HORIZONTE PROFUNDO

Em um dia ensolarado, Loki, o deus nórdico da trapaça e travessuras, decidiu fazer uma pausa em suas travessuras habituais e saiu em uma jornada pela Terra. Seu destino era o Amapá, um lugar onde as florestas densas e os rios caudalosos guardavam segredos e histórias. Ao chegar em Laranjal do Jari, Loki se deparou com um local peculiar: um setor da prefeitura onde deuses e humanos trabalhavam juntos em harmonia, formando um órgão chamado CMT (Conselho de Mútua Ternura).

Loki observou por dias, intrigado com a amizade e a parceria que floresciam entre aqueles seres. A união era tão forte que quase parecia mágica, algo que ele, o deus da trapaça, não poderia suportar. Com um sorriso travesso, decidiu que era hora de semear a discórdia. Ele começou a sussurrar intrigas nos ouvidos dos trabalhadores, despertando o egoísmo, a ira e a desconfiança.

Seu primeiro ato de sabotagem foi danificar o retrovisor da viatura que todos usavam. Em um intervalo entre os turnos, com um toque sutil de seu dedo, ele criou um problema que rapidamente se tornaria uma fonte de conflito. Quando a nova equipe chegou e notou o defeito, a acusação fluiu como um veneno: "Foi a equipe anterior!", disseram, sem hesitar. A equipe acusada, por sua vez, defendeu-se, dizendo que eram inocentes. Assim, Loki havia lançado sua semente de desavença, e a discórdia começou a se espalhar como fogo em palha seca.

As discussões e disputas rapidamente escalaram, atingindo não apenas os deuses, mas também os humanos que trabalhavam com eles. O ambiente de harmonia e fraternidade foi substituído por gritos e acusações. Loki, escondido nas sombras, observava com um brilho maligno nos olhos, alimentando-se da destruição da paz que havia sido construída.

A divisão se alastrou, rompendo laços que antes pareciam indestrutíveis. As famílias dos trabalhadores começaram a sentir os efeitos da discórdia. As reuniões festivas, os piqueniques e as confraternizações se tornaram memórias distantes, substituídas por silêncios pesados e olhares desconfiados. As esposas e filhos sentiram a tensão, e a harmonia que antes reinava nas casas foi substituída por um clima de desconfiança e amargura.

Enquanto isso, Loki se tornava mais forte, alimentando-se da destruição que deixava para trás. Ele sabia que sua missão estava apenas começando. A cegueira e a anarquia se aproximavam no horizonte, e ele se preparava para seguir seu caminho, deixando um rastro de inimizades e injustiças. O mundo estava pronto para ser moldado por sua mão, e ele estava ansioso para continuar suas travessuras, espalhando a discórdia por onde passasse.

A CMT, uma vez um símbolo de união e amizade, agora era apenas um campo de batalha de egos feridos e desavenças. Loki sorriu, satisfeito com seu trabalho, sabendo que a verdadeira natureza da humanidade e dos deuses era revelada nas fraquezas que ele havia explorado. E assim, ele seguiu seu caminho, enquanto o caos se instalava, deixando a escuridão da desunião se alastrar como uma sombra sobre Laranjal do Jari.