ERA UMA VEZ, NO PÂNTANO DA ILHA RAMREE, UM JACARÉ DIFERENTE DE TODOS OS OUTROS. SEU NOME ERA MONJOLO, E ELE TINHA UMA CARACTERÍSTICA BEM PECULIAR: SUA PANÇA ERA AMARELINHA COMO O SOL. ELE ERA CONHECIDO POR SUA PREGUIÇA LENDÁRIA E POR SUA HABILIDADE DE ENCONTRAR A SOMBRA PERFEITA E UMA ÁGUA DE COCO DELICIOSA.

 

MONJOLO PASSAVA OS DIAS DEITADO DE PAPO PARA O AR, APROVEITANDO A BRISA FRESCA DO PÂNTANO. ENQUANTO OS OUTROS JACARÉS NADAVAM E CAÇAVAM, MONJOLO FICAVA DEITADO, SONHANDO COM UM MUNDO ONDE ELE NUNCA PRECISASSE LEVANTAR UM DEDO.

 

UM DIA, ENQUANTO MONJOLO DESCANSAVA SOB UMA PALMEIRA, APARECEU ZUCA, A TARTARUGA MAIS VELHA E SÁBIA DO PÂNTANO.

 

— MONJOLO, VOCÊ PRECISA COMEÇAR A SE MEXER! — DISSE ZUCA COM UM TOM PREOCUPADO. — SE CONTINUAR ASSIM, VAI ACABAR TENDO UM FIM TRISTE.

 

MONJOLO ABRIU UM OLHO, COÇOU A BARRIGA AMARELA E RESPONDEU:

 

— AH, ZUCA, QUAL É O PROBLEMA EM RELAXAR UM POUCO? A VIDA É CURTA DEMAIS PARA FICAR PREOCUPADO.

 

ZUCA SUSPIROU E SACUDIU A CABEÇA.

 

— RELAXAR É BOM, MAS EXAGERAR NÃO. SE VOCÊ NÃO SE CUIDAR, VAI ACABAR VIRANDO UMA BELÍSSIMA BOLSA DE MADAME!

 

MONJOLO RIU ALTO, BALANÇANDO A BARRIGA.

 

— BOLSA DE MADAME? ESSA FOI BOA, ZUCA! EU SOU MUITO ESPERTO PARA CAIR NUMA DESSAS.

 

ENQUANTO MONJOLO RIA, OUTRO MORADOR DO PÂNTANO, TICO, O LAGARTO ÁGIL, PULOU EM UM GALHO PRÓXIMO.

 

— EI, MONJOLO! — GRITOU TICO. — TEM UM RUMOR DE QUE OS HUMANOS ESTÃO CADA VEZ MAIS INTERESSADOS EM JACARÉS PREGUIÇOSOS COMO VOCÊ. DIZEM QUE A PELE AMARELA É MUITO VALIOSA.

 

MONJOLO, AINDA RINDO, RESPONDEU:

 

— DEIXA DE SER EXAGERADO, TICO. EU SOU RÁPIDO QUANDO PRECISO SER. ALÉM DISSO, QUEM RESISTIRIA A ESTA MINHA PANÇA AMARELA?

 

TICO E ZUCA TROCARAM OLHARES PREOCUPADOS, MAS SABIAM QUE CONVENCER MONJOLO SERIA DIFÍCIL.

 

ALGUNS DIAS SE PASSARAM E MONJOLO CONTINUAVA COM SUA ROTINA PREGUIÇOSA. CERTA MANHÃ, ENQUANTO ELE DORMIA PROFUNDAMENTE, OUVIU UM BARULHO ESTRANHO. ERAM OS CAÇADORES! MONJOLO ABRIU OS OLHOS, MAS ESTAVA TÃO RELAXADO QUE NÃO CONSEGUIA SE MOVER RÁPIDO O SUFICIENTE.

 

— MONJOLO, CORRA! — GRITOU ZUCA.

 

TICO SALTAVA DE GALHO EM GALHO, TENTANDO ATRAIR A ATENÇÃO DOS CAÇADORES, MAS ELES ESTAVAM DETERMINADOS.

 

MONJOLO, FINALMENTE PERCEBENDO O PERIGO, TENTOU SE LEVANTAR, MAS SUA BARRIGA AMARELA O IMPEDIA DE SE MOVER COM AGILIDADE. OS CAÇADORES SE APROXIMAVAM CADA VEZ MAIS, E MONJOLO COMEÇOU A SUAR FRIO.

 

DE REPENTE, UMA IDEIA BRILHANTE PASSOU POR SUA CABEÇA. ELE LEMBROU-SE DE UMA CAVERNA SUBMERSA NO PÂNTANO, ONDE COSTUMAVA SE ESCONDER QUANDO ERA FILHOTE. COM UM ESFORÇO MONUMENTAL, MONJOLO CONSEGUIU SE ARRASTAR ATÉ A CAVERNA E SE ESCONDER.

 

OS CAÇADORES PROCURARAM POR UM TEMPO, MAS NÃO CONSEGUIRAM ENCONTRAR MONJOLO. CANSADOS, FORAM EMBORA, DEIXANDO O PÂNTANO EM PAZ.

 

ZUCA E TICO CORRERAM ATÉ A CAVERNA, ALIVIADOS AO VER QUE MONJOLO ESTAVA A SALVO.

 

— EU AVISEI QUE A PREGUIÇA PODERIA SER PERIGOSA! — DISSE ZUCA, AINDA OFEGANTE.

 

MONJOLO, RESPIRANDO PESADAMENTE, RESPONDEU:

 

— VOCÊS ESTAVAM CERTOS. PROMETO QUE VOU ME MOVER MAIS E PARAR DE SER TÃO PREGUIÇOSO. NÃO QUERO ACABAR COMO UMA BOLSA DE MADAME!

 

TICO RIU E DEU UM TAPINHA NA CABEÇA DE MONJOLO.

 

— ISSO MESMO, MONJOLO. AGORA VAMOS CELEBRAR COM UMA ÁGUA DE COCO. MAS DESTA VEZ, VOCÊ VAI TER QUE BUSCAR!

 

E ASSIM, MONJOLO APRENDEU A LIÇÃO. ELE AINDA AMAVA SUAS SOMBRAS E SUA ÁGUA DE COCO, MAS AGORA SABIA A IMPORTÂNCIA DE SE MEXER E SE MANTER ATIVO. E SEMPRE QUE ALGUÉM NO PÂNTANO FICAVA PREGUIÇOSO DEMAIS, ZUCA E TICO CONTAVAM A HISTÓRIA DO JACARÉ DA PANÇA AMARELA, QUE QUASE VIROU UMA BOLSA DE MADAME, MAS CONSEGUIU MUDAR A TEMPO.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 22/06/2024
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