NUMA CIDADE MÁGICA CHAMADA MARRAKECH, HAVIA UM MENINO CHAMADO ARIF. ELE ERA CONHECIDO POR SER O MELHOR ENCANTADOR DE SERPENTES DE TODA A REGIÃO. COM SEU TURBANTE COLORIDO E UMA FLAUTA ANTIGA, ARIF ENCANTAVA MULTIDÕES NAS PRAÇAS MOVIMENTADAS DA CIDADE. AS SERPENTES, GERALMENTE TEMIDAS, DANÇAVAM AO SOM DA MÚSICA, HIPNOTIZADAS PELA MELODIA QUE ELE TOCAVA.

 

TODOS OS DIAS, AS PESSOAS SE REUNIAM EM VOLTA DE ARIF PARA VÊ-LO EM AÇÃO. ELE COLOCAVA UMA CESTA NO CHÃO, ONDE A SERPENTE DORMIA, ENROLADA EM SILÊNCIO. QUANDO COMEÇAVA A TOCAR SUA FLAUTA, A SERPENTE, LENTAMENTE, ERGUIA-SE DA CESTA, BALANÇANDO-SE SUAVEMENTE AO RITMO DA MÚSICA. ERA UM ESPETÁCULO QUE DEIXAVA TODOS BOQUIABERTOS!

 

CERTA MANHÃ, ENQUANTO PREPARAVA SEU SHOW, UM VELHO MISTERIOSO APARECEU NA PRAÇA. ELE USAVA UMA CAPA ESCURA E TINHA UM OLHAR PROFUNDO, QUE PARECIA ENXERGAR ALÉM DAS COISAS COMUNS. APROXIMANDO-SE DE ARIF, O VELHO LHE ENTREGOU UMA FLAUTA DOURADA, BRILHANTE COMO O SOL.

 

— ESTA FLAUTA TEM UM PODER ESPECIAL, JOVEM ENCANTADOR — DISSE O VELHO COM UM SORRISO ENIGMÁTICO. — ELA É CAPAZ DE CONTROLAR MAIS DO QUE APENAS SERPENTES. MAS TOME CUIDADO, POIS A MAGIA DELA É MUITO FORTE.

 

ARIF, CURIOSO E ANIMADO, ACEITOU O PRESENTE SEM PENSAR DUAS VEZES. ELE MAL PODIA ESPERAR PARA TESTAR A NOVA FLAUTA. QUANDO CHEGOU A HORA DO ESPETÁCULO, ELE ABRIU SUA CESTA, REVELANDO UMA GRANDE SERPENTE DE ESCAMAS DOURADAS, A MAIS BELA QUE JÁ TINHA ENCANTADO.

 

COM A MULTIDÃO ANSIOSA À SUA VOLTA, ARIF COMEÇOU A TOCAR A FLAUTA DOURADA. NO INÍCIO, PARECIA QUE TUDO ESTAVA NORMAL. A SERPENTE, COMO DE COSTUME, SE ERGUEU LENTAMENTE, SEGUINDO O RITMO DA MÚSICA. MAS, DE REPENTE, ALGO ESTRANHO ACONTECEU. ARIF COMEÇOU A SENTIR SUAS PERNAS FICAREM PESADAS, COMO SE ESTIVESSEM PRESAS AO CHÃO.

 

A SERPENTE PAROU DE SE MOVER, MAS A MÚSICA CONTINUAVA A FLUIR DE SUA FLAUTA. ARIF PERCEBEU, TARDE DEMAIS, QUE NÃO CONSEGUIA MAIS PARAR DE TOCAR. SEUS BRAÇOS E MÃOS SE MOVIAM SOZINHOS, E ELE NÃO CONSEGUIA CONTROLAR O SOM QUE SAÍA DA FLAUTA. LOGO, ELE SENTIU UMA ESTRANHA SENSAÇÃO TOMANDO CONTA DE SEU CORPO.

 

O PÚBLICO OLHAVA ESPANTADO, POIS, AGORA, ERA ARIF QUEM ESTAVA SENDO ENCANTADO. SEUS OLHOS FICARAM VIDRADOS, COMO OS DA SERPENTE, E ELE COMEÇOU A BALANÇAR DE UM LADO PARA O OUTRO, COMO SE ESTIVESSE HIPNOTIZADO PELA PRÓPRIA MÚSICA.

 

A MULTIDÃO MURMURAVA, CONFUSA. O QUE ESTAVA ACONTECENDO? O ENCANTADOR DE SERPENTES HAVIA SE TORNADO A PRÓPRIA VÍTIMA DO ENCANTO.

 

FOI ENTÃO QUE O VELHO MISTERIOSO APARECEU NOVAMENTE, DESTA VEZ COM UM SORRISO AINDA MAIS LARGO. APROXIMOU-SE DE ARIF, QUE CONTINUAVA TOCANDO, E SUSSURROU EM SEU OUVIDO:

 

— LEMBRE-SE, JOVEM, A VERDADEIRA MAGIA ESTÁ DENTRO DE NÓS, E NEM SEMPRE PODEMOS CONTROLÁ-LA.

 

COM ESSAS PALAVRAS, O VELHO BATEU LEVEMENTE NO OMBRO DE ARIF. NO MESMO INSTANTE, A FLAUTA PAROU DE TOCAR, E ARIF VOLTOU AO NORMAL, OFEGANTE E ASSUSTADO. A SERPENTE, SEM A MÚSICA, VOLTOU PARA SUA CESTA, COMO SE NADA TIVESSE ACONTECIDO.

 

— O QUE... O QUE ACONTECEU? — PERGUNTOU ARIF, AINDA ATORDOADO.

 

— VOCÊ FOI ENCANTADO POR SUA PRÓPRIA MÚSICA — RESPONDEU O VELHO. — A LIÇÃO AQUI, JOVEM, É QUE O VERDADEIRO PODER VEM COM RESPONSABILIDADE. NÃO SE PODE BRINCAR COM A MAGIA SEM ANTES COMPREENDÊ-LA COMPLETAMENTE.

 

O VELHO DESAPARECEU NA MULTIDÃO ANTES QUE ARIF PUDESSE FAZER MAIS PERGUNTAS. A PARTIR DAQUELE DIA, ARIF APRENDEU A SER MAIS CUIDADOSO E HUMILDE COM SUA HABILIDADE. ELE CONTINUOU ENCANTANDO SERPENTES, MAS SEMPRE LEMBRANDO DA SABEDORIA QUE O MISTERIOSO VELHO LHE ENSINARA.

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 18/09/2024
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