ERA UMA VEZ, NUM CANTINHO ENSOLARADO À BEIRA DE UM MAR AZUL E TRANQUILO, UM GALO MUITO ESPECIAL CHAMADO ZÉ GALO. ELE ERA DIFERENTE DE TODOS OS OUTROS GALOS QUE SE VIAM POR AÍ. SUAS PENAS ERAM NEGRAS COMO O CÉU DA NOITE, COM PONTAS LARANJAS QUE BRILHAVAM COMO O SOL. E ZÉ GALO ERA O REI DO QUINTAL DA CASA DE PRAIA ONDE VIVIA, SEMPRE CISCANDO AQUI E ALI, E CANTANDO BEM CEDO TODAS AS MANHÃS. MAS, EMBORA SUA VIDA FOSSE TRANQUILA E CHEIA DE SOL, ZÉ GALO SENTIA QUE FALTAVA ALGO... OU ALGUÉM.

 

UM CERTO DIA, ENQUANTO ELE CISCAVA DESPREOCUPADO PELA AREIA DO QUINTAL, ALGO DIFERENTE ACONTECEU. AO LEVANTAR A CABEÇA E OLHAR PARA O MAR, ZÉ GALO AVISTOU UMA CENA QUE FEZ SEU CORAÇÃO BATER MAIS RÁPIDO DO QUE NUNCA. LÁ, NAS ÁGUAS CRISTALINAS, NADAVA **ZEFA TUBARÃO**.

 

ZEFA ERA UM TUBARÃO FÊMEA COM UMA BELEZA QUE ZÉ GALO NUNCA HAVIA IMAGINADO. SEU CORPO CORTAVA AS ONDAS COM TANTA ELEGÂNCIA QUE PARECIA ESTAR DANÇANDO COM O MAR. SEUS OLHOS BRILHAVAM COMO ESTRELAS DO MAR, E SEUS DENTES, EMBORA GRANDES E AFIADOS, BRILHAVAM À LUZ DO SOL COMO PÉROLAS. ERA UMA VISÃO DE ENCHER OS OLHOS E O CORAÇÃO DO NOSSO GALO AVENTUREIRO. ELE FICOU TÃO ENCANTADO QUE PAROU O QUE ESTAVA FAZENDO E CORREU PARA A BEIRA DO MAR.

 

COM AS PENAS TODAS ARREPIADAS DE EMOÇÃO, ELE ABRIU O BICO E CHAMOU COM ENTUSIASMO:

 

— EI, DONA ZEFA! QUE NADO MARAVILHOSO VOCÊ TEM! VOCÊ NADA COMO UMA BAILARINA DAS ÁGUAS!

 

ZEFA TUBARÃO OUVIU AQUELA VOZ ALEGRE E OLHOU AO REDOR, PROCURANDO DE ONDE VINHA. ELA ENTÃO EMERGIU, LEVANTANDO A CABEÇA FORA D’ÁGUA, E AVISTOU AQUELE GALO DE PENAS BRILHANTES NA PRAIA. ZEFA, COM SEU SORRISO DE TUBARÃO, ABRIU UM SORRISO LARGO — UM SORRISO QUE PODIA PARECER ASSUSTADOR PARA ALGUNS, MAS QUE, PARA ZÉ GALO, ERA SIMPLESMENTE LINDO!

 

— ORA, QUEM É VOCÊ, GALINHO? NUNCA VI ALGUÉM TÃO COLORIDO POR AQUI! EU SOU ZEFA, A RAINHA DOS MARES! E VOCÊ, QUEM É?

 

ZÉ GALO DEU UM PASSO ADIANTE, BATENDO AS ASINHAS E SE CURVANDO NUM CUMPRIMENTO RESPEITOSO:

 

— EU SOU ZÉ GALO, O CANTOR MAIS AFINADO DESSAS TERRAS DE AREIA E SOL! MAS ME DIGA, ZEFA, COMO VOCÊ CONSEGUE NADAR COM TANTA GRAÇA? NUNCA VI NADA IGUAL!

 

ZEFA SORRIU, ENCANTADA COM O JEITO CHARMOSO DE ZÉ GALO, E DEU UM PULO NA ÁGUA, COMEÇANDO A MOSTRAR SUAS HABILIDADES MARINHAS. ELA FEZ PIRUETAS, MERGULHOS PROFUNDOS, SALTOS ALTOS E ATÉ DEU UMA VOLTA COMPLETA NO AR ANTES DE VOLTAR PARA A ÁGUA. CADA MOVIMENTO ERA ACOMPANHADO DE UMA RISADA BRILHANTE DE ZEFA E UM APLAUSO ENTUSIASMADO DE ZÉ GALO, QUE BATIA SUAS ASAS COM TANTO GOSTO QUE A AREIA SUBIA PELO AR.

 

— BRAVO! BRAVO! — ZÉ GALO GRITAVA, TODO EMPOLGADO. — VOCÊ É MESMO A RAINHA DO MAR!

 

DEPOIS DE TANTOS GIROS E SALTOS, ZEFA NADOU ATÉ A BORDA, ONDE AS ONDAS BEIJAVAM A AREIA, E OLHOU FIXAMENTE PARA ZÉ GALO.

 

— E VOCÊ, ZÉ? ME MOSTRA O QUE VOCÊ SABE FAZER! APOSTO QUE TAMBÉM TEM UM TALENTO ESPECIAL! — DISSE ZEFA, ANIMADA.

 

ZÉ GALO, QUE NUNCA FUGIA DE UM DESAFIO, DEU UNS PASSINHOS DE DANÇA COM SUAS PATAS, LIMPOU A GARGANTA E, DE REPENTE, SOLTOU UM "COCORICÓ!" TÃO ALTO E AFINADO QUE O SOM ECOOU PELA PRAIA, CHEGANDO ATÉ AS ONDAS MAIS DISTANTES. SEU CANTO ERA TÃO FORTE E MELODIOSO QUE ATÉ OS PEIXINHOS NO FUNDO DO MAR PARARAM PARA ESCUTAR. ZEFA, MARAVILHADA, BATEU SUAS NADADEIRAS NA ÁGUA COM FORÇA, ESPALHANDO RESPINGOS POR TODOS OS LADOS.

 

— UAU, ZÉ! QUE VOZ MARAVILHOSA! EU NUNCA OUVI NADA ASSIM! VOCÊ CANTA COMO SE ESTIVESSE CHAMANDO O SOL PARA BRILHAR MAIS FORTE! — ELOGIOU ZEFA, COM UM SORRISO AINDA MAIOR. — VOCÊ NÃO SÓ É O REI DO QUINTAL, MAS TAMBÉM É O REI DA MÚSICA!

 

DAQUELE DIA EM DIANTE, ZÉ GALO E ZEFA TUBARÃO SE TORNARAM INSEPARÁVEIS. TODAS AS MANHÃS, ZÉ GALO CORRIA ATÉ A BEIRA DO MAR E CANTAVA SUA MÚSICA MAIS BONITA PARA ACORDAR O DIA, E ZEFA RESPONDIA COM SUAS ACROBACIAS MARINHAS, DANÇANDO E RODOPIANDO ENTRE AS ONDAS PARA ALEGRAR O CORAÇÃO DO SEU AMIGO GALO. E, SEMPRE QUE O SOL SE PUNHA, ELES SE ENCONTRAVAM PARA CONVERSAR E CONTAR HISTÓRIAS: ZÉ GALO CONTAVA SOBRE SUAS AVENTURAS NO QUINTAL, CORRENDO ATRÁS DE BORBOLETAS E GRILOS, ENQUANTO ZEFA FALAVA SOBRE AS PROFUNDEZAS DO OCEANO, SOBRE AS BALEIAS AMIGAS E AS ESTRELAS-DO-MAR QUE BRILHAVAM LÁ NO FUNDO.

 

APESAR DE SEREM TÃO DIFERENTES — UM VIVIA EM TERRA FIRME E A OUTRA NAS ÁGUAS PROFUNDAS — ZÉ GALO E ZEFA TUBARÃO DESCOBRIRAM QUE O QUE IMPORTAVA NÃO ERA ONDE VIVIAM OU COMO ERAM, MAS SIM A AMIZADE E O CARINHO QUE COMPARTILHAVAM. ZEFA AMAVA O CANTO ALEGRE DE ZÉ, E ZÉ NÃO SE CANSAVA DE VER AS INCRÍVEIS ACROBACIAS DE ZEFA NO MAR.

 

UM DIA, ZÉ GALO, OLHANDO O MAR COM OLHOS SONHADORES, PERGUNTOU:

 

— ZEFA, VOCÊ ACHA QUE É POSSÍVEL UM GALO E UM TUBARÃO SEREM TÃO AMIGOS, MESMO SENDO TÃO DIFERENTES?

 

ZEFA, QUE FLUTUAVA TRANQUILAMENTE NAS ÁGUAS, OLHOU PARA ELE COM SEUS OLHOS GENTIS E DISSE:

 

— CLARO QUE SIM, ZÉ. O MAR E A TERRA SÃO DIFERENTES, MAS SE ENCONTRAM SEMPRE NA PRAIA, NÃO É? E NÓS, BEM, SOMOS COMO A PRAIA E O OCEANO, SEMPRE JUNTOS, APESAR DE ESTARMOS EM MUNDOS DIFERENTES. A AMIZADE NÃO CONHECE LIMITES!

 

ZÉ GALO SORRIU, COM O CORAÇÃO CHEIO DE ALEGRIA, E CANTOU MAIS UMA VEZ, DESTA VEZ UMA CANÇÃO ESPECIAL, SÓ PARA ZEFA. E ASSIM, ENTRE CANTOS E ACROBACIAS, O GALO DE PENAS PRETAS E LARANJAS E A TUBARÃO DE SORRISO AFIADO VIVERAM FELIZES, MOSTRANDO QUE O AMOR E A AMIZADE PODEM SURGIR NOS LUGARES MAIS INESPERADOS, ATÉ MESMO ENTRE UM GALO E UM TUBARÃO.

 

E FOI ASSIM QUE, NAQUELA PRAIA MÁGICA, O CÉU, A TERRA E O MAR SE ENCONTRARAM, UNIDOS PELA AMIZADE MAIS INUSITADA E BONITA QUE JÁ SE VIU.

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 07/10/2024
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