ERA UMA VEZ, NUMA PEQUENA E ACONCHEGANTE CASA NO ALTO DE UMA COLINA, VIVIAM O VOVÔ TELECO E A VOVÓ LILICA. ELES JÁ ESTAVAM BEM VELHINHOS, MAS O CORAÇÃO DELES BATIA FORTE SEMPRE QUE VIAM A ALEGRIA DA GAROTADA CORRENDO PELO VILAREJO. O INVERNO CHEGOU TRAZENDO CONSIGO MONTANHAS DE NEVE FOFA, COBRINDO OS TELHADOS E FORMANDO UM MANTO BRANCO QUE SE ESTENDIA POR TODO O VALE. NESSAS TARDES FRIAS DE INVERNO, O QUE O VOVÔ TELECO MAIS AMAVA FAZER ERA FICAR EM PÉ JUNTO À GRANDE JANELA DA SALA, AO LADO DA VOVÓ LILICA, ESPIANDO A CRIANÇADA BRINCANDO LÁ FORA.

 

A JANELA ERA O LUGAR FAVORITO DELES, PRINCIPALMENTE NO INVERNO. ELA ERA LARGA E ALTA, COM CORTINAS DE CROCHÊ FEITAS PELA VOVÓ LILICA E UMA MOLDURA DE MADEIRA POLIDA QUE O VOVÔ TELECO TINHA CONSTRUÍDO COM SUAS PRÓPRIAS MÃOS QUANDO ERA MAIS JOVEM. DE LÁ, PODIAM VER A NEVE CAIR SUAVEMENTE, FORMANDO PEQUENOS MONTES NOS GALHOS DAS ÁRVORES E COBRINDO OS CAMPOS COMO UM COBERTOR.

 

O VOVÔ TELECO COLOCAVA SEUS ÓCULOS REDONDINHOS, AJEITAVA O CACHECOL XADREZ E FICAVA LÁ, DE PÉ, COM AS MÃOS PARA TRÁS, BALANÇANDO LEVEMENTE ENQUANTO OBSERVAVA A ANIMAÇÃO DO LADO DE FORA. A VOVÓ LILICA FICAVA AO SEU LADO, SEMPRE COM UM SORRISO NO ROSTO, ABRAÇANDO UM XALE DE LÃ FEITO À MÃO.

 

– VEJA SÓ, LILICA – DIZIA O VOVÔ TELECO. – AQUELE ALI É O PEDRINHO! ELE ESTÁ TENTANDO FAZER UMA BOLA DE NEVE MAIOR QUE ELE MESMO!

 

A VOVÓ LILICA DAVA UMA RISADINHA, COM SUA VOZ SUAVE E ACOLHEDORA:

 

– AH, TELECO, VEJA A ANINHA, ELA ESTÁ CHAMANDO A IRMÃ PARA FAZER UM ANJO NA NEVE! QUE GRACINHA!

 

E ASSIM PASSAVAM AS TARDES, OBSERVANDO CADA CRIANÇA, CADA RISADA E CADA BRINCADEIRA. HAVIA ALGO MÁGICO EM ASSISTIR A NEVE CAINDO ENQUANTO O CALOR DO LAR OS ENVOLVIA.

 

CERTO DIA, UMA VENTANIA FORTE COMEÇOU A BATER NAS JANELAS, E A NEVE DANÇAVA NO AR COMO SE ESTIVESSE BRINCANDO TAMBÉM. AS CRIANÇAS CORRERAM, COM AS BOCHECHAS VERMELHINHAS, PARA FORMAR UM GRANDE BONECO DE NEVE. ELES COLOCARAM UM CHAPÉU VELHO E UM CACHECOL, E LOGO O BONECO GANHOU VIDA NA IMAGINAÇÃO DA CRIANÇADA. VOVÔ TELECO, COM SEUS OLHOS BRILHANDO DE ALEGRIA, OLHOU PARA A VOVÓ LILICA.

 

– LEMBRA QUANDO FIZEMOS NOSSO PRIMEIRO BONECO DE NEVE, LILICA? – PERGUNTOU ELE, NOSTÁLGICO.

 

– COMO PODERIA ESQUECER, TELECO? – RESPONDEU ELA, COM UM SORRISO CALOROSO. – COLOCAMOS O MEU CHAPÉU FAVORITO NELE! EU FIQUEI FURIOSA, MAS DEPOIS RI TANTO QUE MEU CORAÇÃO FICOU AQUECIDO PELO RESTO DO INVERNO.

 

OS DOIS RIRAM JUNTOS, ABRAÇANDO AS LEMBRANÇAS ANTIGAS COMO SE FOSSEM PRESENTES NOVOS.

 

MAS HAVIA ALGO DIFERENTE NAQUELA TARDE. O VENTO, QUE ANTES APENAS ASSOBIAVA PELAS FRESTAS DA JANELA, PARECEU SUSSURRAR ALGO NOVO PARA O VOVÔ TELECO. ELE SE VIROU PARA A VOVÓ LILICA COM UMA EXPRESSÃO CURIOSA.

 

– LILICA... E SE NÓS DESCÊSSEMOS LÁ? – PERGUNTOU ELE, DE REPENTE. – FAZ TANTO TEMPO QUE NÃO BRINCAMOS NA NEVE!

 

A VOVÓ LILICA FICOU SURPRESA POR UM MOMENTO, MAS LOGO SEU ROSTO SE ILUMINOU COM UMA EXPRESSÃO TRAVESSA.

 

– ORA, TELECO, VOCÊ ESTÁ ME CONVIDANDO PARA UMA BRINCADEIRA?

 

SEM ESPERAR MAIS, O VOVÔ TELECO PEGOU O CHAPÉU QUE ESTAVA PENDURADO NA PORTA, AJEITOU O CACHECOL E ESTENDEU A MÃO PARA A VOVÓ LILICA. ELA, COM O CORAÇÃO LEVE COMO A NEVE LÁ FORA, PEGOU SEU CASACO, PRENDEU O CABELO COM UM LAÇO E JUNTOS SAÍRAM PELA PORTA.

 

AS CRIANÇAS, AO VEREM OS DOIS VELHINHOS ANDANDO EM DIREÇÃO A ELAS, FICARAM MARAVILHADAS. ERA RARO VER O VOVÔ TELECO E A VOVÓ LILICA FORA DE CASA DURANTE O INVERNO. QUANDO ELES CHEGARAM AO CAMPO, UM SILÊNCIO DE EXPECTATIVA TOMOU CONTA DO GRUPO. O QUE SERÁ QUE OS DOIS FARIAM?

 

– VAMOS FAZER UM BONECO DE NEVE? – PERGUNTOU O VOVÔ TELECO, SORRINDO PARA AS CRIANÇAS.

 

AS CRIANÇAS GRITARAM DE ALEGRIA, E LOGO TODOS ESTAVAM AJUDANDO. O VOVÔ TELECO, MESMO COM AS MÃOS TRÊMULAS PELA IDADE, COMEÇOU A MOLDAR A NEVE COM A MESMA HABILIDADE DE ANTIGAMENTE, E A VOVÓ LILICA RIU COMO UMA MENINA, JOGANDO NEVE PARA O ALTO E AJUDANDO A DECORAR O BONECO COM BOTÕES E GRAVETOS.

 

QUANDO O SOL COMEÇOU A SE PÔR, O CAMPO ESTAVA CHEIO DE BONECOS DE NEVE. AS CRIANÇAS SE DESPEDIRAM, VOLTANDO PARA SUAS CASAS COM O ROSTO VERMELHO DE FRIO E O CORAÇÃO AQUECIDO PELA ALEGRIA DAQUELE DIA.

 

VOVÔ TELECO E VOVÓ LILICA VOLTARAM PARA CASA DEVAGAR, LADO A LADO, SEUS ROSTOS ILUMINADOS PELAS LUZES SUAVES QUE VINHAM DAS JANELAS. AO ENTRAR NA CASA, ELES VOLTARAM PARA SEU LUGAR JUNTO À JANELA. MAS, DESTA VEZ, O VOVÔ TELECO OLHOU LÁ PARA FORA COM UM SENTIMENTO DIFERENTE.

 

– ACHO QUE AGORA TEMOS MAIS UMA BOA LEMBRANÇA PARA NOS AQUECER NESTE INVERNO – DISSE ELE, APERTANDO A MÃO DA VOVÓ LILICA.

 

E ASSIM, SEMPRE QUE OLHAVAM PELA JANELA NAS TARDES FRIAS DE INVERNO, ELES NÃO APENAS VIAM AS CRIANÇAS BRINCANDO, MAS TAMBÉM LEMBRAVAM DA VEZ QUE, APESAR DE SEUS CABELOS BRANCOS, SE JUNTARAM À BRINCADEIRA COMO SE FOSSEM CRIANÇAS NOVAMENTE.

 

E ASSIM, A JANELA DO VOVÔ CONTINUAVA SENDO O PORTAL MÁGICO PARA AS HISTÓRIAS DE ONTEM, DE HOJE E DE SEMPRE.

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 14/10/2024
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