O Guerreiro e o dragão I (Piloto)
O Reino de Frau estava quase todo devastado. Fumaça das chamas misturada com as queimaduras causadas pelo ácido do Dragão Absinto que corroeu estruturas, animais e pessoas da capital. As sobreviventes são conduzidas pelas amazonas aos abrigos subterrâneos do palácio. E estas guerreiras lutam desesperadamente para derrotar o inimigo invasor sob o comando da jovem capitã da guarda Marion.
Absinto está sobre o muro e contempla a devastação que tem causado juntamente com o exército infernal do Rei da Escuridão que agora é nada mais, nada menos que um vassalo de Dunkelheit, o dragão das chamas negras, renascido. O dragão esverdeado vê Marion com o seu destacamento derrotando as criaturas. Ele abre suas asas e, em um vôo rasante, ruge lançando o seu ácido corrosivo.
- Cuidado! Protejam-se! Alerta Marion que se esconde atrás de uma casa para não ser atingida pelo ácido.
A mesma sorte não tem algumas de suas companheiras que são atingidas e morrem corroídas diante dos olhos da capitã da guarda. Algumas foram atingidas diretamente pelo ácido enquanto outras, em vão, tentaram proteger-se com seus escudos. Marion sai do seu abrigo e vê algumas de suas subordinadas agonizando em gritos de dor e pavor enquanto são flageladas pelo ácido. Ela é a única a estar de pé. Não havia nada que ela pudesse fazer, suas companheiras de armas estavam perdidas.
Ela segura com força o escudo e a espada e, com a cabeça baixa seus olhos derramam lágrimas desvelando um medo misturado com frustração e raiva, pois estava não somente vendo o poderoso das amazonas sendo consumido em um dia, mas todo o reino, seu lar, ser devastado por criaturas malignas. Naquele momento ela olha em volta e nota que tinha uma pequena menina escondida atrás de um barril abraçando um coelho de pano. Ela ouve os choros da criança.
Marion vai até ela e, agachando, diz:
- Ei, você está bem? Onde está sua mãe?
- Eu não sei, estou com medo! Eu quero minha mãe!
- Venha comigo! Vou te levar para um lugar seguro.
Mal terminara de proferir estas palavras, ela ouve um forte vento e uma sombra que cobre o lugar. Depois um barulho e um imenso tremor. Absinto havia pousado e caminha lentamente em direção de Marion e da criança.
- Eu sei onde você está jovem amazona. Posso sentir seu cheiro. Cheiro de medo. Posso ouvir sua respiração e seu coração quase sair pela boca. Não escapará de mim. Nem você, nem ninguém. Vou devorar sua carne e de todas aquelas que sobreviveram.
O coração de Marion dispara e a criança mais apavorada, começa a chorar.
- Não chore querida. Olhe para mim! Olhe para mim! Preciso que seja corajosa. Eu vou distrair o dragão e você fuja pela rua em direção ao palácio para abrigar-se tudo bem?
- Eu não consigo! Estou com muito medo!
- Consegue! Eu acredito em você!
- E então jovem amazona? O que será? Virás me enfrentar ou preferes fugir? Vejo que não está sozinha. Sinto cheiro de outra pessoa com você. Sei onde estás escondida.
Absinto solta um rugido ácido que atinge o prédio onde elas estavam escondidas, obrigando-as a fugirem para a rua ficando frente-a-frente com o dragão.
- Ora, ora! Eis aí você com uma pequenina do mesmo sexo em seus braços. Devo dar-lhe os parabéns por ter escapado mais uma vez do meu ataque. Infelizmente, não haverá uma terceira, pois devorarei vocês agora!
O dragão preparou para armar o bote e abocanhá-las. Durante esse instante de tempo, Marion arrazoou surgindo em sua mente uma única possibilidade, a de arremessar a criança para longe das presas do terrível dragão e, quando este a devorasse, a menina poderia fugir e se esconder. A capitã amazona vislumbrou essa cena em sua mente e age, jogando a menina para o lado e usando seu escudo na tentativa inútil defender-se.
Mas, nada aconteceu. O dragão ficou parado olhando em sua direção. Ela olha a menina de joelhos caída. Fica sem entender o que está acontecendo.
- O que houve? Achei que ele fosse atacar. Por que ele está parado olhando para mim?
O que ela não percebeu, mas a menina sim e primeiramente Absinto é que atrás delas está um homem de alta estatura e físico muito forte, segurando uma imensa espada de duas mãos em sua mão direita que repousa sobre suas costas e, em sua mão esquerda, ele segura o cadáver do oficial do exército infernal que cortara longitudinalmente, a saber, a parte superior. A espada tem uns escritos no meio de sua lâmina que estão brilhando em azul.
A menina suspira. Então Marion percebe que há alguém atrás e se vira para ver. Sua reação é de espanto.
- Finalmente um desafio! Até que enfim alguém forte! Já estou cansado de matar “peixes pequenos!” – diz o homem que joga o cadáver próximo ao dragão.
- Como ousa humano, interromper a minha preciosa refeição? – Pergunta Absinto.
- Eu sou aquele que vai duelar com você. – responde olhando firmemente para o dragão.
- Agora eu compreendo! O motivo de o dragão ter interrompido o ataque foi por causa desse homem. Mas, por quê? – Arrazoou Marion.
- Sem dúvidas ele está com a espada do Dragão de Ferro. Posso ver as letras brilhando em azul quando um dragão está próximo. Foi por isso que interrompi o ataque? Ou também por causa daquele que a empunha demonstrar ser uma ameaça? – Arrazoou Absinto. – Muito bem, dizei-me humano como te chamas?
- Ingvaar Thorvaldson, filho de Lars, filho de Haggen, filho de Karl.
- Lars Thorvaldson. Conheci seu pai quando ele esteve na Terra dos Dragões. No tempo em que ele esteve lá, ele matou vários dos meus irmãos. Jurei que quando viesse para este lugarzinho, o mataria pessoalmente.
- Quantos dragões o velho matou? Posso saber?
- Dez.
- Hahahahaah! O velho é incrível! Por mais que eu tente, jamais irei superá-lo!
- Jamais irá superá-lo? De fato seu pai é um grande guerreiro, mas você é muito mais perigoso que ele. Sua aura é de um bárbaro cujo prazer é brandir sua espada temerariamente. Muito mais sinistra que a minha. Eu devo destruí-lo! – disse Absinto.
- O que fazes aqui?! Como saíste da cela? – pergunta Marion surpresa.
- Eu me libertei, pois percebi que precisavam de ajuda. Eu estava certo. Pegue a menina e abriguem-se. – disse Ingvaar.
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