SONHO... "LITERÁRIO" !
UM SONHO... "LITERÁRIO" !
"Os sonhos não são sonhos /
pra quem quer realizar..."
"NATO" AZEVEDO (trecho de blues)
Nesse momento escrevo a 1 hora do domingo pós-Finados e nem se trata de insônia... anoto para não esquecer as imagens fugazes de mais 1 sonho. Já virou "ladainha": quase tudo o que escrevo é "produto" de sonhos ! Deveria eu admitir, portanto, que os contos podem nem ser realmente MEUS, alguém os "assopraria" para esse mero "robô de carne e osso". Deu azar o tal "espírito", não tenho a menor intenção de dividir com ninguém as imagens e estórias que nascem no cerebelo anestesiado por Morpheu, ou seja lá quem fôr. Escrevo no verso de mais uma página de tese, esta sobre um certo POP's, programas operacionais... da CELPA, aliás, REDE, aliás, Equatorial. Rabisco esses 'pensamentos" à luz de velas, por culpa delas, perfazendo já 6 ANOS numa escuridão de enlouquecer qualquer cristão.
Mas, vamos ao tal sonho, antes que os parcos leitores me abandonem: já me vejo num casarão antigo muito longo, escadaria de mármore, no hall lotado há jovens brancos todos de guarda-pó branco. (Explico: era espécie de paletó longo, "capote", aquela roupa ainda utilizada por médicos e enfermeiras. Nos anos 1920/30 eram de uso geral, por estudantes e pessoas do comércio.)
Adentro o prédio à procura de Machado de Assis, que faleceu em 1900 e poucos, salvo engano, mas sonhos desafiam qualquer lógica. No hall, o único negro é rapaz baixo e forte, vestido como trapezista ou malabarista, roupa justa no corpo atlético... protesta em altos brados contra discriminação, mas a boca não se mexe, coisas dos sonhos, os meus pelo menos. (Pronto, avanço para a segunda página, onde preciso findar esta descrição.)
Agora o sonho me posta no final de longa avenida, toda arborizada, a tal Academia no final dela, com Machado de pé, em frente ao prédio. Porto toalhinha de plástico (haveria tal tipo de plástico naquela época ?!) e um livro velho, dos 1800 e pouco, que traz crônica onde a tal toalha fôra usada num piquenique. Pretendo entregá-los ao 'Bruxo do Cosme Velho" que, por vezes, apelido de "do Catete"... é quase a mesma coisa, são bairros "siameses".
Num salto no tempo, já estou de novo no tal prédio, agora "caçando" nas salas o famoso escritor. Abro uma delas: na escuridão reinante, carteiras com alunos silenciosos e o professor "meio acuado" num canto, no vértice da salona centenária. Nem sombra de Machado de Assis em lugar algum... um branquelo comprido, cabeçudo -- a lembrar o escritor e professor da UFPA Abílio Pacheco -- alerta: o mestre não recebe originais para prefaciar, não adianta insistir. E tem razão... "tropeço" num canto do corredor extenso, de madeira nobre, com envelope dos Correios aberto, com manuscrito de um jovem cujo nome não recordo. Traz a capa belamente desenhada com "giz de cera", "crayon" na época, agora bastão, que só crianças usam.
Lamento o destino do trabalho do rapaz e me vejo nele, sem conseguir entregar ao "Machadão" o livro raro com texto dele sobre um piquenique, no qual a tal toalhinha teria sido usada. Assim findou meu sonho e este escrito, 2 páginas exatas, com a curiosa sensação de que haveria mais, se eu não tivesse acordado. Portanto, voltarei a dormir !
"NATO" AZEVEDO (em 5/nov. 2023, 2hs)
OBS: não deu certo ! Me vi pilotando aeronave supermoderna e, adiante, num shopping antigo muito movimentado, em local que parecia ser o "toillette", num corredor estreito. (anotação feita às 5,30hs)