ERA UMA VEZ, EM UM BOSQUE ENCANTADO, UM ELEFANTINHO CHAMADO GUMERCINDO. GUMERCINDO ERA CONHECIDO POR SEU CORPO GRANDE, SUA LONGA TROMBA E UM GRANDE PAR DE PRESAS. ELE VIVIA FELIZ COM SUA MÃE, DONA ELEONORA, E SEU PAI, SENHOR ELEUTÉRIO.
APESAR DE SER FORTE E CORAJOSO, GUMERCINDO TINHA UM SEGREDO: ELE MORRIA DE MEDO DE RATOS. TODA VEZ QUE UM RATINHO PASSAVA POR PERTO, GUMERCINDO FICAVA PARALISADO DE PAVOR, VIRAVA OS OLHOS E COMEÇAVA A SOLTAR INFINITOS BRAMIDOS ASSUSTADORES.
CERTA MANHÃ, ENQUANTO PASSEAVA PELO BOSQUE COM SUA MÃE, GUMERCINDO OUVIU UM RUÍDO NAS FOLHAS SECAS.
— O QUE FOI ISSO? — PERGUNTOU ELE, COM OS OLHOS ARREGALADOS.
— NÃO SE PREOCUPE, QUERIDO, DEVE SER SÓ O VENTO — RESPONDEU DONA ELEONORA, TENTANDO ACALMÁ-LO.
DE REPENTE, UM RATINHO CINZENTO SAIU CORRENDO DE TRÁS DE UM ARBUSTO. GUMERCINDO, AO VER O PEQUENO INTRUSO, DEU UM SALTO TÃO ALTO QUE QUASE ALCANÇOU OS GALHOS DAS ÁRVORES.
— SOCORRO! — GRITOU GUMERCINDO. — UM RATO! UM RATO!
DONA ELEONORA, SEGURANDO O RISO, DISSE:
— ORA, GUMERCINDO, É SÓ UM RATINHO. ELE É MUITO MENOR DO QUE VOCÊ E NÃO PODE TE MACHUCAR.
MAS GUMERCINDO JÁ ESTAVA FORA DE CONTROLE, SOLTANDO BRAMIDOS TÃO ALTOS QUE ATÉ OS PÁSSAROS VOARAM ASSUSTADOS.
— CALMA, FILHO, NÃO PRECISA TER MEDO — DISSE SENHOR ELEUTÉRIO, CHEGANDO AO LOCAL. — VAMOS ENFRENTAR ISSO JUNTOS.
COM MUITO ESFORÇO, DONA ELEONORA E SENHOR ELEUTÉRIO CONSEGUIRAM ACALMAR GUMERCINDO. ELES DECIDIRAM QUE ERA HORA DE AJUDÁ-LO A SUPERAR SEU MEDO.
NO DIA SEGUINTE, SENHOR ELEUTÉRIO TEVE UMA IDEIA.
— VAMOS PROCURAR O RATINHO E CONVERSAR COM ELE — SUGERIU ELE.
— O QUÊ? FALAR COM UM RATO? — EXCLAMOU GUMERCINDO, QUASE DESMAIANDO DE MEDO.
— SIM, QUERIDO — DISSE DONA ELEONORA, SEGURANDO A TROMBA DE GUMERCINDO. — PODE SER QUE ELE TAMBÉM TENHA MEDO DE VOCÊ.
ASSIM, OS TRÊS PARTIRAM EM BUSCA DO RATINHO. DEPOIS DE UM TEMPO, ENCONTRARAM O PEQUENO ROEDOR ROENDO UMA NOZ.
— OLÁ, PEQUENO AMIGO — DISSE SENHOR ELEUTÉRIO, GENTILMENTE.
O RATINHO, ASSUSTADO, OLHOU PARA OS GRANDES ELEFANTES.
— OLÁ... — RESPONDEU ELE, TREMENDO UM POUCO. — EU ME CHAMO RUFINO. O QUE VOCÊS QUEREM?
— QUEREMOS FAZER AS PAZES — DISSE DONA ELEONORA. — NOSSO FILHO, GUMERCINDO, TEM MUITO MEDO DE VOCÊ.
— MEDO DE MIM? — PERGUNTOU RUFINO, SURPRESO. — MAS EU SOU TÃO PEQUENO!
— E VOCÊ TAMBÉM TEM MEDO DE NÓS? — PERGUNTOU GUMERCINDO, CURIOSO.
— BEM... UM POUCO... — ADMITIU RUFINO. — VOCÊS SÃO TÃO GRANDES E BARULHENTOS.
ENTÃO, GUMERCINDO E RUFINO COMEÇARAM A CONVERSAR. ELES DESCOBRIRAM QUE TINHAM MUITAS COISAS EM COMUM, COMO O AMOR POR AVENTURAS E O GOSTO POR FRUTAS DOCES.
DEPOIS DE ALGUM TEMPO, GUMERCINDO PERCEBEU QUE RUFINO NÃO ERA NADA ASSUSTADOR. NA VERDADE, ELE ERA MUITO DIVERTIDO E TINHA UM ÓTIMO SENSO DE HUMOR.
— SABE, RUFINO, ACHO QUE EU ESTAVA ERRADO SOBRE VOCÊ — DISSE GUMERCINDO, SORRINDO.
— E EU SOBRE VOCÊ, GUMERCINDO — RESPONDEU RUFINO. — ACHO QUE PODEMOS SER AMIGOS.
A PARTIR DAQUELE DIA, GUMERCINDO E RUFINO TORNARAM-SE INSEPARÁVEIS. ELES EXPLORAVAM O BOSQUE JUNTOS, ENFRENTANDO NOVOS DESAFIOS E DESCOBRINDO NOVOS LUGARES. E TODA VEZ QUE ENCONTRAVAM ALGO ASSUSTADOR, ELES RIAM JUNTOS, SABENDO QUE, COM AMIZADE E CORAGEM, PODIAM SUPERAR QUALQUER MEDO.
E ASSIM, O BOSQUE TORNOU-SE UM LUGAR AINDA MAIS ENCANTADO, ONDE UM GRANDE ELEFANTINHO E UM PEQUENO RATINHO MOSTRARAM QUE A VERDADEIRA CORAGEM VEM DO CORAÇÃO E DA AMIZADE.