Lendas da Amazônia em um nó de histórias
Era uma vez, uma noite de lua cheia, uma menina indígena chamada Naiá e uma floresta imensa. Foi lá que tudo aconteceu.
No meio da mata de igapó, na beira do rio, Naiá olhava para o céu, pois sabia que quando a lua se escondia atrás das montanhas ela levava as moças para virarem estrelas. Ela também sabia que muitas se transformavam em vitórias-régias, mas confiava que com ela seria diferente. Naiá queria ser uma estrela.
Naiá estava tão concentrada olhando para o céu que nem notou alguém se aproximando dela, todo vestido de branco e usando um grande chapéu. Também não reparou que o chapéu escondia um buraquinho que havia na cabeça do misterioso vulto. Logo que viu a aparição bela e elegante, Naiá se encantou. E não achou esquisito o nariz muito pontudo do boto cor-de-rosa que se fazia passar por alguém tão encantador que só queria levar mocinhas bonitas para o fundo do rio.
Naiá já estava se deixando encantar quando uma jovenzinha muito baixinha, de cabelos avermelhados chegou feito uma rajada de vento que passava dentro da mata e espantou o boto e tudo que havia por perto. Só não espantou Naiá, que logo reconheceu a Caipora, habitante da mata e protetora dos animais. Com a mesma ligeireza que surgiu, a Caipora desapareceu deixando para trás um redemoinho de vento.
Naiá ainda estava espavorida frente a tanta confusão quando no meio do redemoinho surgiu um menino de uma perna só usando um capuz vermelho e assoviando uma melodia estridente. Ela nunca tinha visto um saci e ficou aborrecida porque não tinha por perto uma peneira, que era a única maneira de prender o malandrinho. Mas ele sumiu na noite enquanto outro assovio sibilou forte. Naiá sabia bem quem era: Matinta Perera. Todos sabiam que Matinta Perera era uma bruxa velha transformada em pássaro, incomodando com seu canto até que alguém lhe faça um favor. Naiá não queria fazer favor pra ela. Naiá queria mesmo era ser uma estrela.
E, mesmo sem perceber, naquela noite em meio a muitos deslumbramentos à sua volta, ela já era uma estrela entre tantas outras indígenas que amam as matas e florestas do Brasil.
Você também é uma estrela?