NA VASTA SAVANA AFRICANA, ONDE O SOL BRILHAVA COM INTENSIDADE E O VENTO SOPRAVA GENTILMENTE, VIVIA MATILDA, UMA GIRAFA MUITO ESPECIAL. COM SUAS LONGAS PERNAS E PESCOÇO COMPRIDO, MATILDA SE DESTACAVA COMO A MAIS ALTA MORADORA DAQUELE LUGAR. COM QUATRO METROS DE ALTURA, ELA PODIA VER TUDO AO SEU REDOR, MAS A SUA VERDADEIRA PAIXÃO ERA UMA SÓ: TIRAR UMA BOA SONECA.

 

UM DIA, ENQUANTO MATILDA RUMINAVA AS FOLHAS DE UMA ACÁCIA, SEUS AMIGOS DA SAVANA COMEÇARAM A SE REUNIR EMBAIXO DELA.

 

— MATILDA, VAMOS BRINCAR DE ESCONDE-ESCONDE? — PERGUNTOU O JOVEM ELEFANTE ZECA, ABANANDO SUAS ENORMES ORELHAS.

 

MATILDA ABRIU UM OLHO PREGUIÇOSAMENTE E RESPONDEU:

 

— ESCONDE-ESCONDE? ISSO DÁ MUITO TRABALHO. ACHO QUE VOU TIRAR UMA SONECA. — E FECHOU O OLHO NOVAMENTE.

 

OS OUTROS ANIMAIS RIRAM, JÁ ACOSTUMADOS COM A PREGUIÇA DE MATILDA.

 

— QUE TAL UMA CORRIDA ATÉ O RIO? — SUGERIU A ZEBRA BIANCA, CHEIA DE ENERGIA.

 

— CORRIDA? OH, NÃO. MINHAS PERNAS SÃO MUITO LONGAS. SÓ DE PENSAR JÁ FICO CANSADA. — DISSE MATILDA, BOCEJANDO.

 

O SURICATO LÉO, SEMPRE CURIOSO, SUBIU EM UMA PEDRA E PERGUNTOU:

 

— MAS MATILDA, POR QUE VOCÊ DORME TANTO?

 

MATILDA OLHOU PARA ELE, PONDERANDO A RESPOSTA.

 

— BEM, LÉO, VOCÊ JÁ VIU UMA GIRAFA CORRENDO? COM ESSAS PERNAS LONGAS, DÁ UM TRABALHO DANADO! E SEM FALAR NO PESCOÇO! — MATILDA MEXEU O PESCOÇO DE UM LADO PARA O OUTRO DRAMATICAMENTE. — É UM ESFORÇO QUE SÓ. POR ISSO, EU PREFIRO ECONOMIZAR MINHA ENERGIA. NUNCA SE SABE QUANDO VAI PRECISAR DELA.

 

OS ANIMAIS RIRAM E COMEÇARAM A SE AFASTAR, VOLTANDO ÀS SUAS BRINCADEIRAS, ENQUANTO MATILDA ENCONTRAVA UMA SOMBRA CONFORTÁVEL PARA TIRAR SUA SONECA. ELA DEITOU-SE GRACIOSAMENTE, ESTICANDO AS PERNAS E ENROLANDO O PESCOÇO.

 

MAS A PAZ DE MATILDA FOI INTERROMPIDA POR UM BARULHO ESTRANHO. ELA ABRIU OS OLHOS E VIU UMA NUVEM DE POEIRA SE APROXIMANDO. ERA UMA MANADA DE GNUS, EM SUA MIGRAÇÃO ANUAL. OS GNUS SEMPRE FAZIAM BARULHO E CAUSAVAM UMA GRANDE CONFUSÃO.

 

— LÁ VAMOS NÓS DE NOVO... — SUSPIROU MATILDA, TENTANDO VOLTAR A DORMIR.

 

NO ENTANTO, A MANADA DE GNUS ERA BARULHENTA DEMAIS. ELES PASSAVAM CORRENDO, LEVANTANDO POEIRA E BALANÇANDO TUDO AO REDOR. MATILDA LEVANTOU-SE DEVAGAR, COM O OLHAR DE QUEM NÃO ESTAVA NADA CONTENTE.

 

— EI, GNUS! VOCÊS SABEM QUE ALGUMAS GIRAFAS ESTÃO TENTANDO DORMIR AQUI? — GRITOU MATILDA.

 

UM DOS GNUS, CHAMADO GUTO, PAROU E OLHOU PARA ELA.

 

— DESCULPE, MATILDA! ESTAMOS ATRASADOS NA NOSSA MIGRAÇÃO. PROMETO QUE VAMOS TENTAR SER MAIS SILENCIOSOS NO PRÓXIMO ANO!

 

MATILDA REVIROU OS OLHOS E VOLTOU A SE SE DEITAR. NO ENTANTO, A POEIRA E O BARULHO CONTINUAVAM TORNANDO IMPOSSÍVEL A SONECA.

 

DEPOIS QUE A MANADA FINALMENTE PASSOU, OS OUTROS ANIMAIS SE APROXIMARAM DE MATILDA NOVAMENTE, RINDO DA SITUAÇÃO.

 

— PARECE QUE A SUA SONECA FOI INTERROMPIDA, MATILDA! — DISSE ZECA.

 

— AH, NEM ME FALE, ZECA. EU SÓ QUERIA UM POUCO DE PAZ E SILÊNCIO. — MATILDA RESPONDEU, COM UM SUSPIRO.

 

— QUE TAL VOCÊ DORMIR À NOITE, COMO TODO MUNDO? — SUGERIU BIANCA.

 

— À NOITE? — MATILDA FEZ UMA CARA DE SURPRESA. — MAS É À NOITE QUE A SAVANA FICA MAIS TRANQUILA PARA PASSEAR. DE DIA É MUITO QUENTE! — E COM ISSO, MATILDA FECHOU OS OLHOS NOVAMENTE, DETERMINADA A TIRAR SUA SONECA.

 

OS ANIMAIS RIRAM E DECIDIRAM DEIXÁ-LA EM PAZ, PELO MENOS POR UM TEMPO. MATILDA, A GIRAFA MAIS ALTA E PREGUIÇOSA DA SAVANA, SABIA QUE, APESAR DE TODOS OS BARULHOS E CONFUSÕES, SEMPRE HAVERIA UM MOMENTO PARA A SUA TÃO AMADA SONECA.

 

E ASSIM, NA TRANQUILIDADE DA SAVANA, MATILDA FINALMENTE CONSEGUIU DORMIR, SONHANDO COM UM MUNDO ONDE TODOS OS ANIMAIS ADORAVAM TIRAR UMA BOA SONECA TANTO QUANTO ELA.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 14/06/2024
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