Valhala Tupiniquim
Pela infelicidade estou aqui, Valhala tupiniquim. Marechal Teodorico Lemos Nepomuceno me ordenou destruir uma comunidade no meio do sertão, e agora estou aqui, morto e subordinado aos folgados que não lutam a própria guerra.
De início e fim liderei duzentos homens para desfazer essa aglomeração de hereges, cultuadores da morte. Marchamos da capital até esse lugar distante e isolado.
Ao chegar lá, estavam todos os habitantes tranquilos, na varanda das casas, bebendo chá e comendo biscoito de polvilho. Uma imagem bela, se não fosse pelas lápides que circundavam o vilarejo, e um gongo enorme no centro. Nesse momento percebi que cultuavam a morte, mas não o motivo para isso.
Uma criança que corria pela vila avistou minhas tropas, e logo correu para a casa mais próxima.
Fiquei com receio de matar crianças e pessoas tão calmas, e nem precisei. Um rapaz forte deixou uma xícara de café numa mesinha e foi até o gongo. Tocou com toda força, ensurdecendo-nos.
Nesse momento saíam cadáveres armados das lápides. Ordenei para que meus homens atacassem, e então atacaram.
Os cadáveres eram homens, mulheres, esqueletos, cães... tudo o que poderia ter habitado a vila um dia.
Dávamos tiros, mas eles continuavam implacáveis, com sabres nas mãos, espetando o coração de todos meus homens que eles alcançavam.
Alguns soldados fugiram como covardes, mas eu não tive essa atitude patética. Atirei até uma mulher pútrida me espetar com uma rapieira. Caí duro no chão.
No ínicio minha visão ficou negra, completamente incolor. Depois listras densas e vermelhas subiam como cobras sendo hipnotizadas. Em seguida acordei, com a visão negra novamente, e uma única certeza: quando o gongo tocar terei que sair da terra seca e lutar.