Mundo dos sonhos
Assim que abriu os olhos o jovem percebeu que já havia amanhecido, entretanto permanecia sonhando. Por mais que o local parecia tremendamente real, o rapaz estava em um sono profundo, que irá durar por horas e horas até o seu despertar.
O rapaz então segue caminhando pelo mundo dos sonhos e com estranheza percebe que este mundo assemelha-se muito com o mundo real ou o “mundo desperto” conforme o chamam. Sua pele está pálida, sua visão turva e seus pensamentos embaraçados. Não existem espelhos nem relógios no mundo dos sonhos. Os animais o observam e o rapaz percebe tamanho julgamento e desprezo que cai sobre ele.
Após todos esses ocorridos, o jovem sonhador retornou até o local onde havia “despertado”. O local em questão era uma montanha, com o pico mais alto no mundo dos sonhos. A montanha alterava sua aparência constantemente. Ora era fria, ora era quente. E isso confundiu o rapaz que por conseguinte acabou caindo em um estranho sono profundo.
Assim que abriu os olhos o jovem percebeu que já havia amanhecido, entretanto permanecia sonhando. O jovem notou algo, notou que estava dormindo novamente, ou seria constantemente? Quanto tempo havia se passado? Quanto tempo ele estava preso no mundo dos sonhos? E se ele não sair nunca mais?
Foi então em meio a muitos questionamentos que o jovem adormeceu novamente, caindo num longo e demorado sono profundo.
Assim que abriu os olhos o jovem percebeu que… Percebeu o que mesmo? Já não havia mais sentido, apesar de que ele estava preso. Sem saber quanto tempo passou ou quanto ainda lhe resta. Não havia espaço-tempo no mundo dos sonhos, não havia sentido, ele mesmo não existia ali. Ele era um intruso. Ele era sonhador. Ele era um acorrentado dos sonhos.
Assim que abriu os olhos o jovem percebeu que já havia amanhecido, entretanto o mundo dos sonhos não era real, nada é verdadeiramente real. O jovem louco correu até os animais que o julgavam e os questionou. Questionou o porquê dele estar ali. Questionou o motivo dele não poder acordar. E os animais nada disseram, já que não havia o que dizer.
Assim que abriu os olhos o jovem os arrancou, pois não sentia mais a dor, afinal ela também não era real. O jovem cego caminha pelos vales, pelos campos e morros do mundo dos sonhos, repetindo a mesma frase: “O mundo dos sonhos não é real”. Foi então que o jovem caiu, e continuou caindo até o infinito. Enquanto caía o jovem foi novamente se perdendo no interminável sono profundo.
Quanto mais o jovem tentava escapar do mundo dos sonhos, mais ele permanecia dormindo de modo que sua sanidade já estava completamente corroída.
Assim que abriu os olhos o jovem percebeu que já havia amanhecido, entretanto permanecia sonhando. Sonhando como nunca havia sonhado antes, os animais já estavam fundidos com as árvores, as montanhas haviam derretido e transformaram-se em grandes lagos. O céu inverteu seus papéis com os campos e agora ambos trabalham trocados. E o jovem dormia e acordava, com um grande sorriso, pois não possuía mais esperanças.
Estranhamente o jovem não sentiu mais sono no mundo dos sonhos, e isso o fez mais incomum do que já estava. Os animais-árvores agora voam pelos campos voadores, os grandes lagos-montanha espalharam-se pelos céus terrestres. O mundo dos sonhos está entrando em colapso, está rachando, cedendo.
O jovem permanece imóvel, suas pupilas dilatam, seus ossos quebram, duplicam e partem-se ao mesmo tempo. Os animais-árvores agora pastam uns nos outros cometendo canibalismo. Os céus terrestres e os lagos-montanha agora tornaram-se um grande oceano, que corrói tudo à sua volta. O rasgo do mundo dos sonhos se expande, e mais uma vez o jovem sente sono. Porém seu sono é diferente.
Assim que abriu os olhos o jovem percebeu que já havia amanhecido. Notou então que seu mundo era real, sem sonhos. Foi então que decidiu verificar seu pulso para que pudesse ver as horas em seu relógio. O conteúdo daquele pequeno objeto mudou a vida do jovem. Não por estar atrasado ou ser tarde da noite. Foi por sua estranheza. As horas presentes no relógio eram: 01100001 01100011 01101111 01110010 01100100 01100101 00001010
Então o jovem percebeu que… permanecia sonhando, e que ele não havia deixado o mundo dos sonhos.