ERA UMA VEZ, EM UM REINO DISTANTE, COBERTO POR MONTANHAS GELADAS E NEVADAS, UM REI MUITO MALVADO. SEU NOME ERA REI DÁRIO, E ELE GOVERNAVA AQUELE REINO HÁ MUITAS DÉCADAS. SEU CASTELO, FEITO DE PEDRAS ESCURAS, FICAVA NO TOPO DE UMA COLINA, DE ONDE ELE VIGIAVA TODOS OS SEUS SÚDITOS COM OLHAR DESCONFIADO E CHEIO DE MEDO.

 

REI DÁRIO ERA PODEROSO E TEMIDO POR TODOS, MAS SUA MALDADE O FAZIA VIVER SEM PAZ. ELE SEMPRE ACREDITAVA QUE ALGUÉM IRIA ROUBAR SUA FORTUNA OU TOMAR SEU TRONO. ISSO O DEIXAVA INQUIETO, POIS, APESAR DE TODO O OURO E JOIAS QUE GUARDAVA EM COFRES TRANCADOS, ELE SENTIA QUE NUNCA ERA SUFICIENTE.

 

TODA NOITE, ENQUANTO A NEVE CAÍA SOBRE O REINO, TORNANDO TUDO AINDA MAIS GELADO E SILENCIOSO, O REI SAÍA DE SEU CASTELO, SEM QUE NINGUÉM SOUBESSE. VESTIA UM MANTO GROSSO E ENCAPUZADO PARA SE PROTEGER DO FRIO CORTANTE E CAMINHAVA SOZINHO PELA FLORESTA NEVADA. SEUS PASSOS AFUNDAVAM NA NEVE MACIA, E O VENTO SUSSURRAVA SEGREDOS QUE SÓ ELE PARECIA ESCUTAR.

 

DEPOIS DE CAMINHAR POR ALGUM TEMPO, ELE SEMPRE CHEGAVA A UMA CABANA DE MADEIRA, MUITO SIMPLES, ESCONDIDA ENTRE AS ÁRVORES. ERA ALI QUE O REI PASSAVA HORAS ESPIANDO PELA JANELA PEQUENA E EMBAÇADA PELO GELO.

 

DENTRO DA CABANA, VIVIA UMA FAMÍLIA HUMILDE, COMPOSTA POR UM PAI, UMA MÃE E DOIS FILHOS PEQUENOS. ELES TINHAM POUCO, MAS ESTAVAM SEMPRE RINDO E BRINCANDO PERTO DA LAREIRA. O CALOR DO FOGO PARECIA AFASTAR O FRIO DA NOITE, E A ALEGRIA EM SEUS ROSTOS CONTRASTAVA COM A TRISTEZA QUE O REI SENTIA NO PEITO.

 

"COMO PODEM SER FELIZES SEM RIQUEZAS?", PERGUNTAVA-SE O REI, TODOS OS DIAS, OBSERVANDO DE LONGE, SEM CORAGEM DE SE APROXIMAR. ELE NÃO ENTENDIA COMO AQUELAS PESSOAS, QUE NADA TINHAM, PODIAM VIVER TÃO EM PAZ, ENQUANTO ELE, QUE POSSUÍA TANTO, SENTIA-SE SEMPRE INFELIZ.

 

UMA NOITE, ENQUANTO O REI ESPIAVA MAIS UMA VEZ PELA JANELA DA CABANA, O FILHO MAIS NOVO DA FAMÍLIA O VIU. SEM HESITAR, CORREU ATÉ A PORTA E A ABRIU, CHAMANDO O REI PARA ENTRAR:

 

— SENHOR, O FRIO ESTÁ MUITO FORTE! VENHA SE AQUECER CONOSCO PERTO DA LAREIRA!

 

O REI, SURPRESO E SEM SABER O QUE FAZER, FICOU PARADO POR UM MOMENTO. NINGUÉM O HAVIA TRATADO COM TANTA GENTILEZA ANTES. ELE HESITOU, MAS O CALOR QUE VINHA DE DENTRO DA CABANA ERA TENTADOR, E, PELA PRIMEIRA VEZ, DÁRIO ENTROU.

 

SENTOU-SE PERTO DA LAREIRA, E A MÃE DA FAMÍLIA LHE OFERECEU UMA SOPA QUENTE, SIMPLES, MAS SABOROSA. O REI NÃO DISSE NADA. APENAS OBSERVOU ENQUANTO TODOS CONTINUAVAM A CONVERSAR E RIR, COMO SE SUA PRESENÇA NÃO FOSSE ALGO ESTRANHO OU AMEAÇADOR.

 

CONFORME O CALOR DA LAREIRA O ENVOLVIA, ALGO COMEÇOU A MUDAR DENTRO DELE. ELE SENTIU SEU CORAÇÃO, ANTES GELADO E ENDURECIDO COMO O INVERNO, COMEÇAR A DERRETER. A SIMPLICIDADE DAQUELA FAMÍLIA, O AMOR QUE COMPARTILHAVAM E A PAZ QUE HAVIA NAQUELE LAR O FIZERAM PERCEBER QUE SUA RIQUEZA E SEU PODER NUNCA TRARIAM A FELICIDADE QUE ELE TANTO BUSCAVA.

 

NAQUELA NOITE, O REI MALVADO SAIU DA CABANA COM UM NOVO PENSAMENTO. NÃO ERA O OURO QUE TRAZIA PAZ, NEM O PODER QUE GARANTIA A FELICIDADE. ERA O AMOR, O COMPANHEIRISMO E A ALEGRIA NAS PEQUENAS COISAS QUE FAZIAM A DIFERENÇA.

 

E, A PARTIR DAQUELE DIA, O REI COMEÇOU A MUDAR. DEIXOU DE LADO SUA DESCONFIANÇA E SEU MEDO DE PERDER O TRONO. ELE PASSOU A GOVERNAR COM MAIS BONDADE, BUSCANDO A PAZ QUE TANTO VIA NA CABANA DE MADEIRA. E, POUCO A POUCO, O REINO QUE ANTES ERA FRIO E GELADO, COMEÇOU A SE AQUECER, NÃO POR CAUSA DO CLIMA, MAS PORQUE O CORAÇÃO DO REI, FINALMENTE, HAVIA ENCONTRADO A VERDADEIRA FELICIDADE.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 12/09/2024
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