O PASTEL TAGARELA

ERA UMA VEZ UMA PASTELARIA CHAMADA "DELÍCIAS CROCANTES", ONDE OS PASTÉIS ERAM TÃO FAMOSOS QUE PESSOAS DE TODAS AS PARTES VINHAM PROVAR. ENTRE ESSES PASTÉIS, HAVIA UM ESPECIAL DE PIZZA QUE TODOS AMAVAM: RECHEADO COM QUEIJO DERRETIDO, MOLHO DE TOMATE, E PEDACINHOS DE CALABRESA.

 

UM DIA, UM GAROTO RUIVO E SARDENTO CHAMADO LUCAS ENTROU NA PASTELARIA. ELE ESTAVA COM MUITA FOME E PEDIU UM PASTEL DE PIZZA. QUANDO O PASTEL CHEGOU À MESA, ELE ESTAVA QUENTE E PERFUMADO, O QUEIJO DERRETENDO PELO RECHEIO. LUCAS DEU UMA MORDIDA GRANDE E SORRIU, MAS, DE REPENTE, SEU SORRISO DESAPARECEU. ELE FEZ UMA CARETA E EMPURROU O PASTEL DE PIZZA PARA O LADO.

 

— ECA! TEM UM PEDAÇO DE AZEITONA AQUI! EU NÃO GOSTO DE AZEITONA! — EXCLAMOU LUCAS, AFASTANDO O PASTEL.

 

O PASTEL DE PIZZA FICOU LÁ, SOZINHO E DESPREZADO NA MESA. O TEMPO PASSOU E, DE REPENTE, ALGO ESTRANHO ACONTECEU. O PASTEL DE PIZZA COMEÇOU A FALAR!

 

— OI! EI! EU ESTOU AQUI, SABIA? — DISSE O PASTEL, SE CONTORCENDO UM POUCO NA BANDEJA.

 

LUCAS, QUE ESTAVA PRESTES A SAIR DA PASTELARIA, PAROU DE REPENTE E OLHOU EM VOLTA.

 

— QUEM ESTÁ FALANDO? — PERGUNTOU ELE, CONFUSO.

 

— SOU EU, O PASTEL DE PIZZA! — RESPONDEU O PASTEL, COM UMA VOZ AGUDA E UM POUCO IRRITADA. — POR QUE VOCÊ ME DESPREZOU? EU SOU DELICIOSO, SABIA?

 

LUCAS ARREGALOU OS OLHOS E SE APROXIMOU LENTAMENTE DA MESA.

 

— VOCÊ... VOCÊ PODE FALAR?

 

— CLARO QUE POSSO! — RESPONDEU O PASTEL, REVIRANDO UM PEDACINHO DE QUEIJO. — E TENHO MUITO A DIZER! VOCÊ SABIA QUE EU FUI FEITO COM MUITO CARINHO PELO CHEF? E TUDO POR CAUSA DE UMA MÍSERA AZEITONA, VOCÊ ME DEIXOU AQUI!

 

LUCAS FICOU VERMELHO DE VERGONHA.

 

— EU... EU REALMENTE NÃO GOSTO DE AZEITONA. ME DESCULPE. — DISSE ELE, COÇANDO A CABEÇA.

 

— AH, MENINOS DE HOJE EM DIA! — CONTINUOU O PASTEL, TAGARELANDO SEM PARAR. — NOS MEUS TEMPOS, TODO MUNDO COMIA DE TUDO! NINGUÉM DEIXAVA UM PASTEL TÃO GOSTOSO DE LADO. VOCÊ SABIA QUE EU PODERIA TER SIDO UM PASTEL DE CARNE, OU DE QUEIJO, MAS NÃO, EU SOU UM PASTEL DE PIZZA! SOU ESPECIAL! TENHO PERSONALIDADE!

 

LUCAS, SURPRESO COM A ATITUDE DO PASTEL, COMEÇOU A RIR.

 

— VOCÊ É UM PASTEL MUITO FALADOR, SABIA?

 

— POIS É! — DISSE O PASTEL, INFLANDO DE ORGULHO. — SE NINGUÉM FALA POR NÓS, TEMOS QUE FALAR POR NÓS MESMOS! E VOCÊ DEVIA ME DAR UMA SEGUNDA CHANCE. SÓ TIRE A AZEITONA!

 

LUCAS PENSOU UM POUCO E, COM CUIDADO, TIROU O PEDAÇO DE AZEITONA DE DENTRO DO PASTEL. ELE DEU UMA MORDIDA E, PARA SUA SURPRESA, O PASTEL ESTAVA DELICIOSO.

 

— UAU, VOCÊ ESTAVA CERTO! — DISSE LUCAS, COM A BOCA CHEIA. — VOCÊ É REALMENTE MUITO BOM!

 

— EU DISSE! — EXCLAMOU O PASTEL, COM SATISFAÇÃO. — AGORA, APROVEITE CADA MORDIDA!

 

LUCAS DEVOROU O PASTEL, E QUANDO TERMINOU, OLHOU PARA A MESA. O PASTEL NÃO FALAVA MAIS, MAS ELE PODIA JURAR QUE TINHA VISTO UM SORRISO DE QUEIJO DERRETIDO NO QUE RESTAVA DA MASSA.

 

A PARTIR DAQUELE DIA, LUCAS NUNCA MAIS DEIXOU UM PASTEL DE LADO. E SEMPRE QUE PASSAVA PELA "DELÍCIAS CROCANTES", ELE SE LEMBRAVA DO PASTEL TAGARELA QUE LHE ENSINOU A DAR UMA SEGUNDA CHANCE ÀS COISAS, MESMO QUE TIVESSEM UMA AZEITONA INESPERADA NO MEIO.

Saulo Piva Romero
Enviado por Saulo Piva Romero em 13/06/2024
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