ERA UMA VEZ, NUM LAGO CRISTALINO E CERCADO POR LINDAS FLORES, UM SAPO CHAMADO ALFE. MAS ALFE NÃO ERA UM SAPO COMUM. ELE SE ACHAVA O MAIS BELO DE TODOS OS SAPOS QUE JÁ EXISTIRAM! SUA PELE VERDE BRILHANTE, SEUS OLHOS GRANDES E REDONDOS E SUA VOZ QUE RIBOMBAVA PELO PÂNTANO ERAM, SEGUNDO ELE, PERFEITOS. ELE GOSTAVA TANTO DE SUA APARÊNCIA QUE, TODOS OS DIAS, PASSAVA HORAS ADMIRANDO SEU REFLEXO NA ÁGUA.
AS RÃS DO LAGO E ATÉ ALGUMAS BORBOLETAS JÁ HAVIAM SE APROXIMADO DE ALFE, MOSTRANDO INTERESSE EM SER SUAS AMIGAS, MAS ELE AS DESPREZAVA COM ARROGÂNCIA. “VOCÊS NÃO SÃO DIGNAS DE MIM”, DIZIA, COM UM OLHAR SUPERIOR. “AFINAL, QUEM PODE SER TÃO LINDO QUANTO EU?”
OS DIAS PASSAVAM, E ALFE CONTINUAVA SOLITÁRIO, MAS SEM SE IMPORTAR. ELE ACREDITAVA QUE, UM DIA, UMA CRIATURA À SUA ALTURA VIRIAM SE ENCANTAR COM SUA BELEZA. ATÉ QUE, CERTO DIA, ENQUANTO SE OLHAVA MAIS UMA VEZ NO LAGO, ALGO DIFERENTE ACONTECEU.
QUANDO ALFE OLHOU PARA SEU REFLEXO, ELE NÃO VIU O SAPO DE SEMPRE. NO LUGAR DO SAPO, APARECEU UM PRÍNCIPE! UM JOVEM DE ROSTO ENCANTADOR, CABELOS DOURADOS, VESTES MAJESTOSAS E OLHAR BONDOSO. ALFE FICOU MARAVILHADO.
— QUEM É ESSE NO MEU REFLEXO? — PERGUNTOU ALFE, SEM ENTENDER.
O PRÍNCIPE DO OUTRO LADO DO LAGO SORRIU, COMO SE SOUBESSE EXATAMENTE O QUE ALFE ESTAVA PENSANDO. O SAPO COMEÇOU A SE ENCANTAR MAIS E MAIS COM O QUE VIA. ELE PENSAVA QUE, FINALMENTE, HAVIA ENCONTRADO ALGUÉM TÃO BONITO QUANTO ELE. ALFE VOLTAVA AO LAGO TODOS OS DIAS, APENAS PARA ADMIRAR O PRÍNCIPE QUE APARECIA NO REFLEXO, CONVERSANDO COM ELE MESMO COMO SE FOSSEM GRANDES AMIGOS.
CERTO DIA, AO VER O PRÍNCIPE REFLETIDO, ALFE SUSPIROU:
— OH, COMO SERIA MARAVILHOSO SE EU PUDESSE SER COMO VOCÊ, BELO PRÍNCIPE! E NÃO APENAS UM SAPO.
FOI ENTÃO QUE O REFLEXO DO PRÍNCIPE RESPONDEU, COM UMA VOZ SUAVE E MISTERIOSA:
— ALFE, VOCÊ JÁ É UM PRÍNCIPE, MAS O VERDADEIRO ENCANTO ESTÁ DENTRO DE VOCÊ.
ALFE FICOU CONFUSO. ELE NUNCA HAVIA PENSADO QUE A BELEZA PUDESSE VIR DE ALGO ALÉM DA APARÊNCIA. MAS AQUELAS PALAVRAS FICARAM EM SUA MENTE. AO CONTINUAR SEUS DIAS, COMEÇOU A NOTAR O QUE NUNCA HAVIA PERCEBIDO ANTES: A BONDADE DAS OUTRAS CRIATURAS, AS FLORES QUE FLORESCIAM AO SEU REDOR E ATÉ A MÚSICA SUAVE DO VENTO QUE PASSAVA PELAS ÁRVORES.
AOS POUCOS, ALFE PAROU DE SE ADMIRAR TANTO E COMEÇOU A PRESTAR ATENÇÃO NOS OUTROS. ELE AJUDOU AS RÃS A ENCONTRAREM COMIDA, CONVERSOU COM AS BORBOLETAS SOBRE O CÉU E OUVIU HISTÓRIAS DOS PÁSSAROS QUE VINHAM DE TERRAS DISTANTES. SUA VIDA, QUE ANTES ERA APENAS SOBRE SEU PRÓPRIO REFLEXO, AGORA ESTAVA CHEIA DE RISADAS E AMIZADES.
UMA NOITE, ENQUANTO OLHAVA O CÉU ESTRELADO REFLETIDO NO LAGO, O PRÍNCIPE APARECEU NOVAMENTE NO REFLEXO. MAS DESSA VEZ, ALGO ESTAVA DIFERENTE. O PRÍNCIPE SORRIU E, COMO NUM PASSE DE MÁGICA, COMEÇOU A DESAPARECER LENTAMENTE. ALFE VIU, SURPRESO, QUE EM VEZ DO PRÍNCIPE, ERA ELE MESMO, O SAPO, QUEM APARECIA NO REFLEXO DA ÁGUA.
— AGORA ENTENDO — SUSSURROU ALFE. — EU SOU O PRÍNCIPE DE MINHA PRÓPRIA HISTÓRIA.
E, DESDE ENTÃO, ALFE NUNCA MAIS SE PREOCUPOU COM SUA APARÊNCIA OU COM REFLEXOS NO LAGO. ELE SABIA QUE SER UM PRÍNCIPE NÃO ERA SOBRE A BELEZA QUE SE VÊ POR FORA, MAS SOBRE O QUE SE CULTIVA POR DENTRO: AMIZADE, BONDADE E HUMILDADE.
E ASSIM, ALFE VIVEU FELIZ, CERCADO DE AMIGOS, SEMPRE LEMBRANDO QUE A VERDADEIRA GRANDEZA ESTÁ NO CORAÇÃO.