NA ALDEIA DOS XAVANTES, VIVIA UM PEQUENO CURUMIM CHAMADO CARA-PÁLIDA. ELE RECEBEU ESSE NOME DEVIDO À SUA PELE CLARA, QUE CONTRASTAVA COM A DOS OUTROS MEMBROS DA TRIBO. CARA-PÁLIDA, ERA CONHECIDO POR SUA CURIOSIDADE INSACIÁVEL E SEU ESPÍRITO AVENTUREIRO, SEMPRE DESBRAVANDO A MATA PRÓXIMA À ALDEIA EM BUSCA DE NOVAS DESCOBERTAS.

 

CARA-PÁLIDA, TINHA OLHOS BRILHANTES E UMA RISADA CONTAGIANTE. SEMPRE CORRIA COM OS OUTROS MENINOS, SUBINDO EM ÁRVORES E BRINCANDO NAS ÁGUAS DOS RIOS. ELE ERA ÁGIL, RÁPIDO E TINHA UM AMOR PROFUNDO PELA NATUREZA QUE O RODEAVA.

 

 CARA-PÁLIDA, NÃO SE AFASTE MUITO DA ALDEIA! — ALERTOU SUA MÃE, PREOCUPADA.

 

— NÃO SE PREOCUPE, MÃE! EU CONHEÇO ESSA MATA COMO A PALMA DA MINHA MÃO — RESPONDEU O MENINO, SORRINDO ENQUANTO CORRIA PARA A FLORESTA.

 

UM DIA, AO SE AVENTURAR MAIS FUNDO NA MATA DO QUE DE COSTUME, CARA-PÁLIDA ENCONTROU UMA CLAREIRA ILUMINADA PELO SOL. NO CENTRO, HAVIA UM VELHO FEITICEIRO, DE CABELOS BRANCOS E OLHOS PROFUNDOS, QUE PARECIA ESTAR ESPERANDO POR ELE.

 

— QUEM É VOCÊ, MENINO? — PERGUNTOU O FEITICEIRO COM UMA VOZ ROUCA.

 

— EU SOU CARA-PÁLIDA, DA ALDEIA DOS XAVANTES. E VOCÊ, QUEM É? — RESPONDEU O CURUMIM, COM A CURIOSIDADE BRILHANDO NOS OLHOS.

 

— SOU UM GUARDIÃO DA FLORESTA. DIZEM QUE VOCÊ É MUITO CORAJOSO PARA UM MENINO TÃO PEQUENO. MAS CUIDADO, A CURIOSIDADE PODE SER PERIGOSA — ADVERTIU O FEITICEIRO.

 

DESPREOCUPADO, CARA-PÁLIDA CONTINUOU A EXPLORAR A CLAREIRA, MAS AO TENTAR TOCAR EM UMA PLANTA ESTRANHA, UMA FUMAÇA DENSA O ENVOLVEU. O FEITICEIRO MURMUROU PALAVRAS ANTIGAS, E CARA-PÁLIDA SENTIU SEU CORPO COMEÇAR A MUDAR.

- O QUE ESTÁ ACONTECENDO? — GRITOU CARA-PÁLIDA, ASSUSTADO.

 

— VOCÊ FOI LONGE DEMAIS, PEQUENO CURUMIM. AGORA VIVERÁ COMO UM GUARDIÃO DA FLORESTA — DISSE O FEITICEIRO, COM UM OLHAR TRISTE.

 

QUANDO A FUMAÇA SE DISSIPOU, CARA-PÁLIDA HAVIA DESAPARECIDO. NO SEU LUGAR, UMA CIGARRA POUSAVA SOBRE UMA FOLHA.

 

COMO CIGARRA, CARA-PÁLIDA CONSERVOU SUA ESSÊNCIA CURIOSA E AVENTUREIRA. SUAS ASAS BRILHAVAM À LUZ DO SOL, E ELE CANTAVA COM UMA MELODIA QUE RESSOAVA POR TODA A FLORESTA. EMBORA NÃO PUDESSE MAIS CORRER COM OS OUTROS MENINOS OU BRINCAR NOS RIOS, ELE SE TORNOU UM GUIA PARA OS PERDIDOS NA MATA, AJUDANDO-OS COM SEU CANTO.

 

OS ANOS PASSARAM, E NA ALDEIA, A HISTÓRIA DE CARA-PÁLIDA SE TRANSFORMOU EM LENDA. AS CRIANÇAS CRESCIAM OUVINDO SOBRE O CURUMIM QUE VIROU CIGARRA E APRENDIAM A RESPEITAR A FLORESTA E SEUS MISTÉRIOS.

 

— CARA-PÁLIDA, VOCÊ ESTÁ FELIZ? — PERGUNTOU O FEITICEIRO, VISITANDO A CLAREIRA ONDE A CIGARRA CANTAVA.

 

— SIM, VELHO GUARDIÃO. EMBORA SINTA FALTA DA ALDEIA, ENCONTREI UM NOVO PROPÓSITO AQUI — RESPONDEU A CIGARRA COM UM CANTO SUAVE.

 

E ASSIM, CARA-PÁLIDA, O CURUMIM QUE VIROU CIGARRA, CONTINUOU A VIVER NA FLORESTA, LEMBRANDO A TODOS SOBRE A IMPORTÂNCIA DA CORAGEM E DO RESPEITO PELA NATUREZA.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 07/07/2024
Código do texto: T8101999
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