ERA UMA VEZ, NO CORAÇÃO DE UMA FLORESTA ESCURA E DENSA, UMA VELHA BRUXA CHAMADA DONA LÉIA, CONHECIDA POR TODOS COMO BRUXA LELÉ DA CABEÇA. DONA LÉIA TINHA UMA CABANA TORTA, CERCADA POR PLANTAS CARNÍVORAS E FUNGOS LUMINOSOS, ONDE PASSAVA SEUS DIAS CRIANDO POÇÕES E FEITIÇOS.

 

CERTA MANHÃ, ENQUANTO MEXIA SEU CALDEIRÃO DE POÇÕES, BRUXA LELÉ DA CABEÇA DECIDIU QUE ESTAVA COM FOME. MAS NÃO ERA UMA FOME COMUM, ERA UMA VONTADE IRRESISTÍVEL DE COMER ALGO ESPECIAL. FOI ENTÃO QUE LEMBROU DO VELHO LIVRO DE RECEITAS ENCANTADAS QUE PERTENCIA À SUA BISAVÓ, A FAMOSA BRUXA ZULEIKA.

 

BRUXA LELÉ, COM SEUS CABELOS DESGRENHADOS E NARIZ PONTUDO, CORREU PARA O FUNDO DE SUA CABANA, ABRINDO UMA PESADA ARCA DE MADEIRA. DE LÁ, RETIROU UM LIVRO EMPOEIRADO COM UMA CAPA DE COURO DESGASTADO. AO ABRIR O LIVRO, ENCONTROU A RECEITA QUE FAZIA SEU ESTÔMAGO RONCAR DE ANSIEDADE: SOPA DE OLHOS DE SAPO.

 

"ESSA SOPA VAI SER DELICIOSA!" EXCLAMOU, COM UM SORRISO TORTO NO ROSTO.

 

A RECEITA EXIGIA INGREDIENTES ESPECIAIS: OLHOS DE SAPO FRESCOS, RAÍZES DE MANDRÁGORA, PENAS DE CORVO E UMA PITADA DE PÓ DE ESTRELAS. COM SEU CHAPÉU PONTUDO BALANÇANDO DE UM LADO PARA O OUTRO, BRUXA LELÉ SAIU EM BUSCA DOS OLHOS DE SAPO.

 

ELA SALTITOU ATÉ UM PÂNTANO PRÓXIMO, ONDE OS SAPOS COAXAVAM ALEGREMENTE. COM UM RÁPIDO FEITIÇO, TRANSFORMOU TODOS OS SAPOS EM PEDRA, MENOS OS OLHOS, QUE FICARAM FLUTUANDO NO AR. SATISFEITA COM SUA COLHEITA, VOLTOU PARA A CABANA, CANTANDO UMA ANTIGA CANÇÃO DE BRUXA.

 

DE VOLTA À CABANA, COMEÇOU A PREPARAR A SOPA. PRIMEIRO, FERVEU UMA GRANDE PANELA DE ÁGUA, DEPOIS ADICIONOU AS RAÍZES DE MANDRÁGORA E AS PENAS DE CORVO. FINALMENTE, JOGOU OS OLHOS DE SAPO NA PANELA, QUE COMEÇARAM A BORBULHAR E BRILHAR COMO PEQUENOS DIAMANTES.

 

ENQUANTO A SOPA COZINHAVA, O CHEIRO SE ESPALHAVA PELA FLORESTA, ATRAINDO CURIOSIDADE. O CORVO CACO, QUE SEMPRE ESPIAVA PELAS JANELAS DA CABANA, VOOU PARA DENTRO E POUSOU NO OMBRO DE DONA LÉIA.

 

"VOCÊ SABE QUE OLHOS DE SAPO NÃO SÃO PARA COMER, NÃO É, DONA LÉIA?" PERGUNTOU CACO, CURIOSO.

 

"AH, MAS É CLARO QUE SÃO! MINHA BISAVÓ SEMPRE DIZIA QUE A SOPA DE OLHOS DE SAPO É O PRATO MAIS DELICIOSO E MÁGICO DE TODOS!" RESPONDEU A BRUXA, LAMBENDO OS LÁBIOS.

 

QUANDO A SOPA FICOU PRONTA, BRUXA LELÉ NÃO PERDEU TEMPO. SERVIU-SE DE UMA TIGELA GENEROSA E COMEÇOU A COMER COM VORACIDADE. MAS, À MEDIDA QUE DEVORAVA A SOPA, ALGO ESTRANHO COMEÇOU A ACONTECER. SEUS OLHOS COMEÇARAM A BRILHAR, E DE REPENTE, ELA VIU O MUNDO DE UMA MANEIRA COMPLETAMENTE NOVA. CADA GOTA DA SOPA PARECIA LHE DAR UMA VISÃO DIFERENTE: ELA PODIA VER ATRAVÉS DAS ÁRVORES, ATRAVÉS DAS PAREDES DE SUA CABANA, E ATÉ ATRAVÉS DO PRÓPRIO TEMPO.

 

"QUE MARAVILHA! NUNCA VI NADA ASSIM!" EXCLAMOU, RINDO HISTERICAMENTE.

 

CACO, OBSERVANDO TUDO, NÃO PÔDE DEIXAR DE RIR TAMBÉM. "VOCÊ SEMPRE NOS SURPREENDE, DONA LÉIA. NUNCA PENSEI QUE UMA SOPA PUDESSE FAZER TUDO ISSO!"

 

E ASSIM, A VELHA BRUXA CONTINUOU A COMER SUA SOPA, CADA VEZ MAIS MARAVILHADA COM AS NOVAS VISÕES QUE SURGIAM. A FLORESTA, AGORA, PARECIA UM LUGAR CHEIO DE CORES E SEGREDOS QUE SÓ ELA PODIA VER.

 

E, DESDE AQUELE DIA, SEMPRE QUE A FOME ESPECIAL BATIA, BRUXA LELÉ DA CABEÇA SABIA EXATAMENTE O QUE FAZER. E ENQUANTO ELA RIA E SE DELICIAVA COM SUA SOPA DE OLHOS DE SAPO, A FLORESTA INTEIRA SE ENCANTAVA COM SUAS HISTÓRIAS E VISÕES.

 

E ASSIM, ENTRE RISOS E ENCANTOS, A VIDA NA FLORESTA NUNCA MAIS FOI A MESMA. AFINAL, COM UMA BRUXA TÃO LELÉ E GULOSA, QUEM PODERIA PREVER O QUE VIRIA A SEGUIR?

 

 

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 15/07/2024
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