ERA UMA VEZ, NO CORAÇÃO DO SERTÃO BRASILEIRO, UMA MOCINHA DIFERENTE DE TODAS AS OUTRAS. SEU NOME ERA MEDUSA DO SERTÃO. AO INVÉS DE VIVER EM CAVERNAS SOMBRIAS COMO NAS ANTIGAS LENDAS, ELA MORAVA NUMA PEQUENA CASINHA DE BARRO, CERCADA POR MANDACARUS E GALINHAS CAIPIRAS. MEDUSA ERA FAMOSA NÃO SÓ POR SUA APARÊNCIA, COM CABELOS DE COBRINHAS QUE SE MEXIAM, MAS POR UMA HABILIDADE UM TANTO INCONVENIENTE: TODOS QUE A OLHAVAM NOS OLHOS VIRAVAM ESTÁTUAS DE PEDRA!

 

"Ô, MEDUSA, POR QUE VOCÊ NÃO USA ÓCULOS ESCUROS?" PERGUNTAVAM AS VIZINHAS, PREOCUPADAS COM AS GALINHAS E OUTROS BICHOS QUE ELA, SEM QUERER, TRANSFORMAVA EM ESTÁTUA.

 

"JÁ TENTEI, MAS OS ÓCULOS QUEBRAM COM O CALOR DO SERTÃO!" ELA RESPONDIA, SUSPIRANDO. E O PIOR DE TUDO É QUE MEDUSA NÃO QUERIA ASSUSTAR NINGUÉM. NA VERDADE, ELA ADORAVA FAZER AMIGOS, CONTAR CAUSOS ENGRAÇADOS E DANÇAR FORRÓ.

 

CERTO DIA, MEDUSA DECIDIU FAZER ALGO A RESPEITO. ELA NÃO QUERIA SER A GÓRGONA SOLITÁRIA DO SERTÃO, VIVENDO APENAS COM ESTÁTUAS AO SEU REDOR. ENTÃO, COLOCOU UM CHAPÉU DE COURO PARA ESCONDER PARTE DO ROSTO E FOI PROCURAR AJUDA.

 

NO CAMINHO, MEDUSA ENCONTROU ZEQUINHA, UM MENINO ESPERTALHÃO QUE VENDIA CORDEL NA FEIRA. QUANDO VIU MEDUSA, ELE SE ESPANTOU. "ÔXE! É A MULHER DOS CABELOS QUE PARECEM COBRA!" MAS, CORAJOSO, ELE NÃO FUGIU. "O QUE TU TÁ FAZENDO AQUI, MEDUSA?"

 

"AH, ZEQUINHA, TÔ CANSADA DE VIVER SOZINHA. QUERO AMIGOS, MAS TODO MUNDO QUE ME OLHA VIRA PEDRA!" EXPLICOU, COM OS OLHOS CHEIOS DE TRISTEZA.

 

ZEQUINHA COÇOU A CABEÇA, PENSANDO, ATÉ QUE TEVE UMA IDEIA BRILHANTE. "JÁ SEI! A GENTE VAI FAZER UMAS MÁSCARAS BEM BONITAS PARA TODO MUNDO AQUI NO SERTÃO. ASSIM, NINGUÉM MAIS VAI VIRAR PEDRA QUANDO TE ENCONTRAR. TODO MUNDO USA MÁSCARA E VOCÊ PODE PASSEAR PELA FEIRA À VONTADE!"

 

MEDUSA SORRIU COM OS OLHOS (PORQUE SORRIR COM A BOCA ERA ARRISCADO) E ADOROU A IDEIA. RAPIDAMENTE, ZEQUINHA E OS MORADORES DO SERTÃO COMEÇARAM A CONFECCIONAR MÁSCARAS DE TODOS OS TIPOS: MÁSCARAS DE CANGACEIRO, DE BOIADEIRO, ATÉ DE JACARÉ!

 

NO DIA DA INAUGURAÇÃO DAS MÁSCARAS, MEDUSA FOI À FEIRA SEM MEDO. AGORA, TODO MUNDO USAVA UMA MÁSCARA BONITA, E NINGUÉM MAIS CORRIA O RISCO DE VIRAR PEDRA. MEDUSA FEZ AMIGOS, DANÇOU FORRÓ ATÉ O SOL SE PÔR E ATÉ COMPROU UM PEIXINHO NA BARRACA DO SEU RAIMUNDO.

 

E ASSIM, A MEDUSA DO SERTÃO VIVEU FELIZ, SEM MAIS PREOCUPAÇÕES. ELA NÃO ERA MAIS VISTA COMO UMA AMEAÇA, MAS COMO UMA AMIGA QUERIDA, SEMPRE PRESENTE NAS FESTAS E CAUSOS DO SERTÃO. E, CLARO, TODOS USAVAM SUAS MÁSCARAS, MAS NÃO POR MEDO — ERA SÓ UMA DESCULPA PARA BRINCAR E SE DIVERTIR AINDA MAIS.

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 06/09/2024
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