ERA UMA TARDE TRANQUILA NA FLORESTA, E O SOL SE PUNHA DEVAGAR, TINGINDO O CÉU DE LARANJA E DOURADO. RAIO DE TROVÃO, UMA JOVEM ÍNDIA DA ALDEIA, CAMINHAVA SILENCIOSAMENTE ENTRE AS ÁRVORES, SENTINDO O CHEIRO DOCE DAS FLORES E OUVINDO O CANTO SUAVE DOS PÁSSAROS. SEU NOME, DADO PELOS ANCIÃOS, ERA EM HOMENAGEM À SUA BELEZA PODEROSA E À FORÇA QUE ELA CARREGAVA DENTRO DE SI. SEUS LONGOS CABELOS NEGROS BRILHAVAM COMO A NOITE E SEUS OLHOS RELUZIAM COMO ESTRELAS, SEMPRE ATENTOS À VIDA AO SEU REDOR.

 

ENQUANTO ELA ANDAVA ADMIRANDO AS PLANTAS E OUVINDO O SUSSURRO DO VENTO, SENTIU ALGO ESTRANHO. DE REPENTE, UM ZUNIDO PERTURBADOR ECOOU PERTO DE SEU OUVIDO. ERA UM SOM IRRITANTE, INSISTENTE, QUE PARECIA DANÇAR AO REDOR DE SUA CABEÇA. ERA UM PERNILONGO, MAS NÃO UM PERNILONGO COMUM. ESTE ERA DIFERENTE, COMO SE TIVESSE SURGIDO DO NADA, VINDO DE UM CANTO VAZIO E SOMBRIO DA FLORESTA.

 

RAIO DE TROVÃO TENTOU IGNORAR O INSETO, ACHANDO QUE ELE LOGO SE CANSARIA E IRIA EMBORA. MAS NÃO! O PERNILONGO ABELHUDO PARECIA DETERMINADO A PERTURBÁ-LA. SEU ZUNIDO FICOU CADA VEZ MAIS ALTO, ECOANDO NOS OUVIDOS DA JOVEM ÍNDIA. RAIO DE TROVÃO SACUDIU A CABEÇA, BALANÇOU OS CABELOS, MAS O PERNILONGO ERA ÁGIL E ESPERTO, DESVIANDO DE SEUS MOVIMENTOS COM FACILIDADE.

 

— QUE PERNILONGO MAIS TEIMOSO! — DISSE ELA, FRUSTRADA.

 

ELA TENTOU SE CONCENTRAR NA PAZ DA FLORESTA, MAS O PERNILONGO NÃO A DEIXAVA EM PAZ. ELE ZUMBIA E ZUMBIA, COMO SE QUISESSE CHAMAR ATENÇÃO PARA ALGO. RAIO DE TROVÃO COMEÇOU A SE PERGUNTAR SE AQUILO ERA SÓ UMA COINCIDÊNCIA. A FLORESTA ESTAVA MAIS SILENCIOSA DO QUE O NORMAL. ERA COMO SE TODOS OS OUTROS SONS ESTIVESSEM SUMIDO, RESTANDO APENAS O IRRITANTE PERNILONGO.

 

DE REPENTE, ELA PAROU. SENTIU UM CALAFRIO PERCORRER SUA PELE. O VENTO HAVIA MUDADO, SOPRANDO MAIS FRIO E FORTE. AS FOLHAS DAS ÁRVORES COMEÇARAM A BALANÇAR, E NUVENS ESCURAS COMEÇARAM A SE FORMAR NO CÉU.

 

— SERÁ QUE ESSE PERNILONGO ESTÁ TENTANDO ME AVISAR DE ALGO? — PENSOU RAIO DE TROVÃO.

 

ELA OLHOU PARA O CÉU E SENTIU UMA PRESSÃO NO AR. UM TROVÃO DISTANTE ECOOU, E ELA PERCEBEU QUE UMA TEMPESTADE SE APROXIMAVA RAPIDAMENTE. O PERNILONGO ABELHUDO CONTINUAVA A ZUNIR EM SEUS OUVIDOS, MAS AGORA RAIO DE TROVÃO COMPREENDIA: O PEQUENO INSETO, DE ALGUMA FORMA, ESTAVA TENTANDO ALERTÁ-LA.

 

— ENTENDI AGORA — DISSE ELA, OLHANDO PARA O PERNILONGO. — VOCÊ NÃO É APENAS UM INCÔMODO, ESTÁ ME AVISANDO DO PERIGO QUE VEM AÍ!

 

COM UM SORRISO, RAIO DE TROVÃO AGRADECEU SILENCIOSAMENTE AO INSETO E COMEÇOU A CORRER DE VOLTA PARA SUA ALDEIA. O ZUNIDO IRRITANTE AINDA A ACOMPANHAVA, MAS AGORA SOAVA DIFERENTE, COMO UM LEMBRETE PARA SE APRESSAR. AO CHEGAR À ALDEIA, ELA AVISOU A TODOS SOBRE A TEMPESTADE QUE ESTAVA PRESTES A DESABAR SOBRE ELES. OS GUERREIROS RAPIDAMENTE SE MOBILIZARAM PARA PROTEGER AS CABANAS E OS ALIMENTOS DA CHUVA FORTE QUE SE APROXIMAVA.

 

POUCOS MINUTOS DEPOIS, A TEMPESTADE CAIU COM FORÇA, MAS TODOS ESTAVAM SEGUROS, GRAÇAS AO AVISO INUSITADO DO PEQUENO PERNILONGO ABELHUDO.

 

QUANDO A TEMPESTADE PASSOU E O CÉU CLAREOU NOVAMENTE, RAIO DE TROVÃO SAIU DE SUA CABANA E OLHOU PARA A FLORESTA. ELA SORRIU AO LEMBRAR-SE DE COMO AQUELE PEQUENINO SER TINHA SALVADO SUA ALDEIA.

 

— ÀS VEZES, OS AVISOS VÊM DE ONDE MENOS ESPERAMOS — DISSE ELA, COM UM BRILHO NOS OLHOS.

 

E, DESDE AQUELE DIA, RAIO DE TROVÃO NUNCA MAIS OLHOU PARA OS PERNILONGOS DA MESMA MANEIRA. SEMPRE QUE OUVIA O FAMILIAR ZUNIDO, ELA SORRIA, LEMBRANDO-SE QUE, MESMO OS MENORES SERES DA FLORESTA TÊM ALGO A NOS ENSINAR.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 07/10/2024
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