"SENHOR... LEMBRA-SE DE MIM" ?!

"SENHOR... LEMBRA-SE DE MIM" ?!

A estória do sujeito esperto que ilude alguém para poder entrar em algum recinto (e sair depois) que lhe é proibido já rendeu diversas versões... eu mesmo usei da estratégia para narrar as peripécias de brasileiro que atuava com contrabando, no Paraguai. A atual "apelação" (digo, "versão"), esta narrativa desavergonhada e um tanto diferente me veio hoje num sonho, com o mesmo desfecho: uma hora o sujeito "se estrepa", se dá mal, acaba pego ou até preso !

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O severíssimo sultão governava a região arenosa por quase meio século, com "mãos de ferro" e nem aleijado era. Sovina, insensível com relação ao povo humilde, aos beduínos pobres -- dos quais queria distância -- decidiu casar o filho nobre com bela princesa de local distante. Tantos anos no poder lhe permitiram reconhecer seus habitantes todos, duas ou três gerações deles. Quiz impedir a entrada, na festa de casamento do filho, de qualquer "pé rapado" que ousasse desafiar as ordens reais. Naquele evento só quem fosse PARENTE "em algum grau" dos noivos, até porque os "comes e bebes" estavam contados, 1 pratinho para cada convidado, mais 1 taça de bebida, ele não estava ali para encher a barriga de ninguém. Escalou 2 guardas na entrada, qualquer suspeito seria levado até ele, para "averiguação".

-- "Mas, papai, é uma festa, não uma reunião para a guerra... esses soldados na porta vão assustar os convidados. Por favor, reconsidere a decisão" !

Manda quem pode e obedece quem tem juízo.... os seguranças ficaram de prontidão, assustadores os dois. A festa ía animada quando chega um "tampinha" de roupa verde.

-- "Epa, o traje oficial é BRANCO, palhaço, não podes entrar assim" !

Levado ao rei, este já meio porre, "descobriram" que ele era sobrinho de um primo distante do cuidador de camelos de Sua Majestade, "parente" portanto de um convidado. Comeu, bebeu e saiu pouco depois. Não demorou e lá vem outro baixinho, agora de azul, cor suspeita. Conduzido ao rei, explicou que vinha de região onde o azul era a cor dos nobres. Seria afilhado de um irmão do conselheiro-mor da princesa e noiva. Consultada, a moça quiz evitar vexames e assentiu, constrangida. O sujeitinho também não se demorou, tinha reunião urgente. Nem se passou meia hora e surge no portão real elemento de andar estranho e pena de ave-do-paraíso escondendo o rosto. Levaram-no ao rei, que estranhou:

-- "Porque essa pena na cara ?! E esse andar esquisito" ?!

A pena era presente para a princesa e o jeito de andar se explicava por ter batalhado contra infiéis, numa guerra santa. Fôra ferido nas pernas pelas espadas dos cruéis inimigos.

-- "Ooohh, um herói da "JIHAD"... dêem-lhe tudo o que quiser" !

O "perneta", já sem disfarces, comeu à farta e "sumiu" da festa. Menos de uma hora depois lá estava ele na porta do palácio, agora todo "de branco", como manda o figurino. Os guardas o agarram e o arrastam até o rei, esse muito alcoolizado, já quase sem reconhecer coisa alguma.

-- "Veja, Majestade", quem retornou... o "nosso herói", agora sem as pernas de pau, o malandro" !!!

-- "Ilustre Sheik, majestoso Sahib, não sei do que falam, acabo de chegar das terras de Agadir, não sou quem pensam que sou" !

-- "Quem é a figura ?! Esta cara não me é estranha" !

-- "É o tal "PERNETA"... o que lutou contra os infiéis" !

-- Ah, maldito patife... dêem nele cem chibatadas e lhe cortem a cabeça" !

Nisso chega seu secretário particular, o grão-vizir, conselheiro do sultão e lhe cochicha que se trata de Alladdin Bin-Salladin, o pilantra mais "requisitado" pelos nobres do reino. Era ele quem "fornecia" as dançarinas do rei, as melhores, as mais sensuais. O sheik mudou a sentença:

-- "Seja benvindo, meu caro... sirva-se do bom e do melhor" !

-- "Obrigado, SHERIFF, mas amanheci indisposto, me basta 1 xícara de chá de boldo com carqueja" !

Assim findou a estória... quem quiser que conte outra !

"NATO" AZEVEDO (em 1º/nov. 2023, 5hs)