ERA UMA VEZ, NO CÉU ESTRELADO, UMA LUA TRISTE QUE CHORAVA LÁGRIMAS PRATEADAS. AS ESTRELAS AO REDOR BRILHAVAM E TENTAVAM ANIMÁ-LA, MAS A LUA CONTINUAVA A SOLUÇAR, SUAS LÁGRIMAS ESCORRENDO PELO CÉU COMO FIOS DE PRATA.

 

— POR QUE CHORAS, QUERIDA LUA? — PERGUNTOU UMA ESTRELA CADENTE, PASSANDO VELOZ.

 

— ESTOU TÃO SOZINHA AQUI EM CIMA, SEMPRE BRILHANDO, SEMPRE OLHANDO, MAS NUNCA PODENDO CONVERSAR OU BRINCAR COM NINGUÉM — RESPONDEU A LUA, ENXUGANDO AS LÁGRIMAS COM O BRILHO SUAVE DE SUAS MÃOS.

 

LÁ EMBAIXO, NAS PROFUNDEZAS DE UMA FLORESTA ENCANTADA, VIVIA UMA CIGARRA MUITO ESPECIAL. ESSA CIGARRA, NO ENTANTO, NÃO ERA COMO AS OUTRAS. ELA HAVIA SIDO, MUITO TEMPO ATRÁS, UMA MENINA ALEGRE QUE ADORAVA CANTAR E DANÇAR PELA FLORESTA. MAS UM DIA, AS BRUXAS DO BOSQUE, INVEJOSAS DA FELICIDADE DA MENINA, A TRANSFORMARAM EM CIGARRA. A PUNIÇÃO ERA CRUEL: AGORA, ELA CANTARIA E DANÇARIA PARA SEMPRE, SEM JAMAIS PRECISAR DORMIR OU COMER.

 

— VOCÊ SERÁ UMA CIGARRA PARA SEMPRE! — GRITARAM AS BRUXAS, GIRANDO SUAS VARINHAS NO AR. — E NUNCA MAIS TERÁ DESCANSO!

 

APESAR DISSO, A CIGARRA NÃO DEIXOU DE CANTAR. SUA MÚSICA ECOAVA PELAS ÁRVORES, FAZENDO AS FOLHAS BALANÇAREM COMO SE ESTIVESSEM DANÇANDO TAMBÉM. MAS, POR DENTRO, A CIGARRA SENTIA SAUDADES DE SER HUMANA, DE TER AMIGOS E DE CORRER LIVREMENTE PELOS CAMPOS.

 

NUMA CERTA NOITE, ENQUANTO CANTAVA SOZINHA SOB O CÉU ESTRELADO, A CIGARRA OUVIU UM SOM DIFERENTE. ERAM LÁGRIMAS! A CIGARRA OLHOU PARA CIMA E VIU A LUA, CHORANDO SUAVEMENTE NO CÉU.

 

— OH, QUERIDA LUA, POR QUE CHORAS TANTO? — PERGUNTOU A CIGARRA, POUSANDO NUMA FOLHA ALTA PARA FICAR MAIS PERTO.

 

A LUA OLHOU PARA BAIXO, SURPRESA POR OUVIR A CIGARRA FALAR COM ELA.

 

— ESTOU SOZINHA AQUI EM CIMA. VEJO O MUNDO TODO, MAS NÃO POSSO BRINCAR OU CONVERSAR COM NINGUÉM.

 

A CIGARRA PENSOU POR UM MOMENTO E DEPOIS SORRIU.

 

— EU SEI O QUE É ESTAR SOZINHA. EU TAMBÉM SOU ASSIM. AS BRUXAS ME TRANSFORMARAM EM CIGARRA, E AGORA SÓ POSSO CANTAR E DANÇAR. NUNCA MAIS TEREI DESCANSO, E NINGUÉM MAIS ME VÊ COMO EU ERA.

 

A LUA SE ILUMINOU UM POUCO MAIS, INTERESSADA.

 

— MAS SUA MÚSICA É TÃO BONITA — DISSE A LUA, SUA VOZ SUAVE COMO O VENTO. — EU A OUÇO TODAS AS NOITES E ELA ME FAZ SENTIR MENOS SOZINHA.

 

— VOCÊ GOSTA DO MEU CANTO? — PERGUNTOU A CIGARRA, SURPRESA E FELIZ.

 

— GOSTO MUITO! — EXCLAMOU A LUA, AGORA SORRINDO. — TALVEZ NÓS DUAS POSSAMOS FAZER COMPANHIA UMA PARA A OUTRA. EU POSSO ILUMINAR O CÉU ENQUANTO VOCÊ CANTA. ASSIM, NÃO ESTAREMOS MAIS SOZINHAS.

 

A CIGARRA FICOU EMOCIONADA. DESDE QUE TINHA SIDO TRANSFORMADA, NINGUÉM HAVIA ELOGIADO SEU CANTO, E AGORA, A PRÓPRIA LUA DIZIA QUE GOSTAVA DE OUVI-LA!

 

ASSIM, TODAS AS NOITES, A LUA BRILHAVA INTENSAMENTE NO CÉU, E A CIGARRA CANTAVA COM TODO O CORAÇÃO. JUNTAS, DESCOBRIRAM QUE, MESMO EM MEIO ÀS TRANSFORMAÇÕES DA VIDA, A AMIZADE E A ALEGRIA PODEM NOS CURAR. A LUA NÃO CHORAVA MAIS, E A CIGARRA, MESMO SEM SER HUMANA, NUNCA MAIS SE SENTIU SOZINHA.

 

E AS DUAS VIVERAM FELIZES, ILUMINANDO E CANTANDO, CADA UMA DO SEU JEITO, ENCANTANDO O MUNDO COM SUA LUZ E MELODIA.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 15/09/2024
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