- X -

Dr. Stevenson - BunkerLab

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Capítulo VIII: Mike e Charles salvam Bruno de um ataque misterioso.

Capítulo IX: Bruno se junta ao ritual de ‘corpo fechado’.

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

 

Mike me enviou um 'recado mental', pedindo para encontrá-lo na Sala Branca com os demais.

 

Depois daquele ritual, ando tendo sonhos estranhos com os demais membros do grupo. Parece até que estamos treinando durante o sono. Na maioria dos casos, é Mike quem dá as aulas.

 

Artemísia já deu aulas de controle de voo e projeção da consciência para outros locais. Após algum tempo, até mesmo Charles já ministrou aulas sobre como sentir os objetos como fazendo parte do seu campo e movimentá-los com a mente. Mônica nos ensinou como nos autocurar e curar os colegas, desde técnicas de imposição das mãos até o uso de ervas e cristais.

 

Eu... bem, eu continuo sendo aluno.

 

Quando nos encontramos fisicamente na Sala Branca, senti que Mike queria nos levar realmente para outro local. Mas que desejava fazer isso fisicamente.

 

— Não poderíamos ter ido para lá em sonho? — Questionei.

 

Mike sorriu e me respondeu dizendo:

 

— Onde vamos é um local blindado para desdobradores e seres espirituais. Apenas pessoas de carne e osso podem chegar lá.

 

Entramos no carro dele e fomos ao parque. Ele nos instruiu:

 

— Basta seguir pelo corredor entre as duas estátuas, antes da curva para chegar ao banheiro público há um enorme espelho. Lá é o portal de entrada. Venham comigo. Vai ser mais fácil.

 

O grupo foi seguindo Mike e essa parte com espelhos já me deixou nauseado, confuso. Parecia que aquele corredor tinha quatro saídas possíveis e a posição dos espelhos deixava a mente um tanto confusa com aquele fractal de reflexos infinitos. Mais um passo e entramos no local.

 

Segurei-me em Monica. Perdi o equilíbrio e um calafrio tomou o meu corpo. Ela me sustentou e falou:

 

— Calma, docinho. Primeira vez é assim mesmo. A gente fica de pernas bambas.

 

Mike explicou dizendo que o prédio era cercado por uma carga elétrica específica que blindava o local. Apenas aqueles com a marca de Uriel ou que estivessem acompanhados de alguém com a marca poderiam entrar. Estávamos no BunkerLab, uma mistura de bunker subterrâneo com laboratório.

 

O hall de entrada parecia vazio, apenas com um globo metálico suspenso no teto. Mike acenou a esmo e uma das pesadas portas metálicas se abriu. Nessa outra sala, pude reconhecer o Dr. Stevenson e sua equipe. O ambiente parecia ter saído de uma cena de ficção científica: máquinas complexas, luzes, tubos coloridos e telas com indicadores e escrita que eu ignorava completamente.

 

Mike me aproximou do Dr. Stevenson e falou:

 

— Este é o rapaz que foi atacado no ombro. A amostra veio dele.

 

Stevenson pôs um capacete e me apontou um dispositivo que era uma mistura de tablet com a empunhadura de uma arma, aproximando-o do meu ombro.

 

— Sim, sim. A assinatura bioenergética é condizente. Isso aumenta bastante a precisão do resultado.

 

— Então aquilo não foi um sonho? — Eu preferia acreditar que a minha casa era segura, que entidades espirituais ou psíquicas não tivessem a habilidade de transitar livremente por ela.

 

— Não mesmo. Você foi atacado por um soldado psíquico com tecnologia de plasmagem zeta. — O doutor foi categórico.

 

— Tenho certeza de que ele deve ter vindo no último esquadrão que ficou instalado na Base Militar Integrada. Com a cessão de uso do governo brasileiro aos norte-americanos, sabe-se lá quem mais veio infiltrado com eles.

 

Fiquei com cara de paisagem observando os dois conversarem.

 

— Quer perguntar algo? — inquiriu Mike.

 

— Não… minha voz saiu vazia. Tinha a impressão que não entenderia de qualquer maneira o que iriam explicar, ou talvez realmente não fizesse questão de saber.

 

Algo na minha mente se recusava a acreditar em toda aquela loucura. Mesmo tendo passado e vivido tudo o que presenciei, havia algo que me fazia negar, como se fosse um ceticismo extremo no qual eu me agarrava para sentir alguma segurança no mundo real, material.

 

Stevenson e Mike se entreolharam. Stevenson falou:

 

— A programação paradigmática está profundamente enraizada nele. Nem o ritual de retificação resolveu a situação.

 

Mike complementou:

 

— O que me deixa mais assustado é que nem as aulas que temos durante os desdobramentos astrais estão ajudando.

 

A essa altura, um outro cientista já havia chamado os demais do meu grupo para um outro local, ficando apenas o doutor, eu e Mike conversando na sala.

 

— O que você precisa para crer, saber para entender o que está acontecendo?

 

Respondi, do fundo do meu coração:

 

— Não consigo assimilar que estejamos a tanto tempo convivendo com o “espiritual” sem termos sequer uma comprovação física disso! Toquei na mesa e complementei — sei que isso é real. Sinto o calor do fogo, vejo a lâmpada da sala. Por que algumas pessoas veriam e outras não essas entidades? Realmente, isso não faz sentido para mim…

 

Stevenson e Mike se entreolharam mais uma vez. Mike sussurrou:

 

— Já usei tudo o que tinha. Agora é com você, doutor!

 

O doutor sorriu e se aproximou:

 

— Partículas Virtuais. Segundo a mecânica quântica, vários tipos de partículas pululam no vácuo quântico. Fomos capazes de detectar os fótons porque eles não têm massa. Assim, é necessário relativamente pouca energia para excitá-los e tirá-los do estado virtual. Em princípio, pode-se criar outras partículas do vácuo, como elétrons e prótons, mas isso vai exigir um bocado mais de energia. Levando-se em consideração a Teoria das Supercordas, em que se é necessário dez dimensões espaciais mais o tempo para a expressão completa integrando a mecânica quântica com gravidade, isso pode ser um sinal dessas outras dimensões, que existem junto com as quatro dimensões que estamos acostumados. Daí, no nosso estado atual de conhecimento, chamaríamos essas dimensões extras vulgarmente de “mundo espiritual”.

 

— Mas como isso afetaria o mundo real?

 

— Tudo que vemos é resultante dos fótons que chegam aos nossos olhos. Tudo o que tocamos é interação de afastamento mútuo entre nuvens eletrônicas que são interpretadas por nossos nervos táteis. Se essas partículas são intercambiáveis entre essas dimensões, e a nossa mente funciona por estímulos elétricos, esses elétrons podem alterar o funcionamento cerebral, permitindo alguns indivíduos perceber coisas que os outros não conseguem. Também deve-se levar em consideração o fator genético e os padrões peculiares de funcionamento neural de cada indivíduo, mas essa é uma outra conversa.

 

Sinceramente, fiquei mais confuso ainda. O doutor, vendo meu olhar perdido de quem não entendeu absolutamente nada, suspirou e falou.

 

— Vou ter que apelar então. – Pegou o capacete que estava numa mesinha ao lado complementou – Esse capacete estimula certas áreas do cérebro humano. Existe uma área específica chamada de “PONTO DE DEUS” no cérebro, uma área nos lobos temporais que nos faz buscar um significado e valores para nossas vidas. É uma área ligada à experiência espiritual. Vou configurar o capacete para estimular essa sua área.

 

Ele me entregou o objeto. Fiquei relutante em pô-lo, mas o encaixei na cabeça mesmo assim.

 

Então, eu não precisei mais de argumentos. Eu apenas senti. Não há razão, não são informações. Apenas é. Aquilo foi um tipo de conexão que nunca senti na minha vida! Eu finalmente aceitei.

 

< Anterior || Próximo>

 

Manassés Abreu
Enviado por Manassés Abreu em 12/03/2024
Reeditado em 03/04/2024
Código do texto: T8018038
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.