ERA UMA VEZ UM MONGE TIBETANO MUITO VELHO CHAMADO LAMA TENZIN. ELE VIVIA EM UM MOSTEIRO NAS ALTAS MONTANHAS DO HIMALAIA, CERCADO POR PICOS COBERTOS DE NEVE E NUVENS QUE PARECIAM TOCAR O CÉU. LAMA TENZIN PASSAVA SEUS DIAS EM PROFUNDA MEDITAÇÃO, RECITANDO MANTRAS E CUIDANDO DO JARDIM DO MOSTEIRO. MAS, APESAR DE SUA FÉ INABALÁVEL, ELE CARREGAVA UMA CURIOSIDADE QUE NUNCA CONSEGUIA ACALMAR: O QUE ACONTECERIA APÓS O JULGAMENTO DE DEUS? COMO SERIA O CÉU? E O INFERNO?

 

CERTA NOITE, ENQUANTO O VENTO GELADO SIBILAVA PELAS JANELAS DO MOSTEIRO, LAMA TENZIN SE SENTOU PARA SUAS ORAÇÕES NOTURNAS. SEUS PENSAMENTOS VAGAVAM, E ELE SE PEGOU IMAGINANDO COMO SERIA A VIDA APÓS O JULGAMENTO. ELE FECHOU OS OLHOS E, EM MEIO AO SILÊNCIO, SENTIU UMA PRESENÇA SUAVE E ACOLHEDORA AO SEU LADO. QUANDO ABRIU OS OLHOS, VIU UM ANJO RESPLANDECENTE, COM ASAS LUMINOSAS E OLHOS QUE PARECIAM REFLETIR TODA A COMPAIXÃO DO UNIVERSO.

 

"LAMA TENZIN," DISSE O ANJO COM UMA VOZ SERENA, "SEI QUE TEM CURIOSIDADE SOBRE O CÉU E O INFERNO. GOSTARIA DE VISITÁ-LOS EM UM SONHO?"

 

O VELHO MONGE, SURPRESO, MAS CHEIO DE CURIOSIDADE, ASSENTIU COM A CABEÇA.

 

"ENTÃO, VAMOS," DISSE O ANJO, ESTENDENDO A MÃO. LAMA TENZIN PEGOU A MÃO DO ANJO E, EM UM PISCAR DE OLHOS, SE VIU EM UM LUGAR ESCURO E SOMBRIO. ELES ESTAVAM NO INFERNO.

 

O INFERNO ERA UM LUGAR FRIO E DESOLADO, MUITO DIFERENTE DO QUE LAMA TENZIN IMAGINARA. EM VEZ DE FOGO E LAVA, O INFERNO ERA UMA VASTA EXTENSÃO DE SOLIDÃO E TRISTEZA. AS ALMAS ALI ESTAVAM SENTADAS AO REDOR DE UMA MESA REPLETA DE COMIDA, MAS TODAS PARECIAM MISERÁVEIS. CADA UMA DELAS SEGURAVA UMA COLHER DE CABO MUITO LONGO, TÃO LONGO QUE, APESAR DA ABUNDÂNCIA DE COMIDA, NÃO CONSEGUIAM LEVÁ-LA À BOCA. POR MAIS QUE TENTASSEM, O ALIMENTO CAÍA AO CHÃO, E AS ALMAS GEMIAM DE FOME E DESESPERO.

 

LAMA TENZIN SENTIU UM APERTO NO CORAÇÃO AO VER AQUELE SOFRIMENTO. "QUE TERRÍVEL," PENSOU ELE. "ESTE É O INFERNO: A INCAPACIDADE DE ALIMENTAR A SI MESMO, MESMO QUANDO HÁ COMIDA EM ABUNDÂNCIA."

 

O ANJO OLHOU PARA ELE E, SEM DIZER UMA PALAVRA, SEGUROU SUA MÃO NOVAMENTE. EM UM INSTANTE, ELES ESTAVAM EM OUTRO LUGAR, UM LUGAR QUE IRRADIAVA PAZ E ALEGRIA. ELES ESTAVAM NO CÉU.

 

O CÉU ERA UM VASTO JARDIM, CHEIO DE LUZ E CORES VIVAS. O AR ERA PERFUMADO COM O AROMA DAS FLORES MAIS LINDAS QUE LAMA TENZIN JÁ HAVIA VISTO. LÁ TAMBÉM HAVIA UMA GRANDE MESA, REPLETA DE BANQUETES DELICIOSOS. AS ALMAS NO CÉU SEGURAVAM AS MESMAS COLHERES DE CABO LONGO QUE ELE VIRA NO INFERNO, MAS AQUI TODOS ESTAVAM FELIZES E SORRIDENTES. CADA ALMA USAVA A COLHER LONGA PARA ALIMENTAR A PESSOA AO LADO. HAVIA RISOS E CÂNTICOS, E O AMOR E A GENEROSIDADE ENCHIAM O AR.

 

LAMA TENZIN ENTENDEU, COM O CORAÇÃO CHEIO DE EMOÇÃO, QUE O CÉU E O INFERNO NÃO ERAM LUGARES SEPARADOS PELO ESPAÇO, MAS SIM PELO AMOR. NO INFERNO, AS ALMAS ERAM EGOÍSTAS E INCAPAZES DE PENSAR NOS OUTROS, ENQUANTO NO CÉU, TODOS VIVIAM EM HARMONIA, CUIDANDO UNS DOS OUTROS.

 

O ANJO OLHOU PARA LAMA TENZIN, COM UM SORRISO GENTIL. "AGORA, VOCÊ SABE A DIFERENÇA," DISSE ELE.

 

LAMA TENZIN ACORDOU EM SEU QUARTO NO MOSTEIRO, COM O CORAÇÃO LEVE E CHEIO DE COMPREENSÃO. ELE AGRADECEU AO UNIVERSO PELA LIÇÃO QUE APRENDERA E DECIDIU QUE, ENQUANTO ESTIVESSE VIVO, VIVERIA SUA VIDA DA MESMA FORMA QUE AS ALMAS DO CÉU, SEMPRE COLOCANDO OS OUTROS EM PRIMEIRO LUGAR.

 

E ASSIM, LAMA TENZIN PASSOU O RESTO DE SEUS DIAS EM PAZ, CERTO DE QUE, QUANDO CHEGASSE O MOMENTO DE SEU JULGAMENTO, ELE ENCONTRARIA O MESMO AMOR E BONDADE QUE VIRA NO CÉU EM SEU SONHO.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 29/08/2024
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