NA PEQUENA CIDADE DE VERDEJANTE, HAVIA UMA LENDA ANTIGA SOBRE UMA PONTE QUE CONECTAVA A CIDADE À MISTERIOSA FLORESTA DOS ANTÍLOPES. DIZIAM QUE A PONTE HAVIA SIDO AMALDIÇOADA POR LÚCIFER, E, POR ISSO, OS MORADORES EVITAVAM AO MÁXIMO ATRAVESSÁ-LA.
NO VILAREJO, VIVIA UMA MENINA CHAMADA ESTELA, QUE ADORAVA HISTÓRIAS DE AVENTURA E MISTÉRIO. SEU AVÔ, O SENHOR JOÃO, ERA O ÚNICO QUE CONHECIA A VERDADE SOBRE A PONTE AMALDIÇOADA, E SEMPRE LHE CONTAVA HISTÓRIAS SOBRE OS PERIGOS QUE A AGUARDAVAM. UM DIA, A CURIOSIDADE DE ESTELA FOI MAIOR QUE SEU MEDO, E ELA DECIDIU QUE ERA HORA DE DESCOBRIR O QUE REALMENTE ACONTECIA NA PONTE DOS ANTÍLOPES.
— AVÔ, PRECISO SABER A VERDADE SOBRE A PONTE — DISSE ESTELA, DETERMINADA.
— MINHA QUERIDA, ESSA PONTE É PERIGOSA. TODOS OS ANTÍLOPES QUE TENTARAM ATRAVESSÁ-LA GANHARAM DOIS CHIFRES EXTRAS. ELES SE TORNAM BESTAS DE QUATRO CHIFRES, E A FLORESTA NUNCA MAIS OS DEIXA VOLTAR — ALERTOU O SENHOR JOÃO.
MESMO COM AS ADVERTÊNCIAS, ESTELA SE PREPAROU PARA A SUA JORNADA. ELA VESTIU SEU CASACO MAIS RESISTENTE, PEGOU UMA LANTERNA E LEVOU UMA BÚSSOLA. A MENINA SAIU EM DIREÇÃO À PONTE AO ENTARDECER, QUANDO O SOL JÁ SE PUNHA E A LUA COMEÇAVA A ILUMINAR A FLORESTA.
QUANDO CHEGOU À PONTE DOS ANTÍLOPES, ESTELA PAROU PARA OBSERVAR A CONSTRUÇÃO ANTIGA E IMPONENTE. ELA ERA FEITA DE PEDRAS NEGRAS E HAVIA MARCAS MISTERIOSAS NAS SUAS BORDAS. COM UMA PROFUNDA RESPIRAÇÃO, A MENINA DEU SEU PRIMEIRO PASSO.
ENQUANTO CAMINHAVA, ESTELA OUVIA SUSSURROS CARREGADOS PELO VENTO. PALAVRAS DESCONEXAS, ADVERTÊNCIAS E, POR VEZES, RISADAS MACABRAS. NO MEIO DA PONTE, ELA SENTIU UM ARREPIO E NOTOU UM ANTÍLOPE OLHANDO-A FIXAMENTE. O ANIMAL PARECIA DIFERENTE, COM DOIS CHIFRES EXTRAS QUE RELUZIAM À LUZ DA LUA.
— NÃO VÁ ALÉM, PEQUENA HUMANA — DISSE O ANTÍLOPE DE QUATRO CHIFRES. — ESSA FLORESTA GUARDA SEGREDOS SOMBRIOS, E LÚCIFER NÃO GOSTA DE INTRUSOS.
MAS ESTELA, CORAJOSA E DETERMINADA, CONTINUOU ANDANDO. ELA SABIA QUE PRECISAVA ATRAVESSAR A PONTE PARA QUEBRAR A MALDIÇÃO QUE ASSOMBRAVA SEU POVO. DE REPENTE, A PONTE COMEÇOU A TREMER, E UM RUGIDO ENSURDECEDOR ECOOU PELA FLORESTA.
— VOCÊ OUSA DESAFIAR O GUARDIÃO DA FLORESTA? — UMA VOZ GRAVE E PROFUNDA TROVEJOU.
ESTELA NÃO CONSEGUIA IDENTIFICAR DE ONDE VINHA A VOZ, MAS SABIA QUE ERA LÚCIFER EM PESSOA. COM UM NÓ NA GARGANTA, A MENINA GRITOU COM TODA A SUA CORAGEM:
— EU NÃO TEMO A ESCURIDÃO! VIM LIBERTAR OS ANTÍLOPES E TRAZER PAZ À MINHA CIDADE!
NO MESMO INSTANTE, UMA LUZ INTENSA ENVOLVEU A PONTE, E ESTELA SENTIU UMA FORÇA ESTRANHA ATRAVESSÁ-LA. OS CHIFRES DO ANTÍLOPE COMEÇARAM A BRILHAR, E ELE SE TRANSFORMOU EM UMA CRIATURA MAJESTOSA, COM UM PAR DE ASAS DOURADAS.
— OBRIGADO, PEQUENA HEROÍNA — DISSE O ANTÍLOPE, AGORA ALADO. — SEU CORAÇÃO PURO QUEBROU A MALDIÇÃO DE LÚCIFER. OS ANTÍLOPES VOLTARÃO A SER LIVRES!
COM UM SORRISO, ESTELA VIU TODOS OS ANTÍLOPES ATRAVESSAREM A PONTE, VOLTANDO PARA SUAS FAMÍLIAS NA FLORESTA DOS ANTÍLOPES. ELA, POR SUA VEZ, CAMINHOU DE VOLTA PARA CASA, SABENDO QUE SUA CORAGEM MUDARA O DESTINO DE MUITOS.
A PARTIR DAQUELE DIA, A PONTE DOS ANTÍLOPES FICOU CONHECIDA COMO A PASSAGEM DA BRAVURA, E ESTELA, A HEROÍNA QUE DESAFIOU O INIMIGO DE QUATRO CHIFRES. E ASSIM, A CIDADE DE VERDEJANTE VIVEU EM PAZ, SEM NUNCA MAIS TEMER OS MISTÉRIOS DA FLORESTA.