ERA UMA VEZ UM PAPAGAIO CHAMADO PEPE, QUE VIVIA NO NAVIO DO CAPITÃO BARBA ROXA, UM PIRATA CONHECIDO POR NAVEGAR PELOS MARES EM BUSCA DE TESOUROS. PEPE TINHA PENAS COLORIDAS E VIBRANTES, COM ASAS GRANDES E PODEROSAS, PERFEITAS PARA VOAR PELOS CÉUS. NO ENTANTO, ELE NUNCA VOAVA.

 

PEPE ERA O COMPANHEIRO FIEL DO CAPITÃO. SEMPRE NO OMBRO DE BARBA ROXA, ELE REPETIA CADA PALAVRA QUE OUVIA. QUANDO O CAPITÃO GRITAVA ORDENS PARA A TRIPULAÇÃO, PEPE ECOAVA: "LEVANTAR AS VELAS!", "RUMO AO HORIZONTE!", "PREPARAR OS CANHÕES!" TODOS ACHAVAM DIVERTIDO E DAVAM RISADA, PORQUE PEPE REPETIA TUDO DIREITINHO. MAS, NO FUNDO, PEPE NÃO SABIA POR QUE FAZIA ISSO.

 

CERTO DIA, ENQUANTO O NAVIO NAVEGAVA CALMAMENTE, PEPE VIU ALGO QUE O DEIXOU CURIOSO: UM BANDO DE PÁSSAROS VOANDO LIVREMENTE NO CÉU, INDO PARA ONDE QUISESSEM. ELES BRINCAVAM COM O VENTO, FAZENDO CURVAS E GIROS NO AR, E SUMIAM NO HORIZONTE. PEPE, QUE SEMPRE VIA O HORIZONTE À SUA FRENTE, SUSPIROU.

 

— AH, COMO DEVE SER BOM VOAR ASSIM… — PENSOU PEPE, BALANÇANDO AS ASAS.

 

MAS, ENTÃO, OUVIU O CAPITÃO BARBA ROXA GRITAR: "AMARRAR AS CORDAS!" E, COMO DE COSTUME, PEPE REPETIU: "AMARRAR AS CORDAS!" E FICOU ALI, NO OMBRO DO CAPITÃO, SEM SAIR DO LUGAR.

 

PASSARAM-SE OS DIAS, E PEPE COMEÇOU A NOTAR MAIS COISAS. ELE PERCEBIA COMO A TRIPULAÇÃO SEGUIA TODAS AS ORDENS DO CAPITÃO, FAZENDO O QUE LHES ERA MANDADO, SEM QUESTIONAR. E PEPE, QUE SEMPRE REPETIA TUDO, COMEÇOU A SE PERGUNTAR: *"SERÁ QUE PRECISO SEMPRE IMITAR O QUE OS OUTROS FAZEM?"*

 

UMA NOITE, ENQUANTO TODOS DORMIAM E O NAVIO BALANÇAVA SUAVEMENTE NO MAR, PEPE RESOLVEU PERGUNTAR A SI MESMO:

 

— TENHO ASAS… POR QUE NÃO VOO?

 

ELE OLHOU AO REDOR. NÃO HAVIA GAIOLA, NEM CORRENTES, NADA QUE O IMPEDISSE. ERA APENAS ELE E O VASTO OCEANO. PEPE PERCEBEU, ENTÃO, QUE ELE SEMPRE ACREDITARA QUE SEU LUGAR ERA ALI, NO OMBRO DO CAPITÃO, REPETINDO O QUE OUVIA, SEM JAMAIS TENTAR ALGO DIFERENTE.

 

NAQUELA NOITE, O VENTO ESTAVA CALMO E AS ESTRELAS BRILHAVAM NO CÉU. PEPE, COM O CORAÇÃO BATENDO RÁPIDO, ABRIU SUAS ASAS COLORIDAS. ELAS PARECIAM MAIS LEVES DO QUE NUNCA. OLHOU UMA ÚLTIMA VEZ PARA O CAPITÃO ADORMECIDO, PARA A TRIPULAÇÃO E PARA O HORIZONTE DISTANTE.

 

— TALVEZ SEJA HORA DE DESCOBRIR O QUE É VOAR DE VERDADE! — DISSE ELE, CHEIO DE CORAGEM.

 

COM UM IMPULSO, PEPE LEVANTOU VOO. NO INÍCIO, SEUS MOVIMENTOS ERAM DESAJEITADOS, MAS LOGO ELE SENTIU O VENTO O GUIANDO, COMO SE O CÉU SEMPRE TIVESSE SIDO O SEU LAR. ELE SUBIU ALTO, MAIS ALTO DO QUE JÁ HAVIA IMAGINADO, E A SENSAÇÃO DE LIBERDADE ERA INCRÍVEL. PELA PRIMEIRA VEZ, PEPE NÃO ESTAVA APENAS REPETINDO O QUE OS OUTROS FAZIAM. ELE ESTAVA VIVENDO ALGO SEU.

 

LÁ DE CIMA, PEPE VIU O NAVIO PEQUENININHO, NAVEGANDO TRANQUILO NO MAR. O HORIZONTE PARECIA AINDA MAIOR E MAIS BONITO DO QUE ELE JAMAIS SONHARA. E PEPE, AGORA UM PAPAGAIO VOADOR, SABIA QUE SUA VIDA NÃO PRECISAVA SER SÓ A REPETIÇÃO DOS OUTROS. ELE PODIA VOAR, EXPLORAR, DESCOBRIR NOVOS CAMINHOS.

 

A PARTIR DAQUELE DIA, PEPE SEMPRE VOLTAVA AO NAVIO, MAS AGORA ELE NÃO ERA MAIS O "PAPAGAIO DE PIRATA" QUE APENAS REPETIA. ELE TRAZIA HISTÓRIAS DO CÉU, FALAVA DAS NUVENS E DO VENTO, E INSPIRAVA A TRIPULAÇÃO A VER O MUNDO DE MANEIRA DIFERENTE. E, SEMPRE QUE PODIA, ABRIA SUAS ASAS E VOAVA PARA DESCOBRIR ALGO NOVO, SABENDO QUE O HORIZONTE ESTAVA SEMPRE À SUA ESPERA.

 

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 20/09/2024
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