RAPAZ," DISSE O SR. SALTADOR COM GENTILEZA, "NÃO CONSIGO ENTENDER POR QUE VOCÊ EVITA TANTO O BANHO. A SUJEIRA NÃO É SUA AMIGA, ALÉM DISSO, ELA ESTÁ COMEÇANDO A ATRAPALHAR SUA VIDA. VEJA SEU QUADRO, O QUE PODERIA SER UMA BELA OBRA DE ARTE AGORA ESTÁ CHEIO DE MANCHAS E BORRÕES. TUDO PORQUE VOCÊ ESTÁ SUJO."

 

KAI OLHOU PARA O QUADRO E, PELA PRIMEIRA VEZ, SENTIU UM APERTO NO CORAÇÃO. ELE ADORAVA PINTAR, E PERCEBER QUE SUA SUJEIRA ESTAVA ESTRAGANDO ALGO DE QUE GOSTAVA TANTO O FEZ REFLETIR. SERÁ QUE SEUS COLEGAS E SUA FAMÍLIA ESTAVAM CERTOS, AFINAL?

 

NAQUELE MESMO DIA, ENQUANTO VOLTAVA PARA CASA, ELE COMEÇOU A PRESTAR ATENÇÃO AO SEU REDOR. NOTOU COMO OS OUTROS COALAS BRINCAVAM JUNTOS, ROLANDO NAS FOLHAS LIMPAS E PENDURANDO-SE NOS GALHOS DAS ÁRVORES, ENQUANTO ELE PERMANECIA SEMPRE ISOLADO. O CHEIRO DE EUCALIPTO DAS ÁRVORES CONTRASTAVA FORTEMENTE COM O CHEIRO DESAGRADÁVEL QUE ELE SABIA QUE VINHA DELE PRÓPRIO. SEUS AMIGOS PODIAM ESTAR RINDO E SE DIVERTINDO, MAS ELE SE SENTIA SEMPRE SOZINHO.

 

ASSIM QUE CHEGOU EM CASA, ALGO MUITO INESPERADO ACONTECEU. KAI NOTOU UMA NUVEM DE MOSCAS AO REDOR DE SI. ELAS PARECIAM ATRAÍDAS POR SUA SUJEIRA, E, AGORA, MESMO ELE COMEÇOU A SENTIR-SE INCOMODADO.

 

"TALVEZ... SÓ TALVEZ... TOMAR BANHO NÃO SEJA TÃO RUIM ASSIM," PENSOU KAI, COÇANDO A CABEÇA.

 

NO DIA SEGUINTE, SUA MÃE, JÁ CANSADA DE TANTAS DISCUSSÕES, FEZ UMA PROPOSTA: "KAI, SE VOCÊ TENTAR TOMAR UM BANHO APENAS UMA VEZ, E SE NÃO GOSTAR, PROMETO QUE NÃO VAMOS INSISTIR MAIS. O QUE ACHA?"

 

KAI HESITOU, MAS ALGO DENTRO DELE DIZIA QUE TALVEZ FOSSE HORA DE MUDAR. COM UM SUSPIRO PROFUNDO, ELE FINALMENTE CONCORDOU. SUA MÃE PREPAROU UMA BANHEIRA CHEIA DE ÁGUA MORNA E ESPUMA DE SABÃO, PERFUMADA COM UM SUAVE AROMA DE EUCALIPTO, SEU CHEIRO FAVORITO.

 

QUANDO KAI MERGULHOU AS PATAS NA ÁGUA, SENTIU ALGO DIFERENTE. O CALOR ERA RECONFORTANTE, E A ESPUMA FAZIA CÓCEGAS EM SUA PELE. LENTAMENTE, ELE SE DEIXOU SUBMERGIR MAIS FUNDO, ATÉ QUE ESTAVA COMPLETAMENTE COBERTO DE ÁGUA E SABÃO. SUA MÃE ESFREGAVA DELICADAMENTE O PELO EMARANHADO, E KAI FOI FICANDO CADA VEZ MAIS RELAXADO.

 

"ATÉ QUE NÃO É TÃO RUIM..." MURMUROU ELE, SURPREENDIDO.

 

QUANDO SAIU DA BANHEIRA, KAI MAL PODIA ACREDITAR NA TRANSFORMAÇÃO. SUA PELAGEM, ANTES DURA E SUJA, AGORA ESTAVA LIMPA, MACIA E BRILHANTE. O CHEIRO DESAGRADÁVEL DESAPARECERA, SUBSTITUÍDO POR UM AROMA FRESCO E AGRADÁVEL. ELE SE OLHOU NO ESPELHO E, PELA PRIMEIRA VEZ EM MUITO TEMPO, SORRIU.

 

NO DIA SEGUINTE, NA ESCOLA, NINGUÉM RECONHECEU KAI DE IMEDIATO. ELE ESTAVA TÃO LIMPO E COM UM CHEIRO TÃO AGRADÁVEL QUE SEUS COLEGAS SE PERGUNTAVAM QUEM ERA AQUELE NOVO COALA. QUANDO PERCEBERAM QUE ERA O "COALA SUJO", FICARAM TODOS ESPANTADOS.

 

"UAU, KAI! VOCÊ ESTÁ TÃO DIFERENTE!" — EXCLAMOU LILA, UMA COALA COM QUEM ELE NUNCA CONVERSAVA MUITO. "AGORA PODEMOS BRINCAR JUNTOS, SEM NINGUÉM SE AFASTAR."

 

E FOI ASSIM QUE KAI, O COALA QUE ODIAVA TOMAR BANHO, PERCEBEU QUE A LIMPEZA NÃO ERA UMA TORTURA, MAS SIM ALGO QUE TORNAVA SUA VIDA MAIS ALEGRE E SOCIÁVEL. A PARTIR DAQUELE DIA, ELE TOMOU GOSTO PELOS BANHOS, E, SEMPRE QUE PODIA, CONVIDAVA SEUS AMIGOS PARA BRINCAREM NOS RIACHOS DA FLORESTA.

 

E ASSIM, O COALA QUE UM DIA ERA CONHECIDO POR SEU CHEIRO RUIM E SUA TEIMOSIA, SE TORNOU UM EXEMPLO NA FLORESTA, MOSTRANDO A TODOS QUE, ÀS VEZES, É PRECISO TENTAR ALGO NOVO PARA DESCOBRIR QUE PODE SER MUITO MELHOR DO QUE IMAGINÁVAMOS.

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 19/10/2024
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