A MARRECA CRI-CRI
ERA UMA VEZ, NUM PÂNTANO VERDEJANTE E BARULHENTO, UMA MARRECA CHAMADA ZELDA. ZELDA TINHA UM TOPETE CASTANHO, PEITO PARDO ACINZENTADO E UMA BARRIGA PRETA QUE BRILHAVA AO SOL. COM UM BICO LARANJA E PATAS ROSADAS, ELA ERA FÁCIL DE NOTAR, ESPECIALMENTE COM AQUELE ANEL BRANCO AO REDOR DOS OLHOS. APESAR DE SER UMA BELA MARRECA, ZELDA ERA CONHECIDA NO PÂNTANO COMO CRI-CRI, UM APELIDO QUE GANHOU POR SER ENCRENQUEIRA E FOFOQUEIRA.
CERTA MANHÃ, ZELDA ESTAVA ALISANDO SUAS PENAS AO LADO DO LAGO. ELA OBSERVAVA AS OUTRAS MARRECAS COM OLHOS INVEJOSOS.
— OLHA SÓ AQUELA, COM A ASA TÃO BEM PENTEADA. ACHO QUE ELA DEVE USAR ÓLEO ESPECIAL — MURMUROU ZELDA, CHEIA DE CIÚMES.
ELA SE APROXIMOU DE SUA AMIGA LULU, UMA MARRECA COM UMA PLUMAGEM DOURADA QUE BRILHAVA À LUZ DO SOL.
— LULU, VOCÊ SABIA QUE A GILDA USA ÓLEO ESPECIAL PARA PENTEAR AS PENAS? — SUSSURROU ZELDA, OS OLHOS BRILHANDO DE MALÍCIA.
— NÃO SABIA, CRI-CRI — RESPONDEU LULU, RINDO. — MAS SERÁ QUE ISSO É VERDADE OU SÓ FOFOCA?
ANTES QUE ZELDA PUDESSE RESPONDER, UM BARULHO ESTRANHO VEIO DO MEIO DO PÂNTANO. AS MARRECAS SE OLHARAM, CURIOSAS. UM GRUPO DE PATINHOS ESTAVA EM APUROS, PRESOS EM UM EMARANHADO DE PLANTAS AQUÁTICAS. ZELDA, SEMPRE EM BUSCA DE UMA AVENTURA PARA CONTAR, CORREU ATÉ LÁ.
— NÃO SE PREOCUPEM, PATINHOS, A MARRECA CRI-CRI ESTÁ AQUI PARA SALVAR VOCÊS! — EXCLAMOU ELA, ENQUANTO TENTAVA PUXAR AS PLANTAS.
AS OUTRAS MARRECAS SE APROXIMARAM PARA AJUDAR. ERA UM ESFORÇO EM EQUIPE, E ATÉ MESMO ZELDA SE ESQUECEU DE SUAS FOFOCAS POR UM MOMENTO. APÓS MUITO ESFORÇO, OS PATINHOS FORAM LIBERTADOS E AGRADECERAM A TODAS COM SEUS PIADOS ALEGRES.
— VIU SÓ, LULU? EU SOU UMA HEROÍNA! — DISSE ZELDA, INFLANDO O PEITO COM ORGULHO.
— VOCÊ AJUDOU, SIM, CRI-CRI, MAS TODOS NÓS FIZEMOS ISSO JUNTOS — RESPONDEU LULU, PISCANDO.
ZELDA PAROU PARA PENSAR POR UM INSTANTE. ELA SEMPRE GOSTAVA DE SER O CENTRO DAS ATENÇÕES, MAS NAQUELE MOMENTO PERCEBEU QUE O TRABALHO EM EQUIPE ERA IMPORTANTE.
NAQUELE DIA, ALGO MUDOU EM ZELDA. ELA AINDA GOSTAVA DE UMA BOA FOFOCA, MAS COMEÇOU A VER VALOR NA AMIZADE E NA COOPERAÇÃO. MESMO ASSIM, ELA NÃO RESISTIA EM FAZER COMENTÁRIOS ENGRAÇADOS SOBRE TODOS.
— EI, PESSOAL, SOUBE QUE O PATINHO PEDRO ESTÁ APRENDENDO A NADAR DE COSTAS. SERÁ QUE ELE VAI CONSEGUIR? — BRINCAVA ELA, ENQUANTO TODOS RIAM.
O PÂNTANO NUNCA MAIS FOI O MESMO COM ZELDA, A MARRECA CRI-CRI, EQUILIBRANDO SUAS TRAVESSURAS COM SUA RECÉM-DESCOBERTA BONDADE. E ASSIM, ENTRE RISOS E AVENTURAS, TODOS APRENDERAM A GOSTAR AINDA MAIS DAQUELA ENCRENQUEIRA DE PENAS BRILHANTES.