NA FLORESTA DO PAU OCO, HAVIA UM MENINO CHAMADO XAVIER. ELE ERA CONHECIDO POR ALGO BEM PECULIAR: ADORAVA CONTAR MENTIRAS PARA TODOS OS SEUS AMIGOS E FAMILIARES. NÃO ERAM MENTIRINHAS PEQUENAS, NÃO! ERAM HISTÓRIAS TÃO ELABORADAS QUE ATÉ PARECIAM VERDADEIRAS.

 

— EU VI UM DRAGÃO VERDE ONTEM! — DIZIA ELE, COM OS OLHOS ARREGALADOS, PARA SEUS AMIGOS NA CLAREIRA.

— UM DRAGÃO? — PERGUNTAVA TINA, A COELHINHA CURIOSA.

— SIM! ELE VOAVA E SOLTAVA FOGO PELAS NARINAS! — XAVIER GESTICULAVA NO AR, COMO SE ESTIVESSE VENDO O DRAGÃO BEM ALI.

 

NO INÍCIO, SEUS AMIGOS NÃO ACREDITAVAM MUITO. MAS QUANTO MAIS XAVIER MENTIA, MAIS ELE SE TORNAVA ESPERTO NAS SUAS HISTÓRIAS. ELE CONTAVA SOBRE FADAS INVISÍVEIS, SOBRE TESOUROS ESCONDIDOS E ATÉ SOBRE PEIXES QUE DANÇAVAM NA BEIRA DO RIO. AS MENTIRAS ERAM SEMPRE CHEIAS DE DETALHES E EMOÇÃO, O QUE DEIXAVA TODOS INTRIGADOS.

 

UM DIA, XAVIER TEVE UMA IDEIA: ELE QUERIA ENCERRAR SUAS MENTIRAS. MAS O QUE ISSO SIGNIFICAVA? BEM, ELE QUERIA QUE SUA ÚLTIMA MENTIRA FOSSE TÃO GRANDIOSA, TÃO INCRÍVEL, QUE TODOS ACREDITARIAM NELA COMO SE FOSSE A MAIS PURA VERDADE.

 

ENTÃO, ELE FOI ATÉ A ÁRVORE MAIS ALTA DA FLORESTA, ONDE VIVIA UM PÁSSARO MÁGICO, CONHECIDO COMO O SABIÁ DA SABEDORIA. ESSE PÁSSARO TINHA O PODER DE REVELAR SEGREDOS, MAS SÓ PARA AQUELES QUE ERAM SINCEROS.

 

— OI, SABIÁ! — DISSE XAVIER, TENTANDO SER SIMPÁTICO.

— OI, MENINO. O QUE VOCÊ QUER? — PERGUNTOU O SABIÁ, JÁ SABENDO QUE XAVIER NÃO ERA MUITO CONFIÁVEL.

— EU QUERIA... UMA CHAVE DE OURO! — DISSE XAVIER. — COM ELA, EU QUERO QUE TODOS ACREDITEM EM MIM, SEMPRE!

 

O SABIÁ OLHOU PARA ELE COM DESCONFIANÇA, MAS RESOLVEU DAR UMA CHANCE AO GAROTO. ELE LEVANTOU A ASA E, DEBAIXO DE ALGUMAS FOLHAS, TIROU UMA PEQUENA CHAVE DOURADA QUE BRILHAVA AO SOL.

 

— AQUI ESTÁ, XAVIER. MAS CUIDADO: ESTA CHAVE SÓ FUNCIONA UMA VEZ. E QUANDO VOCÊ USÁ-LA, A VERDADE SEMPRE ENCONTRARÁ UM JEITO DE APARECER.

 

XAVIER PEGOU A CHAVE, COM UM SORRISO ENORME NO ROSTO, E CORREU PARA A ALDEIA. LÁ, REUNIU TODOS OS AMIGOS E COMEÇOU A CONTAR SUA MAIOR MENTIRA DE TODAS:

 

— PESSOAL, ADIVINHEM SÓ! ENCONTREI UM BAÚ DO TESOURO NO MEIO DA FLORESTA, CHEIO DE OURO, PRATA E PEDRAS PRECIOSAS! — DISSE ELE, COM OS OLHOS BRILHANDO. — E PARA ABRIR O BAÚ, SÓ PRECISAMOS DESTA CHAVE DE OURO!

 

ELE LEVANTOU A CHAVE NO AR, FAZENDO TODOS OLHAREM CURIOSOS. SEUS AMIGOS, MEIO DESCONFIADOS, RESOLVERAM SEGUI-LO ATÉ O LUGAR ONDE ELE DISSE QUE O BAÚ ESTAVA ESCONDIDO.

 

CHEGANDO LÁ, NÃO HAVIA BAÚ ALGUM. APENAS UM GRANDE MONTE DE FOLHAS SECAS E GALHOS. XAVIER COMEÇOU A SUAR FRIO. E AGORA? ELE PROMETEU UM TESOURO! O QUE FARIA?

 

MAS QUANDO ELE TOCOU A CHAVE NO CHÃO... ALGO MÁGICO ACONTECEU. AS FOLHAS COMEÇARAM A SE MEXER, OS GALHOS COMEÇARAM A BRILHAR, E DE REPENTE, SURGIU UM BAÚ RELUZENTE! XAVIER, SURPRESO, OLHOU PARA A CHAVE E PERCEBEU QUE, DE ALGUMA FORMA, SUA MENTIRA TINHA SE TORNADO VERDADE!

 

TODOS SEUS AMIGOS COMEÇARAM A APLAUDIR, ACHANDO QUE XAVIER ERA UM HERÓI. ELE TINHA "FECHADO COM CHAVE DE OURO", AFINAL! MAS O SABIÁ ESTAVA CERTO: A VERDADE SEMPRE APARECE. QUANDO XAVIER ABRIU O BAÚ, AO INVÉS DE OURO E PEDRAS PRECIOSAS, LÁ DENTRO SÓ HAVIA UM PEQUENO ESPELHO. E NO ESPELHO, ELE VIU SEU PRÓPRIO REFLEXO..., MAS ALGO ESTAVA DIFERENTE.

 

ELE SE VIU COMO O MENINO MENTIROSO QUE SEMPRE FOI, E ISSO O FEZ PENSAR. TALVEZ FOSSE HORA DE PARAR COM AS MENTIRAS. AFINAL, NÃO IMPORTA QUÃO BELAS OU BRILHANTES SUAS HISTÓRIAS FOSSEM, A VERDADE TINHA MAIS VALOR QUE QUALQUER TESOURO INVENTADO.

 

E A PARTIR DAQUELE DIA, XAVIER APRENDEU QUE A CHAVE DE OURO NÃO ERA UMA MÁGICA QUE TRANSFORMAVA MENTIRAS EM REALIDADE, MAS UM LEMBRETE DE QUE A VERDADE, POR SI SÓ, JÁ ERA O MAIOR TESOURO QUE ELE PODIA TER.

 

E ASSIM, A FLORESTA DO PAU OCO FICOU UM POUCO MAIS SINCERA, GRAÇAS AO MENINO QUE APRENDEU A IMPORTÂNCIA DE DIZER A VERDADE.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 08/09/2024
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