GATIKAT: A ORIGEM DA LUA
GATIKAT
A ORIGEM DA LUA
Encantado com a beleza de uma jovem índia da aldeia Matetamâe da Serra Morena, Inapey enamorou-se dela. Todas as noites ele se disfarçava e ia ao encontro da sua amada, que estava akapeab – reclusa em ritual de passagem. Inapey, com astúcias, se aproveitava da pureza e inocência daquela menina. Ela, apaixonada, não via claramente o rosto do rapaz, não conseguia identificá-lo. Guardando segredo, não contava isso a ninguém da sua aldeia. Estava cada dia mais apaixonada por aquele rapaz misterioso.
A moça pensava: - Meu amor não está sendo sincero comigo. Quem é este estranho que flechou o meu coração? Preciso saber. Não posso perguntar a ninguém... Pensou, pensou e, finalmente, encontrou um jeito de descobrir quem era aquele que se negava a revelar-se... Preparou uma tintura de jenipapo e a guardou em segredo. Pensou: - Hoje desvendo este mistério!
Quando, à noite, o jovem chegou à sua maloquinha, com galanteios, fazendo-lhe carinho; ela o recebeu com alegria e, bem discreta, sem que ele percebesse, pintou uma marca com jenipapo no rosto dele.
No dia seguinte, bem cedo, aquela jovem apaixonada contou à sua mãe tudo o que lhe havia acontecido e pediu que ela encontrasse o homem misterioso a quem ela havia pintado o rosto com jenipapo. Seria ele o seu tio Makur - o prometido?
Algo terrível é descoberto: - aquele jovem misterioso era Inapey - o seu próprio irmão.
Aquela jovem, decepcionada e triste, sofreu muito, e suas lágrimas comoveram o deus Wurá que, para castigar aquele jovem o transformou em lua – a Gatikat, e a colocou à sombra do sol – sem brilho próprio. É por isso que, ao olhar para o céu, a gente vê a lua sempre distante; muitas vezes escondida entre nuvens e tem, em sua face, a marca de jenipapo pintada por Tasso Ptá – a jovem índia que ainda chora todas as noites de lua cheia.
Geraldo Gabliel
(Lenda Indígena da Amazônia - um dos contos que se encontra no livro Uiterè... que será publicado em breve - autor: Geraldo Gabliel).
Cacoal RO 02 de maio de 2024.