ERA UMA VEZ UMA BRUXA CHAMADA SALENKA, VELHA COMO AS MONTANHAS, COM RUGAS PROFUNDAS, VERRUGAS ASSUSTADORAS E UMA APARÊNCIA SUJA E MALTRAPILHA. CARREGAVA SEMPRE UM SACO ÀS COSTAS E VIVIA SOZINHA EM UM LUGAR SOTURNO, ONDE REINAVAM A ESCURIDÃO E O SILÊNCIO. LÁ TAMBÉM VIVIAM DOIS INTRUSOS, UM GATO E UM RATO, QUE SE ESCONDIAM EM CADA CANTO SOMBRIO DAQUELA CASA.

 

SALENKA ERA UMA BRUXA MAL-HUMORADA E NUNCA DIVIDIA SUAS REFEIÇÕES COM O GATO QUE ALI VIVIA. O POBRE FELINO SEMPRE OBSERVAVA, FAMINTO, ENQUANTO A BRUXA PREPARAVA SUAS POÇÕES E REFEIÇÕES MISTERIOSAS. O RATO, POR OUTRO LADO, ERA TRAVESSO E APROVEITAVA A DISTRAÇÃO DA BRUXA PARA ABRIR A GELADEIRA E ROUBAR SEUS DELICIOSOS QUEIJOS.

 

CERTA NOITE, UMA TEMPESTADE FURIOSA TOMOU CONTA DO BOSQUE ONDE A BRUXA VIVIA. UM PRÍNCIPE, EM BUSCA DE ABRIGO, SE ESCONDEU DEBAIXO DE UMA ÁRVORE PARA FUGIR DOS RELÂMPAGOS E TROVÕES. DE REPENTE, ELE AVISTOU O GATO, QUE FAZIA UM SINAL COMO SE ESTIVESSE CHAMANDO-O. CURIOSO, O PRÍNCIPE SEGUIU O GATO E, ASSIM QUE SE AFASTOU DA ÁRVORE, UM RAIO A ATINGIU EM CHEIO.

 

— UAU! VOCÊ ME SALVOU! — EXCLAMOU O PRÍNCIPE, OLHANDO PARA O GATO COM GRATIDÃO.

 

O PRÍNCIPE, POR TER SIDO SALVO PELO GATO, DECIDIU DOAR MUITO DINHEIRO PARA AJUDAR SALENKA A FABRICAR SUAS POÇÕES MÁGICAS.

 

— MINHA CARA BRUXA, TOME ESTE DINHEIRO E USE-O PARA MELHORAR SUAS POÇÕES E SUA VIDA — DISSE O PRÍNCIPE, ENTREGANDO UM SACO DE MOEDAS DE OURO PARA SALENKA.

 

— AH, OBRIGADA, NOBRE PRÍNCIPE! — RESPONDEU SALENKA, COM UM SORRISO DESDENTADO.

 

ENQUANTO ISSO, O RATO, SENTINDO-SE HUMILHADO POR NÃO RECEBER A MESMA ATENÇÃO, ESPIAVA PELO BURACO NA PAREDE. VIU SALENKA E O PRÍNCIPE ABRINDO UM PACOTE E, CHEIO DE CURIOSIDADE, PENSOU LOGO NO TIPO DE COMIDA QUE HAVERIA ALI. PORÉM, AO DESCOBRIR QUE ERA UMA RATOEIRA, FICOU ATERRORIZADO.

 

— UMA RATOEIRA?! — EXCLAMOU O RATO, COM OS OLHOS ARREGALADOS. — A BRUXA QUER SE LIVRAR DE MIM!

 

SALENKA, CANSADA DE VER SUA GELADEIRA SENDO ABERTA TODOS OS DIAS E SEUS QUEIJOS SENDO ROUBADOS PELO MINÚSCULO RATINHO TRAVESSO, HAVIA DECIDIDO QUE ERA HORA DE SE LIVRAR DELE.

 

— FINALMENTE, VOU ME VER LIVRE DAQUELE RATO LADRÃO! — MURMUROU SALENKA, COLOCANDO A RATOEIRA NO CHÃO.

 

O RATO, COM MEDO, CORREU PARA AVISAR O GATO.

 

— GATO, PRECISAMOS FAZER ALGO! SALENKA QUER ME PEGAR COM UMA RATOEIRA! — DISSE O RATO, DESESPERADO.

 

O GATO, QUE TINHA UM CORAÇÃO BONDOSO, DECIDIU AJUDAR O RATO.

 

— NÃO SE PREOCUPE, RATO. TENHO UM PLANO — DISSE O GATO, COM UM SORRISO ASTUTO.

 

NAQUELA NOITE, ENQUANTO SALENKA DORMIA, O GATO E O RATO TRABALHARAM JUNTOS PARA DESATIVAR A RATOEIRA E SUBSTITUIR O QUEIJO POR UM PEDAÇO DE SABÃO. QUANDO A BRUXA ACORDOU, ENCONTROU A RATOEIRA COM O SABÃO MORDIDO E FICOU FURIOSA.

 

— MAS O QUE É ISSO?! — GRITOU SALENKA, SEGURANDO O SABÃO MORDIDO. — RATOS COMENDO SABÃO?!

 

O RATO, ESCONDIDO, RIU BAIXINHO E OLHOU PARA O GATO COM GRATIDÃO.

 

— OBRIGADO, GATO. VOCÊ ME SALVOU DESTA VEZ — DISSE O RATO.

 

— NÃO FOI NADA, RATO. AMIGOS AJUDAM AMIGOS — RESPONDEU O GATO, PISCANDO UM OLHO.

 

A PARTIR DAQUELE DIA, SALENKA COMEÇOU A DESCONFIAR QUE HAVIA ALGO DE ESTRANHO ACONTECENDO EM SUA CASA. E O RATO, SEMPRE ESPERTO, CONTINUOU A VIVER SUAS AVENTURAS TRAVESSAS, ENQUANTO O GATO OBSERVAVA TUDO COM SEU OLHAR VIGILANTE.

 

E ASSIM, NO DIA A DIA SOMBRIO DAQUELA CASA, A BRUXA, O GATO E O RATO CONTINUARAM SUAS VIDAS CHEIAS DE HUMOR E TRAVESSURAS.

 

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 18/07/2024
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