A sala espelhada
A bruxa puxa uma chave do bolso, a chave pende com um chaveiro de estrela dourada e brilha com cores metálicas. Então ela olha para trás e diz: 'Vem, quero te mostrar uma coisa.'
No momento em que ela ergue a chave e a gira no ar, uma porta se materializa feita de pedaços, cacos de espelhos colados formando um mosaico espelhado. Acima da porta gira um triângulo dourado. Ela a abriu com um rangido longo, agudo e arrastado. Uma luz misteriosa saiu de dentro, e então ela olhou para mim, sorriu com um rosto como se estivesse te convidando para tomar um chá de camomila e disse: 'Anda, vem!'
Entrei, e dentro da sala que tinha formato circular, no lugar de parede havia mais vidro, mais cacos de vidro de todos os tamanhos que às vezes estavam estáticos e refletiam meu reflexo repartido em milhões de direções diferentes, às vezes pareciam se mover e dançar entre eles, como se desafiassem a minha sobriedade. Eu já não sabia o que estava vendo.
Foi então que ela disse: 'Feche os olhos.' Eu fechei, mas a luz que se ascendeu era tão intensa que mesmo de olhos fechados eu cobri meu rosto com as mãos e caí de joelhos no chão. Ouvi uma voz grave de uma anciã: 'Saudações, Cibele, trouxe um amigo?'
'Saudações,' a bruxa respondeu. 'Preciso mostrá-lo os mundos criados pela mente do inominável.' 'Assim seja', disse a voz da velha. E então tudo voltou ao normal. Um vento gelado, porém, invadiu o meu corpo com a sensação de que não estava mais no mesmo lugar. Abri os meus olhos e tive uma das mais belas visões da vida.
Os cacos de vidro agora não mostravam mais o meu reflexo de homem mediano e trabalhador. Em vez disso, eram como janelas disformes para as estrelas, infinitas estrelas, galáxias, constelações, explosões de buracos negros, colisões de estrelas, um espetáculo que fez os meus olhos se encherem de lágrimas sem que eu percebesse.
'Own, que fofo. A primeira vez é realmente marcante, né? Esses são alguns dos universos criados pela mente do inominável, todos vivendo suas próprias histórias, alguns estão nascendo, outros morrendo, alguns abrigam mundos egoístas e sombrios de seres mesquinhos e arrogantes. Outros abrigam mundos felizes de seres mais inteligentes que conseguiram olhar para algo que não seja o seu próprio umbigo.'
'Como assim? Então realmente existe vida inteligente fora da terra? Deus é real?' Perguntei.
'Hum, é verdade, esqueci que suas memórias caíram no vale do esquecimento quando você se encarnou nesse mundo físico. Olha, eu poderia te explicar de uma maneira mais filosófica, religiosa e bonita, mas não temos muito tempo. Você é uma parte fragmentada de minha alma que se perdeu na imensidão do multiverso. Como vocês chamam aqui? Ah, alma gêmea, algo assim. E tem vivido nesse mundo por alguns milhares de anos até que eu te encontrasse. Agora precisamos nos integrar totalmente para que minha força seja totalmente restabelecida. Perdão, não me apresentei: Sou Cibele, a bruxa.'
'Você conhece Deus?' Eu disse, espantado e assustado, sem entender exatamente onde estava, será que estava drogado ou morto?" A bruxa sorriu. 'Perdão, eu não tenho tempo de te explicar, precisamos fazer a integração. Mas prometo que na hora certa tudo vai ser esclarecido.'
"Ela puxou uma varinha que usava como prendedor de cabelo, seus negros e lindos cabelos caíram sobre seus ombros caramelos. Girou a varinha no ar e cantou em uma língua que eu não conhecia."
"Todos os espelhos giraram enlouquecidos e começaram a voar de um lado para o outro, como um mosaico vivo em agonia. Ela começou a girar a varinha no ar, e os espelhos seguiram o movimento do pedaço de madeira, como se fossem uma orquestra obedecendo o seu maestro. Foi então que ela disse alegre: 'Achei!!'"
"E um pedaço de espelho parou no meio do ar e veio até ela, no pedaço de espelho dava para ver um pequeno planeta azul e uma lua branca girando lentamente ao redor dele.
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