ERA UMA VEZ UM VIAJANTE HINDU QUE, DEPOIS DE MUITOS DIAS DE CAMINHADA, CHEGOU A UMA CIDADE DESCONHECIDA. CANSADO E FAMINTO, ELE ENCONTROU UMA GRANDE ÁRVORE À BEIRA DO CAMINHO E DECIDIU DESCANSAR À SUA SOMBRA. O CALOR DO DIA ERA SUAVE, E O SOM DAS FOLHAS BALANÇANDO AO VENTO FEZ O HINDU ADORMECER RAPIDAMENTE.

 

ENQUANTO ELE DORMIA, SONHOU COM SHIVA, O DEUS QUE TANTO VENERAVA, MAS LOGO FOI DESPERTADO POR UM HOMEM QUE O CHACOALHAVA ANSIOSAMENTE.

 

— EU QUERO A PEDRA! — EXCLAMOU O HOMEM, COM OS OLHOS BRILHANDO DE EXPECTATIVA.

 

O HINDU, AINDA MEIO SONOLENTO, TENTOU ENTENDER O QUE O HOMEM QUERIA DIZER.

 

— DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO? — PERGUNTOU, ESFREGANDO OS OLHOS.

 

— ONTEM À NOITE, SONHEI QUE SHIVA ME DIZIA PARA ENCONTRAR UM HINDU DORMINDO AOS PÉS DE UMA ÁRVORE, E QUE ELE ME DARIA UMA PEDRA MUITO GRANDE QUE ME DEIXARIA RICO PARA SEMPRE!

 

O HINDU ENTÃO SE LEMBROU QUE, NO CAMINHO PARA A CIDADE, HAVIA ENCONTRADO UMA PEDRA BONITA E A GUARDADO EM SUA BOLSA. SEM PENSAR DUAS VEZES, ELE A PEGOU E ENTREGOU AO HOMEM.

 

OS OLHOS DO HOMEM SE ARREGALARAM DE ALEGRIA QUANDO VIU QUE A PEDRA ERA, NA VERDADE, UM IMENSO DIAMANTE QUE RELUZIA SOB A LUZ DO SOL. ELE PULOU DE FELICIDADE, AGRADECEU RAPIDAMENTE AO HINDU E SAIU CORRENDO, ANSIOSO PARA DESFRUTAR DA RIQUEZA QUE AGORA POSSUÍA.

 

NAQUELA NOITE, PORÉM, O HOMEM NÃO CONSEGUIU DORMIR. EMBORA ESTIVESSE COM O DIAMANTE NAS MÃOS, UM SENTIMENTO DE INQUIETAÇÃO TOMAVA CONTA DE SEU CORAÇÃO. ELE ROLAVA NA CAMA, SE PERGUNTANDO COMO ALGUÉM PODERIA SE DESFAZER DE ALGO TÃO VALIOSO COM TANTA FACILIDADE. COMO O HINDU, QUE PARECIA TÃO SIMPLES E SERENO, HAVIA ENTREGADO O DIAMANTE SEM PESTANEJAR?

 

NO DIA SEGUINTE, O HOMEM PROCUROU O HINDU POR TODA A CIDADE. QUANDO FINALMENTE O ENCONTROU, O HOMEM ESTAVA SENTADO TRANQUILAMENTE À SOMBRA DA MESMA ÁRVORE, COMO SE NADA TIVESSE ACONTECIDO.

 

— NÃO QUERO MAIS A PEDRA — DISSE O HOMEM, DEVOLVENDO O DIAMANTE. — EU QUERO A RIQUEZA QUE VOCÊ TEM, ESSA QUE FAZ POSSÍVEL VOCÊ SE DESFAZER DE UM DIAMANTE PRECIOSO DE MANEIRA TÃO FÁCIL.

 

O HINDU SORRIU GENTILMENTE E RESPONDEU:

 

— A VERDADEIRA RIQUEZA NÃO ESTÁ NAS COISAS MATERIAIS, MAS NA PAZ QUE CARREGAMOS DENTRO DE NÓS. EU ENCONTREI MINHA PAZ NA SIMPLICIDADE E NA GRATIDÃO PELO QUE TENHO, E ISSO VALE MAIS DO QUE QUALQUER DIAMANTE.

 

O HOMEM OUVIU ATENTAMENTE AS PALAVRAS DO HINDU E FICOU EM SILÊNCIO POR UM MOMENTO. EM SEGUIDA, DEVOLVEU O DIAMANTE, SEM DIZER MAIS NADA. O HINDU, COM UM SORRISO LEVE, GUARDOU A PEDRA DE VOLTA EM SUA BOLSA, COMO SE FOSSE APENAS MAIS UMA ENTRE TANTAS OUTRAS COISAS.

 

SEM MAIS PALAVRAS, O HOMEM SE DESPEDIU COM UM ACENO E VOLTOU PELO CAMINHO DE ONDE HAVIA VINDO, AGORA COM PASSOS MAIS LENTOS E PENSATIVOS. O HINDU, POR SUA VEZ, PERMANECEU SENTADO SOB A SOMBRA DA ÁRVORE, TRANQUILO, OBSERVANDO O SOL QUE COMEÇAVA A SE PÔR NO HORIZONTE.

 

E ASSIM, O DIA TERMINOU, ENQUANTO A CIDADE SE PREPARAVA PARA A NOITE QUE VINHA CHEGANDO. O HINDU FECHOU OS OLHOS NOVAMENTE, DEIXANDO-SE EMBALAR PELO SOM SUAVE DAS FOLHAS AO VENTO, E O HOMEM SEGUIU SEU CAMINHO, SEM OLHAR PARA TRÁS.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 28/08/2024
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