FRAGMENTO DO LIVRO “LÁGRIMAS DE ÍSIS”

“Juliana posicionou-se sobre as pétalas. O vento fazia sua saia esvoaçante dançar por si só. O véu, também branco, com diminutas gotas prateadas, esparsas, era tocado pelo vento e cintilava ao reflexo dos últimos raios de sol. Atrás dela, as ondas do mar calmo, bailavam na superfície azul. O pôr do sol pintava o céu de rosa e laranja. Emanava um cheiro morno de natureza, que enchia de vitalidade os pulmões dos gêmeos. Uns últimos pássaros cantavam despedindo-se de mais um dia. O contraste entre o céu e Juliana fazia com que ela parecesse evanescente. Parecia que ela ia desfazer-se no ar. Juliano captava com sua câmera, cada detalhe de seu corpo perfeito. Sua silhueta em frente ao horizonte colorido e esfumaçado por vapores longínquos, trazia a Juliano recordações de outras eras, de outras vidas, lembranças sutis que doíam fundo em seu peito. Seu coração era todo amor. Poderia morrer pela irmã. E Juliana dançava... Ele trocaria a eternidade pelo seu amor. Por que aquele anjo, dançando alegre na areia branca, com o corpo banhado pelo sol que se punha, tão sílfide, tão etérea, feita de sonho, tinha que ser sua irmãzinha?! Sua irmãzinha gêmea! Que dor sem fim! Juliano não conseguia conter as lágrimas. Como amava sua irmã! Como sofria por não poder tê-la! Como doía-lhe na alma esse sentimento!

- Meu Deus, - chorava – me perdoa... me perdoa, meu Deus, por amar tanto minha própria irmã... me perdoa por desejá-la assim...”