- III -

Charles

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Capítulo I:  Bruno e Mônica se conhecem. Bruno sofre um acidente e recebe um estranho convite e atende ao chamado.

Capítulo II: Bruno e Mônica se reeencontram. Bruno ainda tenta aprender a como utilizar suas novas habilidades.

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
 

Os olhos arregalados do rapaz transmitiam agitação, medo e insegurança. O cartão em seu bolso exibia a palavra “CHARLES”. Ele olhava para os cantos erraticamente. Era o tipo de sujeito que, na minha concepção, era um forte candidato a uma vaga no sanatório.

 

Rapaz, franzino, roupas modestas quase um maltrapilho, devia ter no máximo com uns dezessete, dezoito anos, rosto magro, braços cruzados, parecia um animal encurralado, embora fosse branco e de olhos claros, não diria que ele era um privilegiado.

 

Eu perdi o início da fala dele, mas enfim...

 

- Então, eu não controlo isso! As coisas simplesmente voam ao meu redor! Fui expulso de casa porque ninguém da minha família aguenta mais. Uma dessas pedras voou e bateu direto na testa da minha mãe. Já quase derrubei uma parede jogando o meu padrasto contra ela.

 

Ele fez uma pausa, fechou os olhos e respirou profundamente. Bebeu um copo d’água. Dava para ver a sua mão tremer.

 

- Já tentaram de tudo, eu juro: já exorcizaram a casa, a mim e a minha família. Já passei um tempo no sanatório... que foi o pior período da minha vida... já tomei remédios... mas as coisas não param de voar, quebra, queimar, dar curto ou derreter perto de mim. Quando tomava os remédios era pior, pois eu passava o dia com sono mas todos os poucos equipamentos eletrônicos da casa ficavam piscando, ligando e desligando, até queimarem de vez.

 

Arregalei os olhos e observei o entorno. Éramos poucas pessoas ali presentes. Mônica, eu, Charles, outra moça que ainda não sei o nome e um rapaz forte e de óculos escuros sentado próximo à porta. Nada parecia fora do normal até então.

 

- É estranho, porque, assim que eu cheguei aqui, senti um ‘bafo’ algo como se me sufocasse. Ao menos nada saiu voando nem nada queimou até agora.

 

Nesse momento o rapaz de óculos escuros se levantou e sorriu, dizendo:

 

- Minha culpa. Perdão. Minha função aqui é neutralizar capacidades fora de controle e potencialmente perigosas. Você está me dando um trabalhão, Charles!

 

Todos rimos, sem entender se aquilo era verdade ou não, a minha risada foi nervosa mesmo. Afinal, que tipo de circo de horrores era aquele que eu estava me envolvendo?

 

Dava para ver a careca negra daquele homem estava suando muito. O ar-condicionado estava funcionando, mas não sabia se ele era uma daquelas pessoas calorentas. Pude ver o seu crachá de canto “Mike”.

 

- Vou relaxar um pouco. Mas se segurem, que Charles é uma besta selvagem!

 

Apenas me segurei na cadeira. Olhei para Mônica num misto de “sério isso?” e o “o que diabos está acontecendo”. Ela segurou a minha mão e disse apenas que tudo estaria bem.

 

- Um, dois, três... – Mike fazia um esforço tremendo enquanto manipulava algo no ar – Segurem-se!

Bum!

 

Um clarão, um tufão de ar pareciam ter tomado a sala. Cadeiras foram jogadas de um lado para o outro, a energia caiu e voltou novamente, eu parei embaixo de Mônica, atônito, sem saber o que diabos tinha acontecido.

 

Ela sorriu para mim com olhos e falou:

 

- Calma, apressadinho, quem sabe em um outro momento? – riu.

 

Olhei ao redor e vi que todos da sala tinha ido parar em algum outro lugar. Charles se levantou, com a camisa amarrotada e um sorriso amarelo.

 

- Ah... estou me sentindo muito melhor! Desculpa, pessoal!

 

- Eu quero acordar, eu quero acordar! – a outra garota, que até então estava quieta, desandou a chorar.

 

Mike se levantou, pegou o crachá dela onde havia escrito “Artemísia” e o entregou, acalmando-a.

 

< Anterior || Próximo>

 

Observação: Imagem gerada por Inteligência Artificial. Essa pessoa não existe, embora possa probabilisticamente se parecer com alguém real.

 

Manassés Abreu
Enviado por Manassés Abreu em 06/11/2023
Reeditado em 03/04/2024
Código do texto: T7926174
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.