ERA UMA NOITE ESTRELADA E UM GRUPO DE CRIANÇAS SE REUNIA AO REDOR DA FOGUEIRA, NUMA CLAREIRA NO MEIO DA FLORESTA. AS CHAMAS DANÇAVAM NO AR, LANÇANDO SOMBRAS MISTERIOSAS NAS ÁRVORES. VOVÔ JOAQUIM, COM SUA VOZ ROUCA E UM SORRISO DE CANTO, OLHAVA PARA TODOS E DIZIA:
— LEMBRO-ME DAS HISTÓRIAS DE ZUMBIS QUE CONTÁVAMOS QUANDO EU ERA CRIANÇA..., MAS ESTÁ AQUI É ESPECIAL.
AS CRIANÇAS FICARAM EM SILÊNCIO, ANSIOSAS PELO QUE VIRIA A SEGUIR.
— HAVIA UM MUNDO — COMEÇOU ELE — ONDE OS ZUMBIS VAGAVAM SEM DESTINO, E OS HUMANOS CORRIAM RUMO AO DESCONHECIDO. MAS, ENTRE TODOS OS ZUMBIS, EXISTIA UMA MUITO ESPECIAL. SEU NOME ERA KÉFERA, E ELA ERA CONHECIDA COMO "A ZUMBI DOS OLHOS DE FOGO".
OS OLHOS DAS CRIANÇAS SE ARREGALARAM. ZUMBI DE OLHOS DE FOGO? ISSO PARECIA ALGO INCRÍVEL E ASSUSTADOR AO MESMO TEMPO.
— KÉFERA NÃO ERA UMA ZUMBI COMUM — CONTINUOU VOVÔ JOAQUIM. — ELA TINHA OLHOS QUE BRILHAVAM COMO BRASAS, E ONDE QUER QUE OLHASSE, UMA FAÍSCA DE CORAGEM ACENDIA NOS CORAÇÕES DAS PESSOAS. APESAR DE SER UMA ZUMBI, SEU CORAÇÃO ERA CHEIO DE BONDADE, E ELA ANDAVA PELO MUNDO PARA AJUDAR QUEM ESTIVESSE EM PERIGO.
PEDRO, UM DOS MENINOS AO REDOR DA FOGUEIRA, NÃO CONSEGUIU SEGURAR A CURIOSIDADE:
— MAS VOVÔ, SE ELA ERA UMA ZUMBI, COMO ELA AJUDAVA AS PESSOAS?
VOVÔ SORRIU.
— AH, AÍ ESTÁ O SEGREDO, MEU RAPAZ. KÉFERA SABIA QUE O VERDADEIRO MAL NÃO ERA SER UM ZUMBI, MAS SIM O QUE VOCÊ FAZIA COM A SUA VIDA. ELA CAMINHAVA PELAS TERRAS REPLETAS DE ZUMBIS CAOLHOS, QUE NÃO CONSEGUIAM ENXERGAR A LUZ, PERDIDOS NA ESCURIDÃO. ENQUANTO TODOS PENSAVAM QUE ELA TRAZIA DESTRUIÇÃO COM SEUS OLHOS DE FOGO, KÉFERA USAVA SEU BRILHO PARA MOSTRAR O CAMINHO CERTO.
— COMO ASSIM, O CAMINHO CERTO? — PERGUNTOU LUÍSA, SEGURANDO UM GRAVETO QUE USAVA PARA MEXER NAS BRASAS.
— REBATES O MAL COM O BEM, CRIANÇAS — DISSE VOVÔ, COM UM OLHAR SÁBIO. — E SÓ ASSIM LIVRES ESTARÁS! KÉFERA SABIA DISSO. QUANDO OS ZUMBIS ANDAVAM VAGANDO PELO MUNDO, SEM RUMO, E OS HUMANOS PERDIAM SUA FÉ, ELA SE APROXIMAVA. SEUS OLHOS BRILHAVAM FORTE E, COM ISSO, ELA FAZIA OS ZUMBIS LEMBRAREM QUEM ELES ERAM ANTES DE SE PERDEREM.
AS CRIANÇAS SE ENTREOLHARAM, INTRIGADAS. ERA UMA HISTÓRIA DIFERENTE DE TODAS AS QUE TINHAM OUVIDO ANTES.
— ENTÃO, O QUE ACONTECEU COM ELA, VOVÔ? — PERGUNTOU PEDRO, JÁ PRESO À NARRATIVA.
— AH, KÉFERA CONTINUA POR AÍ, CAMINHANDO POR TERRAS DISTANTES — DISSE VOVÔ JOAQUIM, APONTANDO PARA O HORIZONTE ESCURO. — DIZEM QUE ELA AINDA VAGA EM BUSCA DE ZUMBIS CAOLHOS, MOSTRANDO A ELES QUE HÁ SEMPRE UM DESTINO, MESMO QUANDO PARECE QUE TUDO ESTÁ PERDIDO. E ENQUANTO SEUS OLHOS DE FOGO BRILHAREM, ELA NUNCA DEIXARÁ DE AJUDAR.
OS MENINOS E MENINAS AO REDOR DA FOGUEIRA OLHARAM PARA O CÉU ESTRELADO, IMAGINANDO KÉFERA, A ZUMBI DOS OLHOS DE FOGO, VAGANDO PELO MUNDO COM SEU BRILHO DE BONDADE E CORAGEM.
E ASSIM, SOB A LUZ DAS ESTRELAS E O CALOR DA FOGUEIRA, A NOITE FOI TOMADA PELA MAGIA DA HISTÓRIA, ONDE O BEM SEMPRE ENCONTRAVA UMA MANEIRA DE TRIUNFAR, ATÉ MESMO EM UM MUNDO DE ZUMBIS.