ERA UMA VEZ UMA GAIVOTA CHAMADA TABATA, CONHECIDA ENTRE TODAS AS CRIATURAS DO CÉU E DA TERRA COMO A GUARDIÃ DA LUZ. ELA NÃO ERA UMA GAIVOTA COMUM; SUAS ASAS, QUANDO ABERTAS, PARECIAM TOCAR AS NUVENS E AS ESTRELAS, E SEU CORAÇÃO ERA TÃO VASTO QUANTO O HORIZONTE. ELA SIMBOLIZAVA A LIBERDADE, VOANDO ENTRE O MAR E O CÉU, SENDO MENSAGEIRA DAS ÁGUAS PROFUNDAS E DO FIRMAMENTO, CONDUZINDO SEGREDOS DO VENTO PARA AQUELES QUE ESTIVESSEM DISPOSTOS A OUVIR. MAS, ACIMA DE TUDO, SHEILA DETINHA UM GRANDE TESOURO: A LUZ DO DIA. 

 

A LUZ ERA MÁGICA, CAPAZ DE AQUECER OS CORAÇÕES MAIS FRIOS E ILUMINAR AS ALMAS MAIS SOMBRIAS. ELA GUARDAVA ESSA LUZ COM EXTREMO CUIDADO DENTRO DE UMA PEQUENA CAIXA, FEITA DE CONCHAS DO MAR E PENAS DOURADAS. A CAIXA ERA EXCLUSIVAMENTE SUA, UM SEGREDO QUE NINGUÉM, ALÉM DELA, CONHECIA. TODAS AS MANHÃS, ELA ABRIA A CAIXA E DEIXAVA QUE A LUZ SE ESPALHASSE PELO CÉU, BANHANDO A TERRA COM CALOR E ESPERANÇA. AO ANOITECER, RECOLHIA A LUZ DE VOLTA PARA A CAIXA, GARANTINDO QUE A NOITE TROUXESSE O DESCANSO NECESSÁRIO.

 

TABATA AMAVA SEU PAPEL DE GUARDIÃ, MAS ÀS VEZES, AO OLHAR PARA AS TERRAS DISTANTES, VIA PESSOAS E ANIMAIS CAMINHANDO EM SOMBRAS PROFUNDAS. EMBORA SOUBESSE O QUANTO A LUZ ERA PRECIOSA, EM SEU CORAÇÃO ALGO A INQUIETAVA: ELA DESEJAVA COMPARTILHÁ-LA. “SE AO MENOS EU PUDESSE LEVAR ESSA LUZ A TODOS ELES…”, PENSAVA, “O MUNDO SERIA UM LUGAR MAIS CHEIO DE ALEGRIA.”

 

UM DIA, ENQUANTO ELA SOBREVOAVA AS ÁGUAS CRISTALINAS DO MAR, UMA FIGURA ESCURA E ASTUTA CHAMOU SUA ATENÇÃO. ERA O CORVO, UMA CRIATURA SÁBIA, MAS TAMBÉM CONHECIDA POR SUA ASTÚCIA E ESPERTEZA. O CORVO OBSERVAVA TABATA HÁ MUITO TEMPO E SABIA DO SEGREDO DA LUZ. ELE TAMBÉM CONHECIA A ESPERANÇA QUE ELA PODERIA TRAZER PARA A HUMANIDADE. ENTÃO, COM O CORAÇÃO CHEIO DE BOAS INTENÇÕES, MAS UM PLANO TRAIÇOEIRO, ELE DECIDIU QUE ERA HORA DE AGIR.

 

“QUERIDA TABATA”, DISSE O CORVO, POUSANDO SUAVEMENTE EM UMA ROCHA PRÓXIMA. “POR QUE GUARDAS PARA TI A LUZ? NÃO VÊS COMO AS SOMBRAS CRESCEM SOBRE A TERRA? AS PESSOAS PODERIAM SE AQUECER E VIVER EM PAZ SE COMPARTILHASSES ESSE BRILHO COM TODOS.”

 

TABATA, DESCONFIADA, OLHOU PARA ELE. “A LUZ É PODEROSA, CORVO. E SE ELA CAIR NAS MÃOS ERRADAS? E SE O MUNDO NÃO SOUBER USÁ-LA COM SABEDORIA?”

 

“AH, TABATA”, RESPONDEU O CORVO COM UMA VOZ SUAVE E PERSUASIVA. “EU VEJO ALÉM DAS NUVENS, ALÉM DAS MONTANHAS, E O QUE VEJO É ESPERANÇA. A LUZ NÃO PERTENCE A UM SÓ CORAÇÃO, MAS A TODOS QUE PRECISAM DELA.”

 

ELA PENSOU POR UM MOMENTO, SEU CORAÇÃO DIVIDIDO ENTRE O DESEJO DE PROTEGER E O DESEJO DE COMPARTILHAR. MAS ENQUANTO REFLETIA, O CORVO, COM SUA ASTÚCIA, APROXIMOU-SE SORRATEIRAMENTE DA CAIXA QUE ELA TRAZIA PENDURADA EM SEU PESCOÇO. COM UM RÁPIDO MOVIMENTO DE SUAS GARRAS, ELE CONSEGUIU ROUBÁ-LA E VOOU RAPIDAMENTE EM DIREÇÃO AO HORIZONTE.

 

ASSUSTADA E TOMADA PELO DESESPERO, TABATA VOOU ATRÁS DELE, MAS O CORVO ERA VELOZ. ELE SE AFASTAVA CADA VEZ MAIS, ATÉ QUE, EM UM IMPULSO, ABRIU A CAIXA NO CÉU. A LUZ, LIBERTADA, SE ESPALHOU POR TODA PARTE, ENCHENDO O MUNDO COM SEU BRILHO QUENTE E DOURADO. PELA PRIMEIRA VEZ, A LUZ DO DIA PERTENCIA A TODOS.

 

TABATA POUSOU EXAUSTA NA BEIRA DE UMA MONTANHA, OBSERVANDO O MUNDO ABAIXO SER BANHADO POR AQUELA LUZ RADIANTE. E, APESAR DA TRAIÇÃO DO CORVO, ELA NÃO CONSEGUIU CONTER UM SORRISO. A HUMANIDADE FINALMENTE TINHA O QUE ELA SONHAVA EM COMPARTILHAR: A LUZ. NO ENTANTO, UMA LÁGRIMA SOLITÁRIA ESCORREU DE SEU OLHO, NÃO DE TRISTEZA, MAS DE UMA MISTURA DE ALÍVIO E SAUDADE, POIS SABIA QUE SEU PAPEL COMO GUARDIÃ TINHA MUDADO PARA SEMPRE.

 

E FOI ASSIM QUE TABATA A GAIVOTA DA LIBERDADE E MENSAGEIRA DO CÉU, CHOROU SUAS LÁGRIMAS SOBRE O OCEANO. DIZEM QUE, ATÉ HOJE, SUAS LÁGRIMAS SE TRANSFORMAM EM PÉROLAS QUE AS ONDAS TRAZEM ATÉ A PRAIA. E CADA VEZ QUE UMA GAIVOTA VOA AO AMANHECER, É ELA, LEMBRANDO QUE, MESMO QUE A LUZ AGORA PERTENÇA AO MUNDO, ELA SEMPRE SERÁ UMA PARTE DO CÉU, DA TERRA E DA ALMA DAQUELES QUE BUSCAM A ESPERANÇA.

 

E O CORVO NUNCA MAIS FOI VISTO CARREGANDO A CAIXA DA LUZ, MAS VOA AINDA PELOS CÉUS, ESPALHANDO A MENSAGEM DE QUE A ESPERANÇA, COMO A LUZ, PERTENCE A TODOS QUE TÊM CORAGEM DE ACREDITAR NELA.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 10/10/2024
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