NA PACATA CIDADE DE MATÃO, ONDE AS HISTÓRIAS CORRIAM DE BOCA EM BOCA, MORAVA UMA MOCINHA ATREVIDA CHAMADA MARIA CHIQUINHA. DE OLHOS VIVOS E CABELO PRESO EM DUAS TRANÇAS, MARIA CHIQUINHA ERA CONHECIDA POR SUA DETERMINAÇÃO E TEIMOSIA. ELA SE APAIXONOU PERDIDAMENTE POR NHÔ JOAQUIM, O DONO DA QUITANDA. NHÔ JOAQUIM, UM MOÇO CHARMOSO, MAGRINHO E BONACHÃO, NÃO CONSEGUIA ACREDITAR QUE HAVIA CONQUISTADO O CORACÃO DA BELA MOCINHA.
O PAI DE MARIA CHIQUINHA, O VELHO FRANCISCO, ERA UM HOMEM TURRÃO, SEMPRE COM UM VIOLÃO NAS MÃOS. ELE NÃO APROVAVA O ROMANCE ENTRE SUA FILHA E NHÔ JOAQUIM, ACHANDO QUE O QUITANDEIRO ERA MUITO VELHO PARA ELA. MAS MARIA CHIQUINHA, TEIMOSA QUE SÓ, RESOLVEU QUE IA SE CASAR COM NHÔ JOAQUIM DE QUALQUER MANEIRA.
FOI NUMA TARDE ENSOLARADA QUE A DECISÃO SE CONCRETIZOU. MARIA CHIQUINHA, NHÔ JOAQUIM, E TODA A POPULAÇÃO DE MATÃO SE REUNIRAM NA IGREJINHA DA CIDADE PARA O CASAMENTO. A FESTA ESTAVA ANIMADA, COM AS SENHORAS FOFOCANDO, AS CRIANÇAS CORRENDO E O PADRE JÁ ESPERANDO NA PORTA.
FRANCISCO, QUE NÃO QUERIA SABER DESSE CASAMENTO, APARECEU NA IGREJA TOCANDO SEU VIOLÃO, CANTANDO ALTO E DESAFINADO. A MÚSICA QUE ELE TOCAVA ERA MAIS UMA ALGAZARRA DO QUE QUALQUER OUTRA COISA, E O PADRE FICOU FURIOSO.
“FRANCISCO, PELO AMOR DE DEUS, CALA ESSA VIOLA!”, GRITOU O PADRE, TENTANDO MANTER A ORDEM.
MAS FRANCISCO, DOIDO PARA ATRAPALHAR O CASAMENTO, CONTINUOU TOCANDO E CANTANDO, FAZENDO A MAIOR BAGUNÇA.
“É HOJE QUE EU NÃO DEIXO MINHA FILHA SE CASAR COM ESSE QUITANDEIRO!”, ESBRAVEJOU FRANCISCO.
NHÔ JOAQUIM, JÁ SUANDO FRIO, TENTAVA ACALMAR MARIA CHIQUINHA, QUE ESTAVA PRESTES A DAR UM CHILIQUE. O POVO, VENDO AQUELA CONFUSÃO, COMEÇOU A RIR E APLAUDIR A AUDÁCIA DE FRANCISCO.
FOI ENTÃO QUE ALGUÉM TEVE A BRILHANTE IDEIA DE CHAMAR O DELEGADO DA CIDADE, O SEU ARNALDO, UM HOMEM SÉRIO E DE POUCAS PALAVRAS.
“SEU DELEGADO, O FRANCISCO ESTÁ CAUSANDO A MAIOR BADERNA NA IGREJA! LEVA ELE PARA A CADEIA!”, GRITOU UMA SENHORA DO FUNDO DA IGREJA.
SEU ARNALDO, COM SEU CHAPÉU DE PALHA E BIGODE GROSSO, ENTROU NA IGREJA E FOI DIRETO FALAR COM FRANCISCO.
“Ô FRANCISCO, VAMOS PARAR COM ESSA BAGUNÇA AÍ, SENÃO VAI TER QUE PASSAR A NOITE NA PRISÃO!”, DISSE O DELEGADO COM FIRMEZA.
FRANCISCO, TEIMOSO COMO UMA MULA, NÃO DEU OUVIDOS E CONTINUOU A TOCAR SEU VIOLÃO. SEM OUTRA ESCOLHA, O DELEGADO PEGOU FRANCISCO PELO BRAÇO E O LEVOU PARA A DELEGACIA.
MARIA CHIQUINHA, VENDO O PAI SER LEVADO EMBORA, FICOU CALMA. O PADRE, AINDA NERVOSO, LIMPOU A GARGANTA E COMEÇOU A CERIMÔNIA.
“VAMOS LOGO COM ISSO ANTES QUE MAIS ALGUÉM RESOLVA APRONTAR!”, DISSE O PADRE, APRESSADO.
E ASSIM, ENTRE RISOS E COCHICHOS, MARIA CHIQUINHA E NHÔ JOAQUIM FINALMENTE SE CASARAM. O POVO DE MATÃO NUNCA MAIS SE ESQUECEU DAQUELE CASAMENTO TUMULTUADO E DIVERTIDO. E FRANCISCO, MESMO NA CADEIA, CONTINUOU TOCANDO SEU VIOLÃO, SÓ QUE AGORA PARA OS COLEGAS DE CELA, QUE APRECIAVAM SUA MÚSICA DESAFINADA.
E FOI ASSIM QUE O AMOR DE MARIA CHIQUINHA VENCEU A TEIMOSIA DO PAI FRANCISCO E A CIDADE DE MATÃO GANHOU UMA NOVA HISTÓRIA PARA CONTAR POR MUITOS DIAS, MESES E ANOS.