EM UMA FLORESTA MÁGICA, NÃO MUITO LONGE DE UM PÂNTANO ENCANTADO, VIVIA UMA CRIATURINHA BEM PECULIAR. SEU NOME ERA JACARINHO. ELE TINHA A CABEÇA DE UM JACARÉ, COM OLHOS ESPERTOS E FOCINHO COMPRIDO, MAS, PARA A SURPRESA DE TODOS, O RESTO DO SEU CORPO ERA DE UM PASSARINHO, COM PENAS COLORIDAS E ASAS PEQUENINAS.

 

JACARINHO MORAVA NO TOPO DE UMA GRANDE ÁRVORE QUE FICAVA À BEIRA DO PÂNTANO, O LUGAR ONDE SUA MÃE JACARÉ E SEUS IRMÃOS VIVIAM. ENQUANTO ELES NADAVAM E SE ESGUEIRAVAM PELA ÁGUA, JACARINHO PREFERIA OS GALHOS ALTOS, ONDE ELE PODIA VER TODO O PÂNTANO E O CÉU AZUL. APESAR DE SER DIFERENTE, ELE ADORAVA SEU LAR E VIVIA FELIZ, SEMPRE EXPLORANDO AS REDONDEZAS.

 

QUANDO O SOL NASCIA, JACARINHO ABRIA AS ASAS E, MESMO QUE NÃO PUDESSE VOAR COMO OS OUTROS PÁSSAROS, ELE DESCIA PLANANDO LEVEMENTE ATÉ AS MARGENS DO PÂNTANO. LÁ, ELE ENCONTRAVA SEUS AMIGOS: DONA SAPO, COM QUEM ADORAVA CONVERSAR; E O TATU-BOLA, QUE SEMPRE TINHA UMA HISTÓRIA ENGRAÇADA PARA CONTAR.

 

— BOM DIA, JACARINHO! — CUMPRIMENTAVA DONA SAPO. — VEIO OBSERVAR AS LIBÉLULAS DE NOVO?

 

— SIM! ADORO VÊ-LAS VOANDO POR AÍ — RESPONDIA ELE, COM UM SORRISO NO FOCINHO DE JACARÉ.

 

JACARINHO, EMBORA NÃO VOASSE, TINHA UM TALENTO ESPECIAL. ELE CONSEGUIA CORRER RÁPIDO SOBRE OS GALHOS E PULAR DE ÁRVORE EM ÁRVORE, COMO SE ESTIVESSE VOANDO ENTRE ELAS. SEU EQUILÍBRIO ERA PERFEITO, E ELE AMAVA SENTIR O VENTO NAS PENAS ENQUANTO SALTAVA DE UMA PONTA A OUTRA DA FLORESTA.

 

UM DIA, ENQUANTO BRINCAVA DE SE ESCONDER NOS GALHOS ALTOS, JACARINHO OUVIU UM BARULHO ESTRANHO. ERA UM FILHOTE DE PASSARINHO, PRESO EM UM NINHO MUITO ALTO. O POBRE ESTAVA COM MEDO DE CAIR E CHORAVA DESESPERADAMENTE. JACARINHO, SEM PENSAR DUAS VEZES, PULOU DE GALHO EM GALHO ATÉ CHEGAR PERTO.

 

— NÃO TENHA MEDO! — DISSE ELE, ESTENDENDO SUAS ASAS. — EU VOU TE AJUDAR!

 

O PASSARINHO, AINDA ASSUSTADO, OLHOU PARA JACARINHO COM SEUS OLHOS GRANDES E CONFIOU NELE. USANDO SUAS PATAS ÁGEIS E SEU BICO FORTE, JACARINHO AJEITOU O NINHO, GARANTINDO QUE ELE FICASSE SEGURO NOVAMENTE. DEPOIS, ELE FICOU AO LADO DO FILHOTE ATÉ QUE A MÃE PASSARINHA VOLTASSE.

 

— OBRIGADA, JACARINHO! — DISSE A MÃE PASSARINHA, EMOCIONADA. — VOCÊ SALVOU MEU FILHINHO!

 

TODOS NA FLORESTA FICARAM SABENDO DA CORAGEM DE JACARINHO. EMBORA ELE FOSSE DIFERENTE, COM A CABEÇA DE JACARÉ E O CORPINHO DE PASSARINHO, ELE TINHA UM CORAÇÃO ENORME E SEMPRE ESTAVA DISPOSTO A AJUDAR QUEM PRECISASSE.

 

JACARINHO APRENDEU QUE SER ÚNICO É O QUE O TORNAVA ESPECIAL. ELE NÃO VOAVA COMO OS PÁSSAROS NEM NADAVA COMO OS JACARÉS, MAS SABIA PULAR PELOS GALHOS COMO NINGUÉM, E ISSO ERA INCRÍVEL.

 

E ASSIM, JACARINHO CONTINUOU VIVENDO FELIZ EM SUA ÁRVORE, AO LADO DO PÂNTANO, CERCADO DE AMIGOS QUE O AMAVAM EXATAMENTE COMO ELE ERA: METADE JACARÉ, METADE PASSARINHO, E INTEIRAMENTE INCRÍVEL.

 

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 19/09/2024
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