ERA UMA VEZ, EM UMA PEQUENA VILA DE PESCADORES, UM HOMEM CHAMADO JOÃO. ELE ERA UM PESCADOR CORAJOSO, CONHECIDO POR SUA HABILIDADE EM NAVEGAR O MAR E TRAZER OS MELHORES PEIXES PARA A SUA COMUNIDADE. TODAS AS NOITES, JOÃO E SEUS COMPANHEIROS PARTIAM PARA O ALTO MAR, MESMO QUANDO O CÉU ESTAVA ESCURO E SEM ESTRELAS.

 

UMA NOITE, ANTES DE SAIR, SUA ESPOSA, MARIA, O ADVERTIU:

 

— JOÃO, TENHO UM MAU PRESSENTIMENTO SOBRE ESTA NOITE. O MAR ESTÁ MAIS ESCURO DO QUE DE COSTUME. POR FAVOR, NÃO VÁ.

 

MAS JOÃO, COM UM SORRISO CONFIANTE, RESPONDEU:

 

— NÃO SE PREOCUPE, QUERIDA. CONHEÇO O MAR COMO A PALMA DA MINHA MÃO. VOLTAREI ANTES DO AMANHECER COM MUITOS PEIXES.

 

ASSIM, JOÃO E SEUS AMIGOS EMBARCARAM EM SEU BARCO E SE EMBRENHARAM NA ESCURIDÃO DO MAR NEGRO. AS ONDAS BATIAM CONTRA O CASCO DO BARCO, E O SOM DO VENTO ERA ASSUSTADOR. MAS JOÃO MANTINHA A CALMA, GUIANDO SEUS COMPANHEIROS COM SEGURANÇA.

 

ENQUANTO ISSO, NÃO MUITO LONGE DALI, EM UMA FLORESTA ENCANTADA, VIVIA UM JOVEM CARVALHO CHAMADO QUERCUS. QUERCUS SONHAVA EM SER TÃO ALTO QUANTO AS OUTRAS ÁRVORES AO SEU REDOR. TODOS OS DIAS, ELE OLHAVA PARA O CÉU, ADMIRANDO A LUZ DO SOL QUE MAL CONSEGUIA TOCAR SUAS PEQUENAS FOLHAS.

 

— UM DIA, SEREI TÃO GRANDE E FORTE QUANTO VOCÊS — DIZIA QUERCUS PARA AS ÁRVORES MAIS VELHAS.

 

AS ÁRVORES, COM SUAS FOLHAS FARFALHANTES, RESPONDIAM GENTILMENTE:

 

— SEJA PACIENTE, PEQUENO QUERCUS. CRESCER LEVA TEMPO, MAS UM DIA VOCÊ ALCANÇARÁ O CÉU.

 

NESSA NOITE, ENQUANTO JOÃO NAVEGAVA PELO MAR, UMA TEMPESTADE FEROZ COMEÇOU A SE FORMAR. AS ONDAS FICARAM GIGANTESCAS, E O BARCO FOI ARREMESSADO DE UM LADO PARA O OUTRO. JOÃO E SEUS AMIGOS LUTAVAM PARA MANTER O CONTROLE, MAS A FORÇA DA NATUREZA ERA IMPLACÁVEL.

 

DE REPENTE, UM RELÂMPAGO CORTOU O CÉU, E O BARCO FOI LANÇADO CONTRA UMA ROCHA OCULTA NAS ÁGUAS. JOÃO FOI JOGADO AO MAR E, ANTES DE PERDER OS SENTIDOS, VIU UMA LUZ BRILHANTE EM MEIO À TEMPESTADE.

 

QUANDO ACORDOU, JOÃO SE VIU EM UMA PRAIA DESCONHECIDA, CERCADO POR ÁRVORES ALTAS E MAJESTOSAS. NO CENTRO, HAVIA UM JOVEM CARVALHO, ILUMINADO PELA LUZ DO AMANHECER. JOÃO SE APROXIMOU E, PARA SUA SURPRESA, OUVIU UMA VOZ SUAVE:

 

— OLÁ, VIAJANTE. SOU QUERCUS. VOCÊ ESTÁ EM MINHA FLORESTA.

 

JOÃO, AINDA ATORDOADO, RESPONDEU:

 

— ONDE ESTOU? COMO VIM PARAR AQUI?

 

QUERCUS EXPLICOU:

 

— VOCÊ FOI TRAZIDO PELA TEMPESTADE ATÉ MINHA FLORESTA. AQUI, VOCÊ ESTÁ SEGURO. AS ÁRVORES MAIS VELHAS E EU CUIDAREMOS DE VOCÊ.

 

NOS DIAS SEGUINTES, JOÃO RECUPEROU SUAS FORÇAS, ABRIGADO SOB A PROTEÇÃO DAS ÁRVORES. ELE CONVERSAVA COM QUERCUS TODOS OS DIAS, CONTANDO HISTÓRIAS DE SUAS AVENTURAS NO MAR E OUVINDO OS SONHOS DO JOVEM CARVALHO DE CRESCER ALTO E FORTE.

 

— SABE, QUERCUS, MINHA ESPOSA SEMPRE ME DIZ PARA OUVIR OS SINAIS DA NATUREZA. TALVEZ EU DEVESSE TER ESCUTADO SEUS AVISOS — DISSE JOÃO.

 

— TODOS NÓS APRENDEMOS COM NOSSAS EXPERIÊNCIAS, JOÃO. O IMPORTANTE É QUE AGORA VOCÊ ESTÁ SEGURO E PODE VOLTAR PARA SUA FAMÍLIA — RESPONDEU QUERCUS.

 

FINALMENTE, UMA MANHÃ, JOÃO VIU UM BARCO AO LONGE. ERA SEU BARCO, MILAGROSAMENTE INTACTO E LEVADO ATÉ ALI PELAS CORRENTES. COM A AJUDA DAS ÁRVORES, ELE CONSEGUIU CONSERTÁ-LO E PREPARAR-SE PARA VOLTAR PARA CASA.

 

ANTES DE PARTIR, JOÃO PROMETEU A QUERCUS:

 

— VOLTAREI PARA VISITÁ-LO, MEU AMIGO. E UM DIA, VEREI VOCÊ TÃO ALTO QUANTO AS OUTRAS ÁRVORES.

 

QUERCUS SORRIU, SUAS FOLHAS BRILHANDO À LUZ DO SOL:

 

— ESPERAREI, JOÃO. QUE OS VENTOS O LEVEM COM SEGURANÇA PARA CASA.

 

JOÃO NAVEGOU DE VOLTA PARA SUA VILA, ONDE FOI RECEBIDO COM ALEGRIA POR MARIA E SEUS AMIGOS. ELE CONTOU A TODOS SOBRE SUA AVENTURA E O JOVEM CARVALHO QUE O AJUDOU.

 

E ASSIM, JOÃO APRENDEU A OUVIR MAIS ATENTAMENTE OS SINAIS DA NATUREZA, ENQUANTO QUERCUS CONTINUOU A CRESCER, DIA APÓS DIA, SONHANDO COM O MOMENTO EM QUE VERIA SEU AMIGO NOVAMENTE. E AMBOS VIVERAM FELIZES, CONECTADOS PELA AMIZADE E PELAS LIÇÕES QUE COMPARTILHARAM.