Vermelho Efêmero
— Calor, né?
— Quê? — respondeu o objeto vermelho.
— Sim, calor. Depois que colocaram essas chaminés no prédio, o clima ficou bem mais quente.
— É sério isso? Ouvi um Leão falar?
— Espera aí, — irritado — eu não sou um simples Leão, olhe esses detalhes na minha juba, — todo orgulhoso — fui criado por um mestre artesão, olhe minhas garras, poderosas, poderiam te rasgar facilmente.
— Eu realmente devo estar no fim da minha vida, minha efêmera vida.
O Leão responde:
— Como assim? O que é efêmera?
— Curta, Leão, curta! — o objeto demonstrando sinais de irritação — Você não entenderia isso. Há quantos anos você foi esculpido?
— Ah! Faz mais de 200 anos, — um pouco triste — eu sempre estive aqui, não me recordo muito mais do que isso. Tenho memórias — coça a garganta — efêmeras.
— Você parece um pouco triste sobre isso — o Leão balança a cabeça sinalizando que sim — posso te contar um pouco da minha vida?
— Talvez… — o leão abanou o rabo como um cão feliz.
— Nasci num prédio, como esse, talvez até seja esse aqui, com inúmeras iguais a mim. Uma pessoa me comprou e, logo em seguida estava caminhando pelo parque. Me encheu de ar e comecei a flutuar. Vi muitas crianças felizes, com sorrisos graciosos. Uma se aproximou e me agarrou. Nunca me senti tão bem ao ver o sorriso daquela criança; mas logo um vento encheu os olhos dela de lágrimas e eu voei. Me senti livre, sem rumo e sem destino; até chegar aqui e um Leão de pedra me perguntar se está calor…
— Que história lind… — Poof!