NA PEQUENA CIDADE DE VILA DAS NUVENS, HAVIA UMA ANTIGA LENDA SOBRE UM ESPELHO MISTERIOSO QUE POSSUÍA PODERES MÁGICOS. DIZIAM QUE ELE PODIA APRISIONAR QUALQUER PESSOA EM SEU REFLEXO SE ESTA FOSSE TOCADA PELA NÉVOA MÍSTICA QUE O ENVOLVIA.
SELMA, UMA MOCINHA DE 16 ANOS, ADORAVA OUVIR AS HISTÓRIAS DE SUA AVÓ SOBRE O ESPELHO ENEVOADO. ELA TINHA OLHOS CURIOSOS E UMA IMAGINAÇÃO FÉRTIL, E CADA PALAVRA SOBRE O ESPELHO A FAZIA SONHAR COM AVENTURAS INCRÍVEIS. RICARDO, SEU MELHOR AMIGO, E UM POUCO MAIS VELHO, COMPARTILHAVA DESSA FASCINAÇÃO, MAS COM UMA PREOCUPAÇÃO MAIS MADURA.
UMA TARDE ENSOLARADA, ENQUANTO EXPLORAVAM O SÓTÃO DA CASA DE SELMA, ENCONTRARAM UM ESPELHO COBERTO POR UM PANO VELHO E EMPOEIRADO. SEUS CONTORNOS ERAM ORNAMENTADOS COM FIGURAS DE NUVENS E ESTRELAS.
— SERÁ QUE É O ESPELHO DA LENDA, RICARDO? — PERGUNTOU SELMA, SEUS OLHOS BRILHANDO DE EXCITAÇÃO.
— PODE SER. MAS ACHO MELHOR NÃO MEXERMOS COM ELE, SELMA. VAI QUE A LENDA É VERDADEIRA? — RESPONDEU RICARDO, SEMPRE MAIS CAUTELOSO.
MAS A CURIOSIDADE DE SELMA ERA INSACIÁVEL. ELA PUXOU O PANO, REVELANDO A SUPERFÍCIE LISA E BRILHANTE DO ESPELHO. DE REPENTE, UMA NÉVOA FINA COMEÇOU A EMANAR DO VIDRO, ENVOLVENDO-A.
— SELMA! — GRITOU RICARDO, TENTANDO PUXÁ-LA PARA LONGE DO ESPELHO.
MAS ERA TARDE DEMAIS. A NÉVOA SE CONDENSOU EM VOLTA DELA, E COM UM BRILHO OFUSCANTE, SELMA DESAPARECEU, DEIXANDO APENAS SEU REFLEXO PRESO NO ESPELHO.
RICARDO CAIU DE JOELHOS, DESESPERADO.
— SELMA! ONDE VOCÊ ESTÁ? — GRITOU, SEU CORAÇÃO ACELERADO.
DO OUTRO LADO DO ESPELHO, SELMA PODIA OUVIR RICARDO, MAS SUA VOZ PARECIA DISTANTE E ECOANTE.
— RICARDO! EU ESTOU AQUI! — RESPONDEU ELA, BATENDO NO VIDRO, MAS ELE NÃO PODIA OUVI-LA CLARAMENTE.
DETERMINADO A SALVAR SUA AMIGA, RICARDO LEMBROU-SE DAS HISTÓRIAS DA AVÓ DE SELMA SOBRE COMO O ESPELHO PODIA SER QUEBRADO. ELE SABIA QUE PRECISAVA ENCONTRAR UMA FORMA DE DESFAZER O ENCANTAMENTO. CORREU PARA A CASA DA AVÓ DE SELMA, PROCURANDO POR QUALQUER PISTA.
A AVÓ, DONA CLARA, ESTAVA SENTADA EM SUA CADEIRA DE BALANÇO QUANDO RICARDO CHEGOU, OFEGANTE.
— VOVÓ CLARA, SELMA ESTÁ PRESA NO ESPELHO! COMO PODEMOS SALVÁ-LA? — IMPLOROU ELE.
DONA CLARA FRANZIU A TESTA, PREOCUPADA.
— AH, RICARDO... O ESPELHO ENFEITIÇADO. A ÚNICA MANEIRA DE LIBERTAR ALGUÉM DO ESPELHO É ENCONTRAR O CRISTAL DO AMANHECER, UMA JOIA RARA QUE PODE QUEBRAR QUALQUER FEITIÇO. ELE ESTÁ GUARDADO NA CAVERNA DAS NÉVOAS, ALÉM DA FLORESTA ENCANTADA.
SEM PERDER TEMPO, RICARDO PARTIU EM SUA JORNADA, ENFRENTANDO A FLORESTA DENSA E SOMBRIA. A CADA PASSO, ELE SENTIA O PESO DA RESPONSABILIDADE EM SEUS OMBROS, MAS O PENSAMENTO DE SALVAR SELMA LHE DAVA FORÇA.
APÓS MUITAS HORAS DE CAMINHADA E DESAFIOS, COMO CRUZAR UM RIO TURBULENTO E ENFRENTAR CRIATURAS MÁGICAS DA FLORESTA, RICARDO FINALMENTE CHEGOU À ENTRADA DA CAVERNA DAS NÉVOAS. LÁ DENTRO, ELE ENCONTROU O CRISTAL DO AMANHECER, BRILHANDO COM UMA LUZ SUAVE E RECONFORTANTE.
COM O CRISTAL EM MÃOS, RICARDO VOLTOU APRESSADO PARA A CASA DE SELMA. AO CHEGAR, ELE SEGUROU O CRISTAL DIANTE DO ESPELHO E MURMUROU AS PALAVRAS MÁGICAS QUE A AVÓ DE SELMA HAVIA ENSINADO:
— LUZ DO AMANHECER, QUEBRE ESTE VÉU, LIBERTE A ALMA DE DENTRO DO ESPELHO.
UMA LUZ INTENSA ENVOLVEU O ESPELHO, E A NÉVOA COMEÇOU A SE DISSIPAR. DE REPENTE, SELMA APARECEU, SENDO PUXADA PARA FORA DO ESPELHO. RICARDO A ABRAÇOU FORTEMENTE, LÁGRIMAS DE ALÍVIO ESCORRENDO POR SEU ROSTO.
— SELMA! VOCÊ ESTÁ BEM? — PERGUNTOU ELE, AINDA SEGURANDO-A.
— ESTOU, GRAÇAS A VOCÊ, RICARDO. EU SABIA QUE VOCÊ VIRIA ME SALVAR — DISSE ELA, SORRINDO.
DE VOLTA À NORMALIDADE, SELMA E RICARDO PROMETERAM NUNCA MAIS MEXER COM COISAS DESCONHECIDAS. MAS, NO FUNDO, SABIAM QUE AQUELA AVENTURA OS UNIRA AINDA MAIS. E ENQUANTO CAMINHAVAM DE VOLTA PARA SUAS CASAS, SOB O CÉU ESTRELADO DE VILA DAS NUVENS, SABIAM QUE, NÃO IMPORTA O QUE ACONTECESSE, SEMPRE ESTARIAM LÁ UM PARA O OUTRO, ENFRENTANDO QUALQUER DESAFIO JUNTOS.