NO ALTO DO MORRO DO PARANAMBUCO, UMA PEQUENA ALDEIA DE PESCADORES REPOUSAVA, ENVOLTA PELO CHEIRO DE MARESIA E O SOM CONSTANTE DAS ONDAS QUEBRANDO NAS ENORMES PEDRAS QUE CERCAVAM O LUGAR. ESSAS ROCHAS FORMAVAM O FAMOSO “PORTAL MÍSTICO,” UM LOCAL CERCADO DE LENDAS E HISTÓRIAS DE FANTASMAS QUE INTRIGAVAM E ASSUSTAVAM OS MORADORES.

 

ISIDORO ERA UM DOS PESCADORES MAIS EXPERIENTES DA ALDEIA. COM SEUS OLHOS AZUIS BRILHANTES E UM SORRISO QUE ILUMINAVA QUALQUER DIA NUBLADO, ELE ERA QUERIDO POR TODOS. NUMA MANHÃ CHUVOSA, ISIDORO PARTIU EM SEU BARCO, COMO FAZIA TODOS OS DIAS, PARA MAIS UMA JORNADA DE PESCA. MAS NAQUELA TARDE, O MAR ESTAVA FURIOSO. ONDAS GIGANTESCAS ENGOLIRAM O PEQUENO BARCO DE ISIDORO, E ELE DESAPARECEU SEM DEIXAR RASTROS.

 

OS DIAS SE PASSARAM, E A ALDEIA MERGULHOU EM TRISTEZA E DESESPERO. TODOS SE REUNIAM NO MORRO AO PÔR DO SOL, NA ESPERANÇA DE VEREM UM SINAL DE ISIDORO. FOI ENTÃO QUE, NUMA NOITE DE LUA CHEIA, ALGO EXTRAORDINÁRIO ACONTECEU. NO ALTO DO MORRO DO PARANAMBUCO, SURGIU UMA CAVEIRA INCANDESCENTE, COM OS OLHOS ILUMINADOS COMO ESTRELAS. A CAVEIRA, COM UMA VOZ PROFUNDA E ARREPIANTE, GRITAVA CONTINUAMENTE PARA QUE TODOS ORASSEM PELA SUA SALVAÇÃO.

 

OS PESCADORES E SUAS FAMÍLIAS, APAVORADOS E MARAVILHADOS, COMEÇARAM A SE REUNIR EM VOLTA DA CAVEIRA DE OLHOS ILUMINADOS TODAS AS NOITES. AS CRIANÇAS SE ABRAÇAVAM ÀS MÃES, ENQUANTO OS HOMENS, DE JOELHOS, ORAVAM COM MUITA FÉ.

 

"QUE VOCÊS OREM POR ISIDORO!" A CAVEIRA CLAMAVA, SEUS OLHOS BRILHANDO MAIS INTENSAMENTE A CADA NOITE.

 

UMA DESSAS CRIANÇAS, JOÃOZINHO, UM MENINO DE OITO ANOS COM UMA IMAGINAÇÃO FÉRTIL, DECIDIU INVESTIGAR O MISTÉRIO. ELE SEMPRE ACREDITOU QUE HAVIA MAIS NA HISTÓRIA DO QUE APENAS UM FANTASMA. MUNIDO DE CORAGEM, JOÃOZINHO ESPEROU ATÉ QUE TODOS NA ALDEIA ESTIVESSEM DORMINDO E, ESCONDIDO ENTRE AS PEDRAS DO PORTAL MÍSTICO, COMEÇOU A EXPLORAR.

 

ELE ENCONTROU UMA PEQUENA CAVERNA ESCONDIDA ENTRE AS ROCHAS. COM UMA LANTERNA ACESA NA MÃO, JOÃOZINHO ADENTROU A CAVERNA. NO FUNDO, ELE ENCONTROU ALGO SURPREENDENTE: ISIDORO, VIVO, MAS CONFUSO E ENFRAQUECIDO. O PESCADOR EXPLICOU QUE, APÓS O NAUFRÁGIO, ELE FOI SALVO POR UM GRUPO DE GOLFINHOS E LEVADO ATÉ AQUELA CAVERNA, MAS ESTAVA GRAVEMENTE FERIDO E NÃO CONSEGUIA SAIR SOZINHO.

 

"EU ENCONTREI ESTA CAVEIRA ANTIGA NA CAVERNA E, NUMA TENTATIVA DESESPERADA DE CHAMAR A ATENÇÃO DE VOCÊS, COLOQUEI VELAS NOS OLHOS DELA," EXPLICOU ISIDORO. "FIZ ISSO PARA QUE VOCÊS PERCEBECEM E VIESSEM ME PROCURAR."

 

JOÃOZINHO, COM SUA PEQUENA ESTATURA E MUITA DETERMINAÇÃO, CONSEGUIU AJUDAR ISIDORO A SAIR DA CAVERNA. ELES DESCERAM O MORRO JUNTOS, E A ALDEIA INTEIRA COMEMOROU O RETORNO DE SEU QUERIDO PESCADOR. A CAVEIRA INCANDESCENTE DESAPARECEU, MAS A HISTÓRIA DELA FICOU GRAVADA NAS LENDAS DO MORRO DO PARANAMBUCO.

 

A PARTIR DAQUELE DIA, TODAS AS NOITES, OS MORADORES SE REUNIAM PARA ORAR E AGRADECER O MILAGRE DO PESCADOR TER SIDO SALVO DA FÚRIA DO MAR.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 27/07/2024
Reeditado em 27/07/2024
Código do texto: T8115625
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