A formiguinha, e companhia.
No mundo das ilusões, ali perto,
vivia um grupinho de bicharocos bem animados.
As cigarras, a minhocas, os ratinhos, pintassilgos ,
pica-paus , esquilos, enfim uma infinidade de bicharada.
Ah! e não poderiam faltar as formiguinhas.
Era verão, no horizonte se perscrutava a névoa do calorão,
estavam todos á sombra...ops,
- Parem.- gritou a coruja lá do alto, vocês torram na areia quente.
-Pois, pois, -retorquiram, mas quando chover temos que armazenar
muita comida para ficar-mos bem protegidas nas nossas tocas.
E lá continuaram na sua azáfama.
Entretanto ali perto, na beira do riacho, grunhia uma pequena tartaruga ferida numa patinha.
Ouviu-se ' o sibilar de uma cobrinha tentando chamar a atenção com a sua guizalha,'
-Corram , acudam a carapaça atigelada, referindo-se á tartaruga.
Os gaios grasnaram de tanto nervosismo, afinal ninguém mexia uma palha
para socorrer a pobre bichinha.
Enfim , no fim de tanta algazarra lá se decidiu
mover-se o ouriço que roncava de tanta excitação para acudir o seu congénere.
Mas nada feito, a tartaruga estava de patas para o ar e
o ouricinho por muito que fincasse na escarpa da ladeira, não conseguia mover o carapaça.
As formiguinhas vieram em auxilio, fizeram um cordão embicharado unindo-se
e lá tiraram a tartaruguinha de apuros.
Chamaram o pica-pau para este remover com o seu bico percutor
o emaranhado de arames que se enrolaram na sua patinha.
Os gafanhotos ziziavam de alegria, as rãs coachavam ente si.
-Boa, afinal somos todos amigos uns dos outros.
E o resto da tarde foi uma sinfonia de chilrear da passarada dos sibilar da víboras, uma algazarra.
Bem... o verão terminou, os ninhos foram abandonados, os migrantes rumaram
aos lugares quentes para fugirem dos rigores do inverno.
Os sons da floresta voltou ao seu normal.
A tartaruguinha agradecida pela ajuda de seus amigos,
reconhecida por terem salvo sua vida.
As formigas cortadeiras tem os seus ninhos abastecidos,
ficam nas suas cavernas tratando das juniores, até ao próximo ano.
O solitário ouriço ainda deambula procurando uma companheira,
este ano não procriou, está irritado, procurou ajudar toda a gente
que se esqueceu de si próprio, a gralha, sempre gozona, rematou.
- E agora que estava a gostar de toda esta azafama e confusão,
está tudo nas suas vidinhas e eu não tenho ninguém para arrazoar.
E assim foi, o inverno veio, com o frio já esperado e normal,
a primavera veio e se foi, o verão acabou por chegar
e todos foram felizes na floresta... como sempre foi.