ERA UMA VEZ, NUM PEQUENO VILAREJO NO MEIO DO DESERTO, UM HOMEM MUITO BONDOSO CHAMADO MUSTAFÁ. ELE ERA UM VELHINHO DE CORAÇÃO PURO, MAS MUITO SIMPLES, QUE VIVIA EM SUA CASINHA DE BARRO COM POUCOS PERTENCES. UM DIA, ENQUANTO CAMINHAVA POR UM MERCADO CHEIO DE BARRACAS COLORIDAS E CHEIROS DELICIOSOS, MUSTAFÁ TROPEÇOU EM ALGO BRILHANTE NA AREIA. ERA UMA LÂMPADA ANTIGA, DOURADA, TODA CHEIA DE POEIRA. INTRIGADO, ELE A PEGOU E DECIDIU LIMPÁ-LA, ESFREGANDO-A SUAVEMENTE.

 

DE REPENTE, UMA NUVEM DE FUMAÇA AZUL COMEÇOU A SAIR DA LÂMPADA, E PUM! DIANTE DELE SURGIU UM GÊNIO GIGANTESCO! ELE TINHA OLHOS VERMELHOS BRILHANTES E UM SORRISO MISTERIOSO.

 

— OBRIGADO POR ME LIBERTAR, MUSTAFÁ! — DISSE O GÊNIO, COM UMA VOZ ROUCA E ASSUSTADORA. — COMO RECOMPENSA, VOCÊ TERÁ TRÊS DESEJOS. O QUE QUER PEDIR?

 

MUSTAFÁ FICOU SURPRESO E FELIZ AO MESMO TEMPO. TRÊS DESEJOS! O QUE ELE PODERIA QUERER? COM UM SORRISO NO ROSTO, O BONDOSO VELHINHO RESPONDEU:

 

— OH, QUERIDO GÊNIO, EU GOSTARIA DE TER UMA CASA MAIOR PARA RECEBER MEUS AMIGOS E VIZINHOS COM MAIS CONFORTO!

 

O GÊNIO RIU DE FORMA ESTRANHA E ESTALOU OS DEDOS. POF!  NUM INSTANTE, A CASINHA DE MUSTAFÁ SE TRANSFORMOU NUM ENORME PALÁCIO, CHEIO DE SALAS LUXUOSAS E MÓVEIS DOURADOS. MAS HAVIA UM PROBLEMA: O PALÁCIO ERA TÃO GRANDE QUE MUSTAFÁ NÃO CONSEGUIA MAIS ENCONTRAR SEUS AMIGOS! TODOS PENSARAM QUE ELE TINHA SE TORNADO RICO E VAIDOSO DEMAIS PARA QUERER A COMPANHIA DELES. TRISTE, O VELHO MUSTAFÁ PASSOU SEUS DIAS SOZINHO.

 

— HUMM... ESSE GÊNIO NÃO PARECE TÃO BOM QUANTO EU PENSEI — MURMUROU MUSTAFÁ, PERCEBENDO O PROBLEMA.

 

MESMO ASSIM, ELE DECIDIU TENTAR DE NOVO. AFINAL, AINDA TINHA DOIS DESEJOS.

 

— GÊNIO, EU DESEJO SER MUITO RICO, ASSIM POSSO AJUDAR AS PESSOAS POBRES DO VILAREJO! — DISSE MUSTAFÁ, CHEIO DE BOAS INTENÇÕES.

 

— COMO DESEJAR, MUSTAFÁ! — RESPONDEU O GÊNIO COM UM SORRISO MALICIOSO, ESTALANDO OS DEDOS MAIS UMA VEZ.

 

DE REPENTE, SACOS E MAIS SACOS DE OURO SURGIRAM AO REDOR DE MUSTAFÁ. MAS, JUNTO COM O OURO, SURGIRAM LADRÕES! ELES FICARAM SABENDO DA RIQUEZA E COMEÇARAM A APARECER DE TODOS OS CANTOS, TENTANDO ROUBAR TUDO O QUE ELE TINHA. MUSTAFÁ FICOU TÃO OCUPADO TENTANDO PROTEGER SEU TESOURO QUE NÃO TEVE TEMPO DE AJUDAR NINGUÉM. E, PARA PIORAR, AS PESSOAS COMEÇARAM A VÊ-LO COMO UM HOMEM GANANCIOSO, QUE SÓ PENSAVA EM SI MESMO.

 

DESESPERADO, MUSTAFÁ PERCEBEU QUE SEUS DESEJOS ESTAVAM SE TRANSFORMANDO EM PROBLEMAS, E QUE O GÊNIO, NA VERDADE, NÃO ERA BONDOSO COMO ELE IMAGINAVA.

 

AGORA SÓ RESTAVA UM ÚLTIMO DESEJO. MUSTAFÁ PENSOU MUITO ANTES DE FALAR COM O GÊNIO NOVAMENTE.

 

— GÊNIO... EU... EU DESEJO... QUE TUDO VOLTE A SER COMO ERA ANTES! — PEDIU, COM OS OLHOS CHEIOS DE LÁGRIMAS. ELE SÓ QUERIA SUA VIDA SIMPLES DE VOLTA, COM SEUS AMIGOS E SUA CASINHA PEQUENA, MAS FELIZ.

 

O GÊNIO SORRIU AINDA MAIS MALDOSAMENTE.

 

— COMO DESEJAR, MUSTAFÁ! — E ESTALOU OS DEDOS PELA ÚLTIMA VEZ.

 

NUM PISCAR DE OLHOS, O PALÁCIO DESAPARECEU, O OURO SUMIU, E MUSTAFÁ ESTAVA DE VOLTA À SUA PEQUENA CASA. MAS O VILAREJO NÃO ERA MAIS O MESMO. AS PESSOAS AINDA ACHAVAM QUE ELE ERA GANANCIOSO, E SEUS AMIGOS NÃO QUERIAM MAIS CONVERSAR COM ELE, ACREDITANDO QUE ELE SÓ PENSAVA EM RIQUEZAS E VAIDADES.

 

COM O CORAÇÃO APERTADO, MUSTAFÁ PERCEBEU QUE SEUS DESEJOS TINHAM SIDO MOTIVADOS POR BOAS INTENÇÕES, MAS O GÊNIO DO MAL OS TRANSFORMOU EM EGOÍSMO E GANÂNCIA. O POBRE VELHO APRENDEU QUE, ÀS VEZES, O QUE MAIS QUEREMOS PODE NOS AFASTAR DO QUE REALMENTE IMPORTA: O AMOR E A AMIZADE VERDADEIRA.

 

E ASSIM, MUSTAFÁ VOLTOU A VIVER SUA VIDA SIMPLES, MAS AGORA COM UM IMPORTANTE ENSINAMENTO: NEM TODOS OS DESEJOS PRECISAM SER REALIZADOS PARA QUE SEJAMOS FELIZES.