ERA UMA VEZ, EM UMA FLORESTA ENCANTADA, UM CORVO NEGRO E MAJESTOSO CHAMADO FREDERICO. ELE ERA CONHECIDO POR SUA SABEDORIA E INTELIGÊNCIA, ATRIBUTOS QUE O TORNAVAM O MENSAGEIRO DOS DEUSES. DIZIAM QUE FREDERICO PODIA VOAR ENTRE OS MUNDOS DOS MORTAIS E DOS DEUSES, LEVANDO E TRAZENDO MENSAGENS IMPORTANTES.

 

AO LADO DE FREDERICO, VIVIA UM PEQUENO PASSARINHO CHAMADO PENINHA. EMBORA FOSSE PEQUENO E APARENTEMENTE FRÁGIL, PENINHA TINHA UMA MISSÃO IGUALMENTE IMPORTANTE: ELE ERA O SENTINELA OBEDIENTE QUE VIGIAVA FREDERICO. SEU TRABALHO ERA ALERTAR SOBRE QUALQUER INVASOR QUE PUDESSE SE APROXIMAR E INCOMODAR OS DEUSES.

 

FREDERICO, APESAR DE TODA SUA SABEDORIA, TINHA UM DEFEITO QUE O DIFERENCIAVA DOS OUTROS ANIMAIS DA FLORESTA: ELE ERA EXTREMAMENTE VAIDOSO. PASSAVA HORAS E HORAS DIANTE DE UM ESPELHO ANTIGO, QUE HAVIA ENCONTRADO EM UMA CAVERNA ESCONDIDA, ADMIRANDO SUAS PENAS NEGRAS QUE BRILHAVAM COMO A NOITE SEM ESTRELAS.

 

— VEJA SÓ, PENINHA, COMO MINHAS PENAS SÃO BRILHANTES E MAJESTOSAS! NÃO HÁ OUTRO CORVO NO MUNDO QUE SEJA TÃO BELO QUANTO EU! — DIZIA FREDERICO, ENQUANTO ALISAVA UMA DE SUAS PENAS COM O BICO.

 

PENINHA, SEMPRE AO SEU LADO, OBSERVAVA EM SILÊNCIO. ELE SABIA QUE SUA TAREFA ERA IMPORTANTE E QUE NÃO PODIA DEIXAR DE VIGIAR FREDERICO, MESMO QUE O CORVO ESTIVESSE OCUPADO DEMAIS COM SUA PRÓPRIA IMAGEM. O PASSARINHO ERA CURIOSO, E ÀS VEZES SE PERGUNTAVA O QUE HAVIA DE TÃO ESPECIAL NO ESPELHO QUE DEIXAVA FREDERICO TÃO ENCANTADO.

 

— FREDERICO, POR QUE VOCÊ PASSA TANTO TEMPO SE OLHANDO NESSE ESPELHO? — PERGUNTOU PENINHA UM DIA, NÃO CONTENDO MAIS SUA CURIOSIDADE.

 

FREDERICO ERGUEU A CABEÇA COM UM AR DE SUPERIORIDADE E RESPONDEU:

 

— MEU PEQUENO AMIGO, ESTE ESPELHO É MÁGICO. ELE REFLETE NÃO APENAS A MINHA APARÊNCIA, MAS TAMBÉM A GRANDEZA DO MEU ESPÍRITO. CADA VEZ QUE ME OLHO NELE, VEJO A BELEZA QUE CARREGO POR DENTRO E POR FORA.

 

PENINHA INCLINOU A CABEÇA, PENSATIVO. ELE NÃO VIA A MESMA GRANDEZA QUE FREDERICO VIA, MAS SABIA QUE FREDERICO ERA SÁBIO E INTELIGENTE, ENTÃO NÃO DUVIDOU DE SUAS PALAVRAS.

 

OS DIAS PASSARAM, E FREDERICO CONTINUAVA A PASSAR HORAS DIANTE DO ESPELHO. PENINHA, FIEL COMO SEMPRE, PERMANECIA AO LADO, VIGIANDO QUALQUER SINAL DE PERIGO. ATÉ QUE, UM DIA, UM ESTRANHO SOM ECOOU PELA FLORESTA. PENINHA IMEDIATAMENTE SE ALARMOU.

 

— FREDERICO, EU OUÇO ALGO! ALGUÉM ESTÁ SE APROXIMANDO! — ALERTOU PENINHA, AGITANDO SUAS ASAS.

 

FREDERICO, ABSORTO EM SUA PRÓPRIA IMAGEM, MAL PRESTOU ATENÇÃO.

 

— AH, PENINHA, NÃO SE PREOCUPE. NINGUÉM OUSARIA INCOMODAR OS DEUSES ENQUANTO ESTOU AQUI. SOU O MENSAGEIRO DELES, LEMBRA? — RESPONDEU FREDERICO, SEM DESVIAR O OLHAR DO ESPELHO.

 

MAS PENINHA, SABENDO DA IMPORTÂNCIA DE SUA MISSÃO, INSISTIU.

 

— FREDERICO, POR FAVOR, PRECISAMOS INVESTIGAR. PODE SER ALGO SÉRIO!

 

FINALMENTE, FREDERICO AFASTOU-SE DO ESPELHO COM UM SUSPIRO E SEGUIU PENINHA. JUNTOS, VOARAM ATÉ O LOCAL DE ONDE O SOM VINHA. PARA SURPRESA DE FREDERICO, HAVIA UMA PEQUENA RAPOSA, ESPREITANDO ENTRE OS ARBUSTOS, PRONTA PARA ATACAR.

 

— VEJA SÓ, PENINHA, VOCÊ ESTAVA CERTO! — EXCLAMOU FREDERICO, SENTINDO UMA PONTADA DE VERGONHA POR TER IGNORADO O ALERTA DO PASSARINHO.

 

PENINHA, COM SUA CORAGEM E RAPIDEZ, VOOU EM CÍRCULOS AO REDOR DA RAPOSA, DISTRAINDO-A ENQUANTO FREDERICO USAVA SUA INTELIGÊNCIA PARA ELABORAR UM PLANO. JUNTOS, CONSEGUIRAM ESPANTAR A RAPOSA PARA LONGE, PROTEGENDO A FLORESTA E GARANTINDO A PAZ ENTRE OS DEUSES E OS MORTAIS.

 

DEPOIS DISSO, FREDERICO VOLTOU AO SEU ESPELHO, MAS DESSA VEZ ALGO HAVIA MUDADO. ELE NÃO SE ADMIRAVA TANTO COMO ANTES. EM VEZ DISSO, OLHOU PARA PENINHA COM GRATIDÃO.

 

— PENINHA, PERCEBO AGORA QUE A VERDADEIRA GRANDEZA NÃO ESTÁ APENAS NA BELEZA QUE VEJO NO ESPELHO, MAS NA LEALDADE E NA CORAGEM QUE VOCÊ DEMONSTROU. HOJE, VOCÊ ME ENSINOU ALGO VALIOSO.

 

PENINHA SORRIU, FELIZ POR TER SIDO ÚTIL AO SÁBIO FREDERICO. E, A PARTIR DAQUELE DIA, FREDERICO PASSAVA MENOS TEMPO DIANTE DO ESPELHO E MAIS TEMPO AGRADECENDO POR TER AO SEU LADO UM AMIGO TÃO FIEL E DEDICADO.

 

E ASSIM, A AMIZADE ENTRE O CORVO VAIDOSO E O PASSARINHO CURIOSO SE FORTALECEU, E JUNTOS, CONTINUARAM A PROTEGER A FLORESTA E A SERVIR AOS DEUSES, CADA UM COM SUAS HABILIDADES ÚNICAS, MAS AMBOS COM CORAÇÕES IGUALMENTE GRANDES.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 31/08/2024
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