- VIII -
Ataque
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Capítulo VI: Bruno e Mônica se encontram. Bruno questiona sobre a natureza angelical de Uriel.
Capítulo VII: Bruno e Artemísia conversam sobre o mundo espiritual. Algo muda em Bruno.
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No caminho de volta para casa, ainda me sentia estranho. Sabe quando se está jogando vídeo game e você controla um boneco andando pelo cenário? Era essa a sensação. Havia algo deslocado. Eu não era eu, ou não estava encaixado no meu corpo.
A minha sorte era que eu não estava dirigindo. Entrei no prédio onde moro e passei pelo porteiro ainda no piloto automático.
Não estava bem. Tudo estava vívido demais. O ar tinha formas e se movia como algo semitransparente. Para completar, sentia algo me seguindo.
Coloquei o buque de flores que comprei para Mônica em cima da mesa. Fui ao banheiro passar uma água no rosto. Minha cabeça estava latejando. Me olhei no espelho, arregalei os olhos e dei alguns tapas leves na minha cara. O que diabos estava acontecendo?
Parecia que algo estava sugando toda a minha energia. Tudo o que eu queria era me deitar. Tomei um remédio para dor de cabeça e me joguei na cama. Acho que apaguei.
Quando acordei, me assustei quando vi aquele ser feito de lama negra e olhos vermelhos que lembravam uma mistura de aranha ou polvo com um formato humanoide montado em cima de mim. Seus tentáculos estavam conectados ao meu corpo, sugando algo dele.
Eu estava paralisado, aqueles olhos vermelhos faiscavam de prazer ao ver o meu medo.
Mentalmente, chamava por qualquer ajuda que fosse: Deus, os santos, os anjos. Mas, como se estivesse dentro da minha mente, aquilo ria e me respondia com tom sarcástico:
“Até hoje nunca vi deus ou seus anjos intervirem em meus atos. De nada adianta invoca-los! ”
Meu coração acelerava cada vez mais, parecia que podia explodir a qualquer instante. Um lampejo de esperança apareceu quando me lembrei de Uriel e de Mike. Pensei neles e gritei mentalmente por ajuda.
No mesmo instante, a criatura mudou de posição e ficou mais atenta. Um pouco mais na defensiva.
Numa fração de segundos, um ser em um uniforme militar com uma máscara de caveira invadiu o meu quarto. Ao seu lado, um rapaz com o corpo coberto por um tipo de energia, que mais pareciam cargas elétricas circulando o seu corpo investiram contra o ser de aspecto lamoso.
Aquela criatura que mais lembrava um polvo saiu de cima de mim após uma saraivada de tiros e de descargas elétricas vinda dos dois. Eu mesmo senti o choque e fui jogado longe, para o lado oposto.
Flashes de luz, palavras de ordem. Meus poucos móveis eram lançados de um lado para outro. Um outro grito de dor e a criatura sumiu.
Levantei-me lentamente, apoiando-me na cama. Esfreguei os olhos e reconheci quem estava ali no meu quarto: Mike, no uniforme militar, e Charles, com uma quantidade bem menor de relâmpagos o circundando agora.
- Você está bem, Bruno? – Mike falou enquanto retirava a máscara de caveira.
- Sim, sim. - Sentei-me na cama, ainda zonzo. Algo no meu ombro esquerdo doía bastante.
- Isso não foi um espírito ou um demônio. – Mike continuou. – Isso foi um ataque de algum soldado psíquico com o apoio de algum tipo de tecnologia...
Charles estava com um sorriso estranho no corpo. Olhei para ele e perguntei:
- O que houve?
Ainda sorrindo, ele respondeu:
- Não imaginava que isso era possível! Finalmente estou controlando ‘esses poderes’ e está sendo útil! – olhando para suas mãos.
Meu ombro ainda doía, não sei se foi a dor de ter sido lançado contra a parede ou se foi outra coisa.
Mike viu o meu ferimento, se aproximou e, usando uma espécie de ventosa tecnológica de vidro, sugou um pequeno espinho etéreo, que sumiu no ar assim que foi coletado.
- Vamos analisar esse tipo de assinatura energética. Isso é denso demais para ser algo feito por um desencarnado.
Eu ainda estava meio zonzo, me perguntado se aquilo era real ou não. Mike tocou meu ombro ferido, uma luz esverdeada e dourada saiu da sua mão e a dor passou. Perguntei para ele se aquilo tudo foi real.
- O que é real para você? – sorriu – melhor descansar um pouco. Logo, logo teremos que reunir. Vou levar esse material para o laboratório e depois vamos ver o que vamos fazer.
Dei graças à Deus a presença deles ali comigo. Mike me respondeu telepaticamente:
“Te falei que seria melhor estar conosco que sozinho.”
Encostei na cama e dormi quase que instantaneamente. Quando acordei novamente, olhei ao redor e vi os móveis revirados. Nada de Mike ou Charles. A porta estava trancada por dentro.
O buquê de flores para Mônica estava no chão. Depois do que passei, tudo o que eu queria era estar perto dela, relaxar um pouco e esquecer aquela loucura toda.