SHEILA ERA UMA GAROTA SOLITÁRIA. MORAVA PERTO DO MAR, EM UMA PEQUENA CASA DE MADEIRA QUE RANGIA COM O VENTO, E PASSAVA SEUS DIAS OBSERVANDO AS ONDAS QUEBRAREM NA AREIA. ENQUANTO AS OUTRAS CRIANÇAS BRINCAVAM JUNTAS, SHEILA PREFERIA FICAR SOZINHA, OLHANDO O HORIZONTE DISTANTE, ONDE O CÉU SE ENCONTRAVA COM O OCEANO. ELA SONHAVA COM LIBERDADE, COM A VASTIDÃO ALÉM DAQUELE LUGAR TÃO PEQUENO E SILENCIOSO.

 

UM DIA, ENQUANTO SHEILA CAMINHAVA PELA PRAIA, AVISTOU UMA GAIVOTA DE PLUMAGEM BRANCA E BRILHANTE QUE PARECIA DIFERENTE DAS OUTRAS. A GAIVOTA A OBSERVAVA COM OLHOS ATENTOS, COMO SE CONHECESSE SEUS SEGREDOS MAIS PROFUNDOS. AO CONTRÁRIO DAS OUTRAS AVES, QUE LOGO VOAVAM PARA LONGE, ESTA SE APROXIMOU DE SHEILA, POUSANDO DELICADAMENTE AO SEU LADO.

 

INTRIGADA, SHEILA SENTOU-SE NA AREIA E ESTENDEU A MÃO PARA A GAIVOTA. “VOCÊ TAMBÉM ESTÁ SOZINHA?”, ELA SUSSURROU. A GAIVOTA NÃO SE MOVEU, MAS INCLINOU A CABEÇA COMO SE ESTIVESSE OUVINDO.

 

COM O PASSAR DOS DIAS, A GAIVOTA CONTINUAVA A ENCONTRAR SHEILA NA PRAIA. ELAS PASSAVAM HORAS JUNTAS, EM SILÊNCIO, OBSERVANDO O MAR E O CÉU. SHEILA SENTIA QUE AQUELA GAIVOTA MISTERIOSA NÃO ERA APENAS UMA AVE COMUM, MAS ALGO MAIS. HAVIA UMA CONEXÃO INEXPLICÁVEL ENTRE ELAS, COMO SE A GAIVOTA FOSSE UMA PARTE DELA, UM REFLEXO DE SEUS DESEJOS MAIS PROFUNDOS. A GAROTA SENTIA QUE A AVE TRAZIA CONSIGO UM SEGREDO, ALGO QUE ELA AINDA NÃO CONSEGUIA ENTENDER.

 

UMA MANHÃ, ENQUANTO O SOL NASCIA, SHEILA NOTOU ALGO DIFERENTE. A GAIVOTA CARREGAVA UMA PEQUENA CAIXA BRILHANTE, FEITA DE CONCHAS E PENAS DOURADAS. SHEILA NUNCA TINHA VISTO NADA TÃO BONITO. “O QUE É ISSO?” ELA PERGUNTOU, SEUS OLHOS BRILHANDO DE CURIOSIDADE.

 

A GAIVOTA POUSOU A CAIXA DIANTE DE SHEILA E, COM UM OLHAR PROFUNDO, ABRIU SUAS ASAS EM DIREÇÃO AO CÉU. DE DENTRO DA CAIXA, UMA LUZ SUAVE E QUENTE COMEÇOU A EMERGIR, ILUMINANDO TUDO AO REDOR. SHEILA FICOU MARAVILHADA, SENTINDO O CALOR DAQUELA LUZ ENCHER SEU CORAÇÃO DE ESPERANÇA.

 

A GAIVOTA, COM UM OLHAR SOLENE, FECHOU A CAIXA COM CUIDADO. SHEILA ENTENDEU ENTÃO QUE AQUELA LUZ NÃO ERA ALGO COMUM. ERA MÁGICA, ALGO QUE A GAIVOTA PROTEGIA COM ZELO. MAS ELA TAMBÉM SABIA QUE AQUELA LUZ PODERIA MUDAR O MUNDO. DURANTE MUITO TEMPO, A GAIVOTA GUARDAVA A LUZ APENAS PARA SI, MAS AGORA PARECIA QUE HAVIA ALGO MAIS A SER FEITO.

 

ENQUANTO REFLETIA, UM CORVO APARECEU NO CÉU, POUSANDO PRÓXIMO ÀS DUAS. ELE OLHOU PARA SHEILA E PARA A GAIVOTA COM UMA EXPRESSÃO ASTUTA. “POR QUE ESSA LUZ É GUARDADA?”, PERGUNTOU ELE, SUA VOZ ECOANDO COMO O VENTO. “ELA PERTENCE AO MUNDO. PODE TRAZER ALEGRIA E ESPERANÇA PARA TODOS, NÃO DEVERIA SER ESCONDIDA.”

 

SHEILA, QUE TAMBÉM SENTIA A DOR DA SOLIDÃO, OLHOU PARA A GAIVOTA. “ELE TEM RAZÃO”, DISSE SUAVEMENTE. “A LUZ PODE TRAZER FELICIDADE PARA MUITOS. TALVEZ SEJA HORA DE COMPARTILHÁ-LA.”

 

A GAIVOTA A ENCAROU POR UM LONGO MOMENTO, E SHEILA VIU A TRISTEZA EM SEUS OLHOS. MESMO SENDO LIVRE PARA VOAR PELO CÉU, A GAIVOTA, COMO ELA, TAMBÉM ESTAVA SOZINHA, PRESA AO DEVER DE GUARDAR A LUZ. ANTES QUE A GAIVOTA PUDESSE RESPONDER, O CORVO, RÁPIDO E ASTUTO, AGARROU A CAIXA E VOOU PARA LONGE, EM DIREÇÃO AO HORIZONTE.

 

SHEILA GRITOU, MAS O CORVO JÁ ESTAVA LONGE. JUNTO DA GAIVOTA, ELA CORREU PELA PRAIA, TENTANDO ALCANÇÁ-LO. QUANDO FINALMENTE PARARAM, OFEGANTES, VIRAM O CORVO ABRIR A CAIXA NO ALTO DO CÉU. A LUZ ESCAPOU DE DENTRO DELA E SE ESPALHOU POR TODO O MUNDO, ENCHENDO OS CAMPOS, AS MONTANHAS E OS MARES COM SEU BRILHO DOURADO.

 

SHEILA OLHOU PARA A GAIVOTA AO SEU LADO. EM VEZ DE TRISTEZA, A AVE PARECIA ALIVIADA. SHEILA PERCEBEU QUE, EMBORA A LUZ NÃO ESTIVESSE MAIS SOB SUA PROTEÇÃO, AGORA PERTENCIA A TODOS. O MUNDO HAVIA SE ILUMINADO, E COM ELE, A SOLIDÃO QUE AMBAS SENTIAM COMEÇOU A DESAPARECER.

 

LÁGRIMAS ESCORRERAM DOS OLHOS DE SHEILA ENQUANTO A GAIVOTA, SILENCIOSA, OLHAVA PARA ELA. ERAM LÁGRIMAS DE ALEGRIA E DE ALÍVIO, POR SABER QUE, FINALMENTE, O MUNDO COMPARTILHAVA DAQUELA LUZ QUE ANTES ESTAVA TRANCADA. E AO SENTIR ISSO, SHEILA TAMBÉM SENTIU QUE SUA ALMA ESTAVA MAIS LEVE, QUE A SOLIDÃO NÃO ERA MAIS TÃO PESADA.

 

A GAIVOTA, COM UM BATER DE ASAS SUAVE, LEVANTOU VOO. SHEILA FICOU OBSERVANDO ENQUANTO ELA DESAPARECIA NO CÉU, SABENDO QUE, MESMO SOZINHA, NUNCA ESTARIA REALMENTE PERDIDA. A LUZ AGORA ESTAVA EM TODOS OS LUGARES, E EM SEU CORAÇÃO.

 

E DIZEM QUE, ATÉ HOJE, QUANDO O SOL NASCE NO HORIZONTE, SHEILA E A GAIVOTA SE ENCONTRAM NAS PRIMEIRAS HORAS DA MANHÃ, ONDE O CÉU TOCA O MAR, LEMBRANDO-SE DE QUE A LUZ E A ESPERANÇA PERTENCEM A TODOS AQUELES QUE TÊM CORAGEM DE ACREDITAR.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 10/10/2024
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