NA CLAREIRA DA FLORESTA, ONDE O RIO FAZIA UMA CURVA SERENA, HAVIA UMA CABANA FEITA DE MADEIRA ANTIGA, RECOBERTA POR MUSGO E HERAS QUE SUBIAM PELAS PAREDES DE TRONCOS ROBUSTOS. ESTA ERA A MORADA DE MARY JANE, UMA BRUXA QUE VIVIA ISOLADA DO POVOADO.

 

MARY JANE ERA UMA FIGURA IMPONENTE E MISTERIOSA. SEUS LONGOS CABELOS NEGROS ERAM COMO A ESCURIDÃO DA NOITE, E SEUS OLHOS VERDES BRILHAVAM COM UMA INTENSIDADE QUASE HIPNÓTICA. SUA PELE ERA PÁLIDA, E ELA SEMPRE VESTIA UM MANTO ESCURO, ADORNADO COM PEQUENOS TALISMÃS E ERVAS SECAS. AO REDOR DE SEU PESCOÇO, PENDIA UM COLAR COM UM CRISTAL AZUL QUE, DIZIAM, ERA A FONTE DE SEU PODER.

 

A CABANA DE MARY JANE ERA UM LUGAR FASCINANTE E UM POUCO ASSUSTADOR. AS JANELAS ERAM PEQUENAS E CIRCULARES, COM VIDRAÇAS COLORIDAS QUE REFLETIAM A LUZ DO SOL EM TONS DE AZUL E VERDE, CRIANDO UM EFEITO ENCANTADOR NO INTERIOR. NO TELHADO, EMPOLEIRADA NO PONTO MAIS ALTO, ESTAVA SUA FIEL COMPANHEIRA, UMA CORUJA DE PENAS BRANCAS COM OLHOS PENETRANTES. QUANDO A CORUJA PIAVA, O SOM ERA TÃO HORRÍVEL E GÉLIDO QUE FAZIA GELAR O CORAÇÃO DAS PESSOAS QUE O OUVIAM.

 

DENTRO DA CABANA, AS PAREDES ESTAVAM REPLETAS DE PRATELEIRAS ABARROTADAS DE FRASCOS, VIDROS E POTES CONTENDO INGREDIENTES EXÓTICOS: RAÍZES, ERVAS, FLORES SECAS E LÍQUIDOS DE CORES ESTRANHAS. UM CALDEIRÃO DE FERRO REPOUSAVA SOBRE UMA LAREIRA, SEMPRE COM ALGUMA POÇÃO BORBULHANDO. O CHÃO ERA COBERTO POR TAPETES DESGASTADOS, E O AR ESTAVA SEMPRE PERFUMADO COM O AROMA DAS ERVAS QUE MARY JANE USAVA EM SEUS FEITIÇOS.

 

MARY JANE NÃO ERA UMA BRUXA MALIGNA, APESAR DE SUA APARÊNCIA ASSUSTADORA E DOS RUMORES QUE CORRIAM PELO POVOADO. ELA HAVIA AMANSADO TODOS OS MONSTROS DO RIO COM UM FEITIÇO PODEROSO E PASSAVA SEUS DIAS CONVERSANDO COM AS CRIATURAS QUE HABITAVAM AS ÁGUAS ESCURAS E MISTERIOSAS. SAPOS GIGANTES, PEIXES DE CORES BRILHANTES E ATÉ UM CROCODILO ANCIÃO ERAM SEUS AMIGOS E CONFIDENTES.

 

NO ENTANTO, HAVIA ALGO AINDA MAIS ESTRANHO SOBRE MARY JANE. QUANDO ELA DESAPARECIA EM SUAS MISTERIOSAS AUSÊNCIAS, UMA FUMAÇA ESPESSA E PERFUMADA SAÍA PELA CHAMINÉ DA CABANA. OS HABITANTES DA FLORESTA ACREDITAVAM QUE ELA SE ENCONTRAVA COM UM LOBISOMEM, UMA CRIATURA FEROZ E INDOMÁVEL QUE VIVIA NAS PROFUNDEZAS DA MATA. ALGUNS DIZIAM QUE MARY JANE E O LOBISOMEM TINHAM UM PACTO ANTIGO, SELADO COM MAGIA ANTIGA E PODEROSA.

 

CERTA NOITE, DURANTE UMA LUA CHEIA, A FLORESTA FICOU EM COMPLETO SILÊNCIO. MARY JANE HAVIA DESAPARECIDO MAIS UMA VEZ, E A FUMAÇA SAÍA DA CHAMINÉ, SUBINDO EM ESPIRAIS MÁGICAS PELO CÉU ESTRELADO. OS ANIMAIS DA FLORESTA SE RECOLHERAM, TEMEROSOS DO QUE PODERIA ACONTECER.

 

NO ENTANTO, MARY JANE RETORNOU AO AMANHECER, COM UM BRILHO DIFERENTE NOS OLHOS E UM SORRISO MISTERIOSO NOS LÁBIOS. ELA ENTROU EM SUA CABANA, SEGUIDA PELA CORUJA QUE PIOU MAIS UMA VEZ, EMITINDO AQUELE SOM HORRÍVEL QUE GELAVA O CORAÇÃO. AS CRIATURAS DO RIO VIERAM SAUDÁ-LA, E ELA COMEÇOU A PREPARAR UMA NOVA POÇÃO, MURMURANDO PALAVRAS ANTIGAS E SECRETAS.

 

E ENTÃO, O VERDADEIRO SEGREDO DE MARY JANE FOI REVELADO: O LOBISOMEM COM QUEM ELA SE ENCONTRAVA ERA, NA VERDADE, SEU IRMÃO, AMALDIÇOADO POR UM FEITIÇO ANTIGO QUE APENAS MARY JANE PODERIA CONTROLAR. A CADA LUA CHEIA, ELA SE ENCONTRAVA COM ELE PARA TENTAR REVERTER A MALDIÇÃO E LIBERTÁ-LO DE SUA FORMA BESTIAL. ASSIM, A CABANA DE MARY JANE PERMANECIA UM LUGAR DE MISTÉRIO E MAGIA, ONDE A BRUXA E SUA CORUJA GUARDAVAM SEGREDOS QUE POUCOS OUSAVAM DESCOBRIR, MAS SEMPRE COM A ESPERANÇA DE UM DIA QUEBRAR A TERRÍVEL MALDIÇÃO QUE ASSOLAVA SUA FAMÍLIA.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 23/07/2024
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